Cicatrizes e feridas

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(P.O.V. Sirius)

...

- Duas semanas... – ele disse e suspirou cansado como se buscasse forças para continuar... – Faltava pouco mais de duas semanas... se eu não me engano... pro aniversário de cinco anos de um garotinho sem preocupações que brincava o tempo todo com os outros garotos da sua idade. Ele não tinha responsabilidades e nem medo do que poderia acontecer no futuro.

"Já era tarde da noite do dia Quinze de Fevereiro de 1965, quando a mãe do garoto o levou pra cama depois de um dia longo e cansativo. Com um enorme sorriso no rosto, a mãe deu boa noite pro filho e o deixou ali pra que dormisse tranquilo."

"A janela aberta fazia com que o vento da região entrasse em seu quarto e as cortinas se movimentassem, o refrescando. O clima era tranquilo, mas mal sabia a ingênua criança o que estava por vir."

"Um estrondo se rompeu de onde o menino observava tão atentamente, admirando o belo reflexo que a lua cheia fazia em si, e agora por todo o quarto poderiam se localizar fragmentos da janela. Além dos cacos por todo lado, o garotinho podia ver uma enorme criatura de pelos rajados e focinho tão escuro quanto o breu."

"O animal era assustador e ao mesmo tempo tão fascinante que o garoto não conseguia se mover e apenas olhava o ser que havia aparecido ali tão de repente."

"Era um misto de admiração e medo que paralisavam. Mas não foi só o garoto que reparou não estar mais sozinho, os olhos amarelados da criatura à sua frente o miraram também."

"O garoto esperava que o animal fizesse algo a ele de imediato e o animal esperava que o garoto demonstrasse medo antes de agir, porém nenhum dos dois teve o que esperava... O animal não se moveu e o garoto não se escondeu..."

Remus puxou o ar novamente antes de continuar:

- A criatura parecia admirar a coragem, audácia e burrice do garotinho tão jovem, mas não se demorou muito nisso. Poucos segundos depois já se preparava para atacar o menino, que aguardava o seu fim em total silêncio.

"Ele não gritou de dor, apenas chorou agoniado quando sentiu as garras da criatura perfurarem seu rosto, deixando três enormes cortes em sua face. E novamente o garoto pareceu fascinar o animal, que o observava atentamente em busca do desespero do pequeno."

"A paciência do animal pareceu se esvair quando viu que o menino não demonstraria desespero e em um único golpe, ou melhor dizendo, mordida, ele se vingou. A mordida foi certeira no quadril do lado esquerdo do menino que gritou, perdendo todas as forças que tinha, sentindo seu sangue jorrar e seu corpo ser dilacerado de dentro pra fora por aqueles enormes caninos afiados."

"Os pais do garoto ouviram os gritos e saíram correndo em direção ao quarto, mas já era tarde demais. A criatura ao perceber que tinha sido vista, tentou avançar contra o pai do garoto, que rapidamente usou um feitiço de escudo e repulsão, fazendo com que o enorme animal pulasse pra fora da antiga janela e fugisse... Deixando o garotinho amaldiçoado como forma de vingança ao pai desalmado da criança."

- O que v... você quer dizer com vingança?

- Por que você acha que meu pai me olhava com tanto nojo? – Remus devolveu a pergunta, me fazendo pensar sobre o assunto.

- Eu diria que é porque ele é um... – Não seria muito legal eu falar mal do pai dele agora, certo? – Digamos que seu pai é um tanto quanto convencionalista demais.

- Também, Six. O meu pai desprezava lobisomens, e isso tudo piorou quando ele foi chamado no Ministério por causa do caso de Fenrir Greyback. Meu pai percebeu que ele era um lobisomem, mas ninguém acreditou nele. "Eles merecem nada mais nada menos do que a morte!". Adivinha só quem falou isso, Sirius? Quem falou isso pra um lobisomem, que foi liberado pelo Ministério e depois de alguns dias se vingou, amaldiçoando o filho do homem?

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora