Tempestade em um copo d'água

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(P.O.V. Mary)

(29/07/1973)

- Reg, por Merlin, por favor, me escuta – Sirius implorou, mas Régulus o olhou friamente.

- Pettigrew, Potter e Mckinnon estão na sala de estar e você quer que eu te escute? Tenha dó, Sirius. – Ele subiu para o andar de cima, batendo a porta.

- Merda... – Segurei seu pulso ao vê-lo começar a subir os degraus.

- J'y vais. Quer dizer... eu vou.

- Mas...

- O chá. Sirva o chá. Eu já volto.

- Tá bem... – Sirius me deu um rápido beijo na testa e foi rumo à sala enquanto eu subia para o quarto.

Bati na porta e nenhum sinal dele. Bati outra vez e...

- Vai embora, Sirius!

- Oi. – Entrei no quarto e ele arqueou as sobrancelhas.

- Você também pode ir embora.

- Você não disse meu nome.

- Não quer dizer que eu queira que fique aqui.

- Reg...

- Não... – Régulus suspirou alto. – Que foi que vocês fizeram?

- Nós só chamamos nossos amigos pra virem aqui... Por isso que eles tão lá embaixo, Reg, só isso.

- Vocês deveriam ter me avisado isso antes! – Cruzei os braços e ele me olhou com raiva. – Sinceramente, Mary, eu esperava que você entendesse o perigo disso... O que a Sra. MacDonald pensaria se soubesse disso?

- Minha avó não precisa saber de nada.

- Ah, não? E seu pai?

- Você vai contar por acaso? – Régulus revirou os olhos.

- Tem que parar de seguir os passos do Sirius para tudo. Não consigo entender porque está fazendo isso e...

- Tá sendo ridículo, Reg.

- Eu? – Ele deu uma risada forçada, andando de um lado para o outro. – Vocês não estão pesando nas consequências e EU sou o ridículo da história? Se minha mãe e sua avó souberem que no andar de baixo há traidores do sangue, mestiços e sei lá mais o quê, acha que isso ficará bom para nós?

- Não vão saber.

- Como pode ter tanta certeza? – Lhe lancei um olhar mortal. – Mary, me escuta. – Suas mãos tocaram meus ombros. – Andar com... essa gente vai piorar tudo que passamos e...

- O que quer dizer com isso, Régulus Black?

- Não vale a pena brincar com o perigo.

- Eu não tô brincando com...

- É exatamente o que vocês estão fazendo!

- E o que você tá fazendo, hein?

- Eu, com certeza, não estou desesperadamente procurando a atenção do Sirius para mim. – Dei um passo para trás e afastei suas mãos de mim.

- Acha que eu tô procurando atenção? É isso que pensa de mim?

Régulus apenas me encarou.

- Quer saber... se resolver deixar de ser um babaca solitário nós vamos estar nos divertindo lá embaixo. – Caminhei em direção à porta e a abri.

- Você sempre fica do lado dele mesmo. – Me virei novamente para ele.

- Você é tão... frustrant! – Meus olhos marejaram antes que eu pudesse me controlar.

- E você não disse que ia embora?

- J'y vais!

- Então vai! Me deixa em paz e vai ficar com ele!

- Não consigo te entender, sincèrement... – Régulus apenas me encarou. – Tu étais autrefois une personne plus gentille

- E você já foi uma pessoa menos insuportável.

- Toutes nos félicitations, Reg. Se queria agir como um Black, tá conseguindo isso com succès. – Não esperei que ele falasse mais nada, apenas sai do quarto, indo direto para a sala de estar, após secar meus olhos.

- Que foi que ele te disse? – Sirius perguntou assim que me sentei ao seu lado.

- Nada.

- "Nada", Mary? Eu sei...

- Il n'a rien dit, Six.

- Mary, que foi que aconteceu lá em cima? É sério...

- Après – murmurei e ele assentiu, sem deixar de olhar para o andar de cima.

- Acho melhor eu...

- Não! Você não vai! Pas maintenant! – falei, notando que Lene, James e Peter nos observavam. – É tão bom ver vocês! – Sorri longamente, engolindo tudo que eu estava sentindo de ruim e tentando controlar minha língua para manter o inglês fixado nela.

- É bom te ver também, Mary. – Me levantei e fui até ela, abraçando-a e, em seguida, sentando-me ao seu lado.

- Tudo bem? – Marlene me olhou, confusa.

- Sim, por que não estaria?

- A Lily e a discussão, e...

- Ah, tá... – Ela deu de ombros. – Não foi nada... tá tudo bem.

- Aham... – Olhei para Potter e Pettigrew, notando que... – O Lupin não vem?

- Ele mandou uma carta dizendo que vai se atrasar um pouco – Peter Pettigrew me respondeu, bebericando o chá de sua xícara.

- Ele disse que chegaria três horas e agora já é... três e quinze e ele ainda não chegou – Six pronunciou, olhando para a lareira.

- Acha que o Sr. Lupin...?

- Eu espero que não...

- Mas e se tiver mudado? – Pettigrew questionou.

- Aí nós vamos ter que sequestrar o Remmie da casa dele e...

- E isso é a sua cara mesmo, Six – a voz de Remus saiu da lareira e um grande sorriso surgiu nos lábios de meu irmão. – Mas não precisa disso, ok? Já tô bem aqui.

- Por que demorou tanto? – Sirius indagou, logo após se desgrudar do abraço que dera em Lupin.

- Tava conversando com meu pai – disse, sentando-se ao lado de Six.

- E...?

- Vou ficar os três dias com vocês.

- Jura?

- Solenemente. – Ele sorriu timidamente enquanto James, Peter e Sirius batiam as mãos, felizes da vida.

Eu e Marlene sorrimos, observando aquela cena bem à nossa frente.

Mas, confesso que... meus olhos não deixaram de se desviar para o andar de cima.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora