(P.O.V. James)
13/10/1973
- Pronto pra ir até lá? – perguntei, observando Sirius andar de um lado para o outro sem parar.
- O sol tá quase nascendo – foi a única coisa que ele disse.
- Se ele continuar assim vai acabar fazendo um buraco no chão – Peter cochichou, se sentando perto de mim.
- Acho que o pior já passou. Quando o Remus tava gritando...
- O Sirius tava muito mais afoito. É, eu vi. Mas acho que o silêncio tá deixando ele ainda mais desesperado.
- É – concordei, voltando meu olhar para meu irmão.
Não é como se eu e Peter não estivéssemos preocupados, nós estávamos e muito... Os gritos que rompiam de dentro do Salgueiro durante a madrugada inteira foram tenebrosos, e lembrar que eles vinham de Remus, piorava o sentimento de impotência. Mas qualquer sensação que eu ou ele tivéssemos não chegava aos pés das reações de Sirius. Então, por mais receosos que estivéssemos, a melhor decisão a se tomar... foi tentar acalmar meu irmão.
- Sirius? – chamei ao ver os primeiros raios de sol nascerem.
- Quê?
- Se acalma um pouco, a gente vai entrar! – exclamei, vendo os olhos de Sirius irem em direção ao horizonte.
- Não tenho tempo pra me acalmar, James. O Remmie...
- Suas mãos estão tremendo. – Apontei, o fazendo olhá-las. – Não acho que vá conseguir ajudar o Remus se elas continuarem assim, vai? Senta aí e tenta se acalmar... só um pouquinho... antes de entrarmos lá.
- Eu odeio quando você tá certo! – Ele se sentou no chão e cobriu o rosto com as mãos trêmulas.
- Eu sempre tô certo, irmão.
Não se passou muito tempo, e lá estávamos nós três, entrando na casa pela passagem secreta do Salgueiro Lutador.
Sirius carregava nas costas uma mochila preta cheia de frascos de poções, misturas e potinhos com ervas de sei lá o que. Eu e Peter havíamos divido o restante das coisas, deixando cada um de nós com dois cobertores e alguns lenços.
Assim que chegamos em frente a uma porta velha, Sirius puxou a varinha e pronunciou:
- Alohomora!
Definitivamente não era um local agradável!
Teias de aranha por todos os lados. Várias camadas de poeira ao redor dos móveis despedaçados pelo tempo. Marcas de garras em praticamente tudo que era visível... Sem contar o sangue...
Uma verdadeira casa abandonada e amaldiçoada!
Mas, o pior de tudo dentro daquela casa, foi ver o estado que Remus estava...
No meio de todo aquele horror, ele se localizava inconsciente no chão, jogado entre os destroços de madeiras e deitado em seu próprio sangue, à mercê daquele lugar tenebroso.
Me virei para ver o que Sirius faria, mas ao meu lado ele já não se encontrava mais.
Sirius tirou alguns lenços de dentro da mochila e limpou o rosto cheio de sujeira de Remus com tamanha rapidez, que foi impossível não perceber o paninho branco se encher de terra misturada com sangue em milésimos de segundos.
Não sei quanto tempo eu e Peter ficamos olhando, o que posso dizer é que foi um bom tempo.
- Por que vocês estão parados encarando ainda? – Sirius questionou, olhando para a gente com desaprovação.
- Nós...
- Vão arrumar as coisas e parem de ficar encarando.
- Mas... não estamos encarando.
- Ah, não, Piet? O que estão fazendo, então? – Pisquei algumas vezes, tentando compreender o motivo de sua atitude super protetiva.
- Você também tá olhando. – Ao me ouvir, as bochechas de Sirius ficaram extremamente avermelhadas e ele desviou o olhar do corpo nu de Remus.
- Er... – Sirius pigarreou. – É diferente.... – Suas mãos encontraram rapidamente sua mochila, tirando lá de dentro uma manta e cobrindo Remus dos pés até a altura de seu quadril. – Eu... Ele não gosta de deixar as cicatrizes à vista... Eu já me sinto muito mal por invadir o espaço pessoal dele... sem ele saber o que tá acontecendo. E eu sei que ele ficaria muito desconfortável em estar sendo visto assim... Então, não encarem!
- Eu vou transfigurar a cama e algum dos móveis. – Sorri, tentando tranquiliza-lo, e ele assentiu, mais calmo. – Vem, Piet. – O puxei para o mais longe possível.
Sirius não estava errado. Remus realmente se sentiria muito desconfortável ao ser visto assim. Ele sempre evitava ao máximo que víssemos suas cicatrizes. Mas... alguma coisa na voz dele ao dizer aquilo foi... diferente.
Ele me disse que tinha coisas que eu não deveria saber. Ele me disse que essas coisas tinham a ver com a maldita família Black. Ele me disse que um dia me contaria tudo. Ele me disse que Remus descobriu ao juntar as peças....
Não é como se eu nunca tivesse reparado na forma que aqueles dois se tratavam. Sirius e eu sempre fomos unidos, desde o primeiro momento que nos vimos, praticamente irmãos..., mas ele e Remus eram... complexos demais e...
- Conseguiu, James?
- Ahn?
- Conseguiu?
- Juro que dá próxima consigo uma cama maior que essa...
- Essa serve, irmão – disse com um sorriso triste se formando em sua boca. – Peter, pode jogar um cobertor aqui?
- Todo seu – avisou, jogando-o para Sirius.
- Valeu – agradeceu e começou a cobrir Remus.
- Quer ajuda? – perguntei, indo em sua direção.
- Pra pegar o Remmie no colo?
- Sim. Quem mais poderia ser? – debochei, vendo Sirius rir ao me ouvir.
- Relaxa, Potty. Ele é mais leve que uma pluma! – exclamou, se ajeitando e, logo em seguida, segurando Remus nos braços e o levando até a cama.
- Ele tá melhor? – Peter perguntou.
- Acho que ele quebrou a perna, mas os cortes não estão muito fundos dessa vez e... aparentemente... nenhuma costela foi quebrada. Então... sim, ele tá melhor.
- Você "acha" que ele quebrou a perna?
- Sim, Jay. Eu acho. Não vi direito, ele pode ter só torcido muito, mas só quando eu olhar direitinho vou poder ter certeza. Tenho mais ou menos duas horas pra fechar todos os cortes e verificar a perna...
- Tem alguma forma de ajudarmos? – perguntei, o observando.
- Se quiserem tirar as coisas da mochila... vão me ajudar muito.
- Ok – disse, a puxando para perto e... – Eu nunca tinha reparado que essa mochila era tão... grande! – exclamei ao ver meu braço todo dentro dela.
- Eu tinha esquecido de avisar pra vocês... Madame P. fez um feitiço de expansão na mochila pra caber mais coisas.
- Isso não é ilegal? – indaguei.
- Não seria a primeira coisa ilegal que fazemos, certo? – debochou, fazendo todos nós rirmos.
...continua no próximo capítulo...
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Os Marotos (Livro 1)
Fanfic" - Estou lhe dizendo Dumbledore esses garotos são terríveis! Imagino que ficarão marcados nas histórias de muitos aqui, mas, principalmente, na história de Hogwarts! Já viu como se denominam? 'Os Marotos!'. Não sei se irei aguentar isso por muito t...