Os Marotos (Livro 1)

Minha vida não é um conto de fadas!

(P.O.V. Remus)

20/03/1974

Contos de fadas trouxa!

Era meio inacreditável que minha mãe me contava essas histórias quando eu era pequeno... E, agora, cá estava eu lendo cada uma delas por vontade própria.

Devo admitir que nunca gostei da história da Bela Adormecida mesmo, para mim, Malévola era a mais injustiçada da história. A Branca de Neve? História esquisita... O cara chega e a beija mesmo estando... morta? Ela não estava morta, mas, mesmo assim, é repugnante! Está aí uma coisa que essas duas histórias tem em comum... Príncipes malucos que gostam de beijar princesas que, aparentemente, estão mortas... Sinceramente, como esse tipo de história é contada para crianças e ninguém vê nada de errado?

Eu até que gosto da história da cachinhos dourados, não é ruim nem boa, só é... tanto faz! Até mesmo bem esquecível.

Chega a ser inacreditável como NINGUÉM num reino inteiro calça o mesmo número que a Cinderela, não é? E se tivesse dado no pé de outra mulher que não fosse ela? Loucura, muita loucura. Ela teria ficado na casa da madrasta até a morte, dela ou daquela mulher asquerosa.

Nem mesmo vou citar João e Maria, porque aquela bruxa claramente era uma megera, e por conta dessa e muitas outras representações assim, os trouxas morrem de medo dos bruxos.

"- Oh! Vovó – disse ela -, que orelhas grandes a senhora tem!

- É para te ouvir melhor, minha criança – foi a resposta.

- Mas, vovó, que olhos grandes a senhora tem! – exclamou ela.

- É para melhor te ver, minha querida.

- Mas, vovó, que mãos grandes a senhora tem!

- É para lhe abraçar melhor.

- Oh! Mas, vovó, que boca terrivelmente grande a senhora tem!

- É para comê-la melhor!"

Por quê? Cacete, por que essa história é contada para crianças? Como é que esse lobo fala? Como é que essa garota confundiu a avó com um LOBO? Não faz sentido nenhum! Nada disso faz sentido e...

- Remmie? – ouvi Six chamar do meu colo.

- Hum?

- Tá fazendo de novo.

- O quê?

- Franzindo a testa e comprimindo os lábios – disse, sorrindo.

- Não percebi que...

- Você nunca percebe! – Ele riu.

- Engraçadinho você, não é?

- Claro, lobinho.

- Você entrou aqui do nada e simplesmente deitou no meu colo sem falar uma única palavra...

- Agora eu não posso fazer algo que eu sempre faço?

- Você sabe que sim. Mas você parece afoito... o que tá acontecendo?

- Não é nada, Rem.

- Six, eu te conheço, você tá escondendo alguma coi...

- Eudeiomeuprimeirobeijo! – ele falou tão rápido que foi praticamente impossível entender.

- Você o quê?

- Eu dei o meu primeiro beijo! – Se era possível ouvir seu próprio coração se quebrando, eu tinha acabado de ouvir o meu.

- C... com quem? – questionei, voltando meu olhar para o livro, não confiava em mim mesmo ao ponto de olhá-lo sem querer chorar.