O mesmo por mim

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(P.O.V. Mary)

(26/07/1973)

- Six, eu preciso falar com você! – Entrei de uma só vez em seu quarto e me deparei com um Sirius tão pálido que mais parecia um fantasma.

- Ah... O... oi Maryzinha.

- Por Merlin, Six... – Tranquei a porta rapidamente e me sentei na beirada de sua cama.

- Relaxa, tá tudo bem.

- Bem? Se isso é estar bem... eu não quero saber o que é estar mal. – Sirius deu uma risada fraca e apertou com a mão esquerda a própria costela.

- Porra, não me faça rir, dói mais ainda.

- Me diz, como você tá? – Meus olhos percorreram seu corpo todo, conferindo se não havia nada extremamente preocupante.

- Quebrado serve como resposta?

- Serve. – Segurei sua mão e ele sorriu, fraco. - Há quanto tempo você não come? – Ele pensou um pouco.

- Acho que foi ontem. – Arqueei as sobrancelhas. – Talvez tenha sido anteontem.

- Você precisa comer! Não acredito que preciso ficar falando isso! Vou lá na cozinha agora mesmo e...

- Não, agora não. – Senti meu pulso ser segurado. – Não vai parar no meu estômago agora.

- O que ele fez? – Seus olhos desviaram-se dos meus. – Sirius...?

- Níveis. Regras. Blá blá blá. Você sabe como funciona... e... o que você tá fazendo aqui?

- Minha avó tá conversando com a Walburga.

- Ah...

- Já sei! – Ele me olhou, curioso. – Eu vou dar um jeito de tirar daqui!

- Como?

- Falta só um mês e uma semana para as aulas voltarem, não é? – Six assentiu. – A Anastácia vai sair numa viagem pra sei lá aonde com sei lá quem, talvez eu consiga convencer meus pais a irem e de quebra... levarem a Walburga e o Órion, ou seja, nós três estaríamos livres das nossas famílias e estaríamos juntos!

- Eu, você e o Reg... como nos velhos tempos, não?

- Espero que sim.

- Ele também não tá falando com você, não é? – Suspirei. – Seu suspiro já me deu a resposta que eu precisava saber.

- Ele tá tão diferente.... nem parece o mesmo Reg que...

- Que te deu seu primeiro beijo? – Senti minhas bochechas corarem no mesmo segundo.

- Six!

- O quê? – Ele sorriu, cínico.

- Aquilo nem pode ser considerado um beijo.

- Ah, não?

- Calado! Nem mais uma palavra!

- Tá bom. Tá bom.

- Você não falou o que ele fez – voltei o assunto e Sirius respirou fundo.

- Isso. – No momento em que meu irmão levantou a camisa pude ver o roxeado que cobria desde seu abdômen até suas costelas.

- Six...

- Eu tô bem... – Franzi o cenho e ele revirou os olhos. – Você sabe que podia ter sido bem pior.

- O que você "fez" pra merecer isso?

- Eu... respondi o Cygnus durante o jantar de ontem.

- Sirius!

- Ele chamou a Andy de... de uma coisa muito ruim e eu... não consegui conter minha língua.

- Não sei se eu te mato ou se eu te abraço.

- O abraço, por favor. – Ri e o abracei de lado, pegando sua mão direita e fazendo carinho em seu pulso. – Nunca sumiram... – sussurrou.

- São quase imperceptíveis, pelo menos.

- Mary, eu...

- Não precisamos falar disso agora.

- Você ainda se culpa.

Fiquei em silêncio e ele segurou minha mão.

- Não foi sua culpa.

- Eu sei, Six...

- Nunca vou agradecer o suficiente, Maryzinha...

- Não me agradeça, maninho. Você teria feito o mesmo por mim.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora