Amor próprio antes de tudo

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(P.O.V. Lily)

28/09/1975

Eu me afoguei no mundo que eu mesma criei. Pensei estar segura dos perigos, mas não, eles continuaram me perseguindo...

Tentei gritar para que todos ouvissem minha angústia e desespero, mas a minha garganta se fechou novamente e todo o ar dos meus pulmões simplesmente desapareceu numa neblina sufocante.

Eu estou cansada... Muito cansada...

Dói esconder todos os sentimentos embaixo de uma máscara. Fingir que está tudo bem, quando não estou, se tornou um hábito... A mentira se torna corriqueira e apressada.

E é aí que você percebe que descontou tudo na comida... É nesse momento que você está tão exausta e, mesmo assim, ficam falando que você já foi mais bonita... mais magra... É cansativo...

Às vezes eu penso demais... Às vezes eu nem penso... Me sinto completamente culpada por tudo que me acontece. Sim, eu sou paranoica, já não deixei isso claro?

A família inteira acha que está me ajudando, mas não está... Exceto Petúnia, é claro, ela faz questão de pegar onde mais dói e apertar até não dar para suportar mais...

Sinceramente, eu nem sei mais quem eu sou... Só sou uma alma perambulante, que ainda não desistiu..., mas que há qualquer momento pode acabar desistindo, pois cansada e desanimada ela já está e morta nem mesmo se fala sobre isso...

- Evans? – ouvi uma voz atrás de mim.

Merda. Merda. Merda...

- Ah, não... – soltei assim que me virei para trás e vi Potter se aproximando.

Tantas pessoas para chegarem naquele momento e justo ele tinha que chegar... Caraca, vai ser azarada assim no inferno logo!

- Por que tá chorando?

Fiquei quieta, desviando o olhar no mesmo instante.

- Vai embora, eu já te disse um milhão de vezes que não quero sair com você. Não cansa desses joguinhos imbecis?

- Nossa... er... Eu... Eu não ia... er... Será que é tão difícil de acreditar que eu só queira conversar com você? E saber se você tá legal?

- Acho difícil sim, Potter, vindo de você – falei, amargamente.

- Eu realmente só quero conversar, Evans.

- Será que é tão difícil me deixar em paz? – Senti meus olhos se encherem de lágrimas de novo. Droga, eu não podia chorar! Não na frente dele!... – Eu tô num péssimo dia hoje e não tô afim de falar com ninguém!

- Você tá bem? – Continuei o olhando com raiva. – Eu... Bom... Eu percebi que tava... bem tristinha nas aulas...

- Eu... – Tapei meu rosto para evitar que ele me visse naquele estado e me zoasse por isso.

- Evans...?

Por mais que eu não estivesse o olhando, sabia que seus olhos me encaravam.

- Quer que eu... er... chame o Remus pra conversar com você? Eu... Eu chamaria as meninas, mas não posso entrar no dormitório femininos e tal... er..., mas eu posso chamar o... – Ele calou a boca assim que nossos olhos se encontraram.

- Por que se importa?

- O quê?

- Eu não entendo você.

- Ahn?

- Por que tá se importando c... comigo? Não faz sentido!

- Evans, eu me importo com vo...

- Você vive brincando com a minha cara e fazendo pouco caso de mim na frente de todo mundo! E agora... Eu não gosto de você, Potter!

- Eu não... – Ele piscou, aturdido. – Eu... Eu... er... Me desculpa. – Aquilo me pegou desprevenida. – Não sabia que se sentia assim... Eu... Sinto muito, de verdade... Vou chamar o Remus... Tenho certeza que ele vai te ajudar melhor que eu e... É isso, não vou mais te incomodar...

Potter foi em direção à escadaria, mas quando colocou o pé no primeiro degrau, ele estagnou bem ali e, ainda de costas, pronunciou:

- Eu nunca fiz pouco caso de você, Evans... Peço perdão por tê-la feito pensar assim... Me importo, de verdade, com você.... Só queria que soubesse. Se cuida, Evans, e fica bem. O Remus daqui a pouco chega aqui.

Ele subiu correndo e eu fiquei ali quietinha com meus pensamentos, apenas esperando Remus chegar.

Não é porque ele havia sido legal duas vezes comigo, que isso anularia todas as babaquices dele. Não gostava de James Potter..., mas talvez ele não fosse tão ruim quanto eu pensava.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora