(P.O.V. Remus)
(13/06/1976)
Minha cabeça estava latejando.
Fui abrindo os olhos aos pouquinhos, tentando focar minha visão.
Alguma coisa tinha acontecido... Eu tinha certeza que algo havia acontecido...
Minha perna esquerda estava enfaixada e havia uma... nova cicatriz em meu braço direito...
Foi então que eu vi Prongs sentado no chão, todo encolhido.
- J... James? – Ele olhou para mim e empalideceu mais ainda.
- Remus, o... olha...
- Cadê o Six? – O procurei com o olhar por todos os cantos da enfermaria.
- Eu... er... Eu vou te explicar, ok? Mas primei...
- Onde tá o Sirius, James Potter?
- Remus...
Nada... Eu não conseguia lembrar de nada... James estava estranho demais e Sirius não estava aqui...
- O que aconteceu? – James se levantou e se sentou ao meu lado.
- Remus, ele não teve a intenção de fazer isso, tá? Eu sei que não teve. – Me gelei inteiro.
- Ele...? Tá falando do Six...? – Jay assentiu, trêmulo. – O que ele fez?
- Ele acabou contando num momento de raiva... Ele...
- Fala logo, Prongs!
- Sirius contou como entrar na casa dos gritos pro Snape...
Se era possível você sentir seu coração se quebrando em milhares de pedacinhos e cada um desses pedacinhos te cortarem por dentro como navalhas afiadas, nem mesmo assim eu conseguiria expressar a dor de ouvir aquilo que Jay havia me dito.
- Continue. – James engoliu a seco ao ouvir minha voz sair curta e grossa.
- Snape tentou entrar na casa e...
- Ele...
- Ele tá bem, mas abriu a boca pra Dumbledore. Não se preocupe, já tá tudo resolvido.
- Eu... Eu vou ser expulso?
- Claro que não, Sr. Lupin – ouvi a voz de Dumbledore ao sair da salinha de Madame Pomfrey, juntamente com ela.
- Como não? Senhor, eu... eu coloquei a vida de um aluno em risco! E... ele poderia... Ele...
- Já está tudo resolvido. – Ele se aproximou de mim e repousou a mão em meu ombro. – Às vezes na vida é necessário sabermos aprender a perdoar a nós mesmos, antes de perdoar os outros. Se lembre disso, Sr. Lupin. Tenha um bom descanso, sua vaga continua intacta, assim como os serviços de monitoramento...
- Não quero. Não quero mais ficar aqui e nem quero ser mais monitor!...
- Descanse, meu jovem. Descanse e pense com a sensatez que eu sei que tens.
- Por favor, não quero.... não quero mais isso... Eu...
- Até o momento certo, Sr. Lupin. – Dumbledore apenas saiu.
- Remus? – James me chamou, mas apenas o ignorei e abracei minhas próprias pernas.
Traído... Eu havia sido traído...
Sirius jurou... Sirius jurou para mim...
Eu acreditei que ele... Eu acreditei verdadeiramente que ele... e no mesmo dia, traição.
Ele jurou me proteger. Jurou proteger meu segredo. Jurou estar comigo independentemente do que ocorresse... e agora, isso...
- Pode voltar para o seu dormitório, Remus – Madame Pomfrey disse com a voz calma e acolhedora.
Neguei com a cabeça repetidas vezes.
- Remus...
- CALA A BOCA, JAMES! EU PRECISO DE PAZ! – gritei, me encolhendo mais ainda, mas mantendo cada lágrima guardada dentro de mim.
- Moony... – Jay sentou ao meu lado e me abraçou. – Eu não vou livrar a barra do meu irmão. O que ele fez... foi horrível, mas pensa bem, ok? Pensa bem, não desiste de tudo. Não desiste... dele.
Apenas fiquei quieto.
O caminho até o dormitório foi silencioso e a cada passo, eu apenas queria correr de volta para a enfermaria, me enfiar debaixo de alguma maca e nunca mais sair de lá.
Assim que entrei no quarto, vi que Peter estava limpando e organizando frascos, arrumando faixas e recolhendo lenços... lenços manchados de sangue...
- Tá de boa aí? – Piet perguntou, se virando para a cama de Sirius, sem notar minha presença.
- Uhum... – Foi então que meus olhos se fixaram em Sirius, deitado na cama com o peitoral inteiramente enfaixado. – Eu tô le... – A voz dele sumiu ao notar que eu estava ali.
Todos os nervos que até então estavam sobre meu controle, se afloraram de uma só vez. Ele estava machucado por minha causa... Se ele estivesse morto, eu jamais me perdoaria e se o tivesse transformado...
- Remmie...?
- Fecha a porra da porta e silencia o quarto, James – falei, secamente
- Pronto. – Jay e Peter se sentaram, quietinhos.
- Rem...
- Eu não quero ouvir mais nem um A vindo de você! Já sei de tudo que preciso – falei, amargamente. – No que você tava pensando, hein, Sirius? Ah, sei lá, porque eu não simplesmente conto pro Snape como entrar na casa onde tem A PORRA DE UM MONSTRO QUE PODE MATAR ELE! Até porque... quem ficaria com a culpa seria o monstro, não é mesmo, Sirius? QUE IDEIA DE MERDA FOI ESSA? – As lágrimas que eu tanto havia guardado escorriam sem cessar pelo meu rosto. – EU CONFIEI EM VOCÊ! Porra!... Eu confiei cada MINIMO detalhe da minha vida em você! E PRA QUÊ? PRA QUÊ, SIRIUS?
- Me perdoa...
- Te perdoar? Nem mesmo em meus piores pesadelos eu poderia ter pensado em uma traição vinda de você! Poderia chegar a pensar isso vindo de qualquer um!... QUALQUER UM, SIRIUS! Mas... de você? De você, jamais...
- Lobinho...
- Nunca mais!... NUNCA MAIS ME CHAME ASSIM! – Respirei fundo. – Pra você agora eu não passo de Lupin – minha voz saiu mortalmente calma. – E quer saber de uma coisa? Não olha mais pra mim. Não quero que chegue perto de mim. Fica bem longe. Eu te odeio! EU TE ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS! – Sequei minhas lágrimas e me direcionei para James. – Obrigado por salvar a vida do Snape... É bom saber que só um de vocês me vê como a merda de um brinquedinho que pode ser usado e depois jogado fora.
Fui até meu malão e comecei a guardar minhas coisas.
- Remus, o que você tá fazendo? – Piet questionou.
- Vou embora. As provas já acabaram, não vou ficar mais aqui. – Fechei o malão e o peguei em mãos. – Tchau, James. Tchau, Peter – me despedi dos dois e sai sem olhar para trás.
...continua no próximo livro.
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Os Marotos (Livro 1)
Fanfiction" - Estou lhe dizendo Dumbledore esses garotos são terríveis! Imagino que ficarão marcados nas histórias de muitos aqui, mas, principalmente, na história de Hogwarts! Já viu como se denominam? 'Os Marotos!'. Não sei se irei aguentar isso por muito t...