Malfeito feito

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(P.O.V. Sirius)

...

- O que foi isso? – ouvi a voz de Remus perguntar quase num sussurro.

Eu congelei no mesmo instante. QUE PORRA EU TINHA ACABADO DE FAZER? MERDA, MERDA, MERDA, MERDA, MERDA, MERDA...

- Você disse que ninguém em sã consciência beijaria um garoto bizarro cheio de cicatrizes, que pra completar tem licantropia como você. Eu discordo da sua afirmação, Remmie, qualquer pessoa com o mínimo de inteligência beijaria você sem nem pensar duas vezes – respondi disparado, tentando controlar meus nervos e colocando um sorriso em minha boca. – Aliás, se eu tivesse pensado bem... Ter seu primeiro com seu melhor amigo é bem menos constrangedor e bem mais fácil do que com uma garota qualquer! Agora você tá livre, querido, já teve seu primeiro beijo e sabe que a licantropia não pode ser passada por ele, pode se libertar e beijar quem quiser sem medo... – O QUÊ? O QUE CACETE VOCÊ TÁ DIZENDO, SIRIUS? TÁ DANDO ALGUM TIPO DE PASSE LIVRE PARA ELE BEIJAR? VOCÊ PIROU? – Tô indo pro treino, você vai hoje? – Ele negou sem dizer nada e eu me apressei o máximo possível para sair dali sem surtar. – Tudo bem, então. Até mais tarde, lobinho.

Saí de lá o mais rápido que pude, tentando controlar minha respiração e o pânico que estava vindo com tudo. Não consegui nem mesmo chegar até o vestuário, parei no meio de um corredor vazio e me sentei ali no chão.

- Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez...

Comecei a contar...

- Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez...

... numa tentativa de fazer minhas mãos e o meu corpo pararem de tremer...

- Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez...

... enquanto a parte detrás da minha cabeça se batia com certa frequência contra a parede...

- Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez...

O que eu tinha feito? Merda! Eu pensei que isso tivesse passado, afinal de contas, já estávamos quase em abril e a primeira vez que aquele sentimento havia surgido fora em outubro e eu pensei... que tivesse acabado. Pensei que tivesse conseguido acabar com todos os vestígios daquilo. Mas... Que porra eu ia fazer agora? Eu pensei que tivesse acabado... Até tive meu primeiro beijo com uma garota. E eu gostei!... E não, eu não estava comparando os dois beijos! Eu não estava comparando os lábios doces e suaves do Remus com os da Amália! Não, eu não estava!

Então, por quê? POR QUÊ?

É tão difícil assim esquecer um sentimento ridículo e impossível de acontecer?

PUTA MERDA! EU. NÃO. SOU. HOMOSSEXUAL!

Não, eu não estava apaixonado pelo Remus. Eu não poderia estar apaixonado por ele. Não dá pra gostar de garotas e garotos ao mesmo tempo, não dá! Isso é... Isso é errado! É confuso! É coisa demais para minha cabeça!...

- Sirius? – ouvi a voz de Amália surgir do nada no fim do corredor. – Você tá legal?

Era isso!...

Valeu destino!... Eu já sabia o que fazer agora.

Eu não precisava necessariamente esquecer, eu poderia apenas substituir por outro sentimento...

Destruir o problema diretamente pela raiz.

Melevantei rápido e me aproximei dela, já a puxando para um beijo, seja como for,eu acabaria com aquilo, agora estava feito...

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora