Conversas interminadas

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(P.O.V. Remus)

(31/07/1973)

Categoricamente o meu problema não era a lua, pelo menos não naquele exato momento, não naquele período. A questão é que quando você tem a sua paixão secreta dormindo ao seu lado, as coisas parecem se complicar bem mais do que você espera, principalmente se tratando dele... a razão de minhas constantes dores de cabeça.

Eu me sentia tão egoísta... Ah, pobre garoto lobisomem, que está completamente caidinho pelo seu melhor amigo! Tão patético... e... tão confuso.

- Quatro e meia da manhã e o Sr. Certinho tá acordado e fora da cama? Que coisa feia, lobinho! – Quase saí correndo ao ouvir sua voz. Minha audição novamente me pregando peças... Como eu não ouvira-o chegando?

- Você veio nas pontas dos pés?

- Sim! – exclamou, sentando-se ao meu lado. – Não me ouviu chegando?

- Não...

- Tô ficando bom nisso, então.

- Eu só não tava prestando atenção. Se eu tivesse...

- Você teria ouvido. Tá bom, Remus John Lupin. – Ele inclinou a cabeça, me observando. – Por que tá acordado?

- Por que você tá?

- Eu perguntei primeiro. – Revirei os olhos e Sirius sorriu. – Hein?

- Não tô conseguindo dormir direito...

- Probleminha peludo? – Assenti.

- Minha cabeça tem doído muito.

- Efeitos colaterais pós-lua cheia?

- Sim e não.

- Como?

- Sim, tem a ver, mas não é... só por causa disso... – Desviei meus olhos dos dele e passei a observar uma formiga, como se fosse a coisa mais interessante do mundo, somente para não ter que olha-lo.

- Quer conversar?

- Não, tô de boa. – Permaneci olhando aquela minúscula criatura, carregando um pedacinho da grama.

- Lobinho...? – Arregalei meus olhos ao sentir os dedos de Sirius tocarem os meus e, no susto, retirei minha mão de perto da dele. – Eu... er... – Ele se levantou. – Eu fiz alguma coisa?

- O quê?

- Nada. – Sirius começou a andar de volta para a Casa MacDonald e eu me levantei, correndo até ele e impedindo sua passagem. – Remus, com licença.

- Six...

- Quê? – questionou, cruzando os braços.

- Eu... Eu... – Cheguei mais perto dele e o abracei, sentindo meu rosto inteiro corar ao sentir seus braços passarem por meus ombros.

- Quer me falar o que tá acontecendo com você? – Me afastei um pouco, apenas para que pudéssemos nos olhar cara a cara.

- Podemos mudar de assunto?

- Não.

- Por quê?

- Porque você tá estranho e eu tô preocupado.

- Eu... Eu não sei o que te dizer.

- A verdade seria uma ótima ideia.

- Aham... – Não. Não seria. O que ele queria que eu dissesse? Então, Six, sabe... é que eu tô apaixonado por você. E, tipo... eu sei que você é um garoto... e eu sei que não deveria sentir isso, mas... eu sinto e...

- Lobinho?

- Hum? – murmurei.

- Você... empalideceu... muito. – Assenti, engolindo a seco.

- Acho que eu vou vomitar... – Sirius arregalou os olhos no mesmo instante.

- Quer que eu vá lá dentro buscar uma água.

- Eu... Não... Eu tô bem.

- Rem...

- Eu... – Respirei fundo. – Eu preciso te contar uma coisa...

- Tem certeza que você não quer o copo de...

- Sirius, eu... – Seus olhos se fixaram em mim e eu travei de novo.

Como se fazia para respirar mesmo? Acho que eu me esqueci de como fazer isso.

- Eu...

- SIRIUS! – o grito de Mary ecoou de dentro da casa.

Eu e Six, sem pensarmos duas vezes, corremos de volta para dentro da casa. Sinceramente, não sabia se estava feliz ou triste por Mary me ter interrompido no meio da frase.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora