Retrouvailles

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(P.O.V. Sirius)

...

Não sei exatamente o porquê de eu ter agido daquela forma, mas fiquei revoltado... muito revoltado com tudo e, simplesmente, falei um bando de coisas sem sentido algum.

Realmente a última vez que eu havia bebido tinha dado muito merda, eu estava com raiva, tinha acabado de brigar com o Régulus, então fiz a primeira coisa que veio à minha mente.

Coloquei a capa do James e fui até o local onde o pessoal do sexto e do sétimo ano escondiam as bebidas, peguei algumas garrafas e subi com elas para o dormitório, me tranquei no banheiro e fiquei lá até de noite, quando James começou a esmurrar a porta, e vendo que eu não abriria e nem responderia, ele chamou o Remus para tentar me tirar de lá.

Poucas vezes eu havia visto Remmie ficar tão bravo, só pelo tom assustador de sua voz e a ordem que ele deu para abrir a porta ou... ele a derrubaria em cima de mim, me fizeram abri-la sem pensar duas vezes.

Eu estava muito tonto, tinha acabado de virar a última garrafa de Firewhisky, mas, com muita dificuldade, eu consegui abrir a porta.

Ele ficou três dias sem falar comigo depois de ter cuidado de mim até a ressaca passar, assim que fiquei bem ele me deu um sermão e saiu raivoso, batendo a porta e me deixando ali sozinho para pensar.

No quarto dia, ele deitou na minha cama no meio da madrugada, entrelaçou nossas mãos e perguntou o porquê de eu ter enchido a cara. E quando eu contei, ele obviamente ficou abalado, mas, mesmo assim, deixou claro que eu deveria evitar beber, porque todo problema que acontecia e era demais para minha cabeça estava virando uma desculpa para eu poder beber e esquecer de uma só vez.

Bom... um alcóolatra aos catorze anos, eu deveria ganhar um prêmio por essa conquista magnífica, não? Meus parabéns a mim mesmo, seu grande idiota de merda!

Ah, claro, não devo esquecer também de citar a porra dos sentimentos confusos que eu tinha toda vez que Remus mandava em mim. Minha vontade sempre era de provocá-lo até ele estourar, e por mais que Remmie fosse uma pessoa extremamente calma com a maioria das pessoas, eu parecia conseguir levá-lo ao limite milhões de vezes mais rápido que o habitual.

E toda vez que eu fazia isso... sempre ficava martelando na minha cabeça duas escolhas: Continuar provocando-o? Ou obedecê-lo?

Eu não sabia o que fazer. Como explicar essa situação para alguém sem que a pessoa saiba que eu... Eu o quê, hein? O que eu sou? Nada! Não sou nada!...

Aquela noite que eu havia sentido vontade de beijá-lo?... Fora uma alucinação. Uma loucura. Uma imbecilidade. Nada mais que isso! Aquela vontade nem existia mais...

Eu e Remus somos melhores amigos, assim como Peter e James também são meus melhores amigos, nada além disso!

Eu havia causado mesmo uma discussão boba com Rem só por causa de Firewhisky? Eu era tão babaca a esse ponto de estupidez? Que merda eu tinha feito? Não nos veríamos por semanas e eu resolvera causar a merda de uma discussão no meio do quarto, sendo que segundos antes eu estava de boas deitado no colo dele enquanto recebia cafuné. E pra quê, hein? Só para contrariá-lo? Isso não tinha valido a pena... Pelo menos, não dessa vez...

Desde o momento que saí de perto de James, me isolei em um canto, pensativo... E nem mesmo havia colocado um pingo de bebida na boca...

- Remmie? – chamei ao entrar no quarto.

Merda... O cortinado dele estava fechado, ou seja, é como se tivesse uma placa estendida com letras bem grossas escritas:

"NÃO ME ENCHA O SACO PORQUE EU QUERO LER E FICAR EM PAZ! E PAZ SIGNIFICA ESTAR SOZINHO E EM SILÊNCIO! EM OUTRAS PALAVRAS, LONGE DE QUAISQUER PESSOAS, PRINCIPALMENTE SE ESSAS PESSOAS SÃO MEUS MELHORES AMIGOS BARULHENTOS QUE COMEÇAM COM AS LETRAS: P, J E S! RECADO DADO, MUITO ORIGADO PELA NÃO PERTUBAÇÃO". Para ser sincero, era a cara dele fazer ou falar algo assim.

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora