Tropa de elite

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(P.O.V. James)

(23/12/1972)

Tudo estava planejado e pronto.

Visitaríamos a casa de Remus no dia seguinte e, se tudo desse certo, contaríamos a Lyall Lupin que já sabíamos sobre a licantropia de nosso amigo.

Peter havia chegado no dia anterior, deixando minha casa ainda mais animada. Confesso que, apesar da euforia, estávamos bastante inseguros em relação a reação do Sr. Lupin.

Sirius chegou a nos contar detalhes, sem expor coisas demais, sobre a vida de Remus e o relacionamento esquisito que ele tinha com o pai.

O medo e os calafrios vieram em dobro quando minha mãe bateu à porta daquela casa simples, mas ao mesmo tempo tão bonita e acolhedora.

Tentei me distrair enquanto esperava, observando os flocos de neve caindo pelo chão do pequeno jardim.

- Olá? – Uma mulher baixinha de cabelos idênticos aos de Remus e olhos verdes abriu a porta. – Em que posso ajuda-los?

- Bom dia. – Minha mãe rapidamente estendeu a mão. – Eu sou Euphemia Potter.

- Hope Lupin. – Ela apertou a mão que lhe era oferecida.

- Fleamont Potter. – Eles se cumprimentaram igualmente.

- A que devo a honra dessa visita? – perguntou, olhando de meus pais para Sirius, Peter e eu.

Remus já deveria ter falado sobre nós, afinal de contas, ela nos olhava como se já nos conhecêssemos. E... Arregalei os olhos e me virei para meu irmão, sussurrando entre os dentes.

- A carta...

- O quê? – questionou sem me olhar.

- A carta, Sirius.

- Pu... – Ele pigarreou e Hope o olhou atentamente. – Sou o Sirius – disse com um sorriso constrangido. – É muito bom finalmente conhece-la, Sra. Lupin. Viemos visitar o Remus e... falar com o Sr. Lupin e com a senhora.

- Ah, sim. – Seu sorriso dobrou de tamanho. – Você deve ser o Peter e você o James – afirmou e nós dois assentimos. – Sinto muito, entrem, está muito frio aí fora e eu estou mantendo vocês aqui congelando. – Ela abriu mais a porta e entramos. – Lyall, temos visitas – avisou assim que chegamos na sala de estar.

Lyall Lupin era um homem que parecia muito mais velho do que realmente era, seus cabelos grisalhos eram a maior prova disso. Ele nos observou, sentado em uma poltrona próxima à lareira, depositando um Profeta Diário na mesinha à sua frente.

- E quem são vocês? – O pai de Remus se ajeitou na poltrona ao perguntar.

- Fleamont Potter. – As sobrancelhas dele se arquearam ao ouvir meu pai. – Essa aqui é minha esposa Euphemia Potter e esses são James Potter, o meu filho, Sirius Black e Peter Pettigrew.

- E o que estão fazendo aqui?

- Eu e Euphemia queremos falar sobre Remus com você e Hope. E os meninos querem ver o amigo...

- Sinto muito, mas o senhor está equivocado. Meu filho não tem amigos. – No instante que meu pai fora para abrir a boca novamente, Lyall se virou para a esposa. – Hope, chame o Remus, por favor. – O clima que já estava tenso ficou pior quando a Sra. Lupin subiu as escadas e nos deixou ali com seu marido.

Sirius não parava de mexer nas próprias mãos, completamente desconfortável com o silêncio. Encostei meu ombro contra o dele, ganhando sua atenção.

- Que foi? – sussurrei.

- Ele tá me encarando mais do que todos vocês.

- E...?

- Ele sabe quem eu sou.

- Ahn?

- Black, James. Eu sou um Black.

- Ah...

- Um tanto inusitado, creio eu – Lyall disse de supetão.

- Como? – Meu pai questionou.

- Potters com um purista.

- Purista?

- Sim, um Black. – Sirius olhava de um para o outro.

- Ele é uma criança.

- Isso não muda o fato de...

- Meu sobrenome não dita quem eu sou!

- Sirius... – murmurei e ele deu um passo à frente.

- Gostaria que me julgasse por minhas atitudes, Sr. Lupin, assim como estou julgando o senhor pelas suas.

- O que quer dizer com isso, garoto?

- Sirius.

- O que...?

- Meu nome é Sirius. – Os olhos do homem brilharam. – Sinto muito se o sobrenome que carrego o incomoda, sabe... não é minha culpa se eu nasci na família errada e...

- Um Black que não tem orgulho de ser um Black? – debochou. – Ah, que piada engraçada! Quanto tempo vai demorar para os seus parentes incestuosos virem aqui para...

- Olha aqui, seu... – Segurei seu ombro e ele me olhou, irritado.

- Sem fazer cena.

- Eu não...

- O que tá aconte... – a voz de Remus ressoou e se quebrou pela sala que, de repente, ficara em um completo silêncio.

Eu, Peter e Sirius imediatamente olhamos para nosso amigo. Remus estava péssimo, olheiras profundas abaixo dos olhos e seu rosto parecia inchado.

- Remus... – Corremos imediatamente na direção dele e o abraçamos como se não nos víssemos há séculos.

Assim que nos afastamos do abraço coletivo, ficamos ali parados, os quatro, sem saber o que fazer ou falar, apenas observando uns aos outros.

- Filho, por que não leva os meninos pro seu quarto? Nós vamos ter uma conversa de adultos aqui, fiquem por lá até terminarmos, ok? – Hope disse calmamente, sorrindo.

- T... tá, mãe. Vou sim – Remus subiu as escadas sem nos olhar e nós o seguimos.

Não sei se é possível sentir suas costas queimando por conta do olhar de alguém, mas naquele momento sabia que eu não era o único ali que estava sentindo o olhar petrificante de Lyall nas costas.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora