(P.O.V. Sirius)
...
Havíamos acabado de jantar. Remus estava dormindo com a cabeça em meu ombro enquanto eu e os meninos conversávamos sobre coisas aleatórias para tentar suavizar o clima.
Era perceptível seu cansaço e desgaste emocional... não tinha falado quase nada desde que Jay e Piet voltaram para o quarto, mas, apesar disso, eu estava contente por ele não ter tentado se afastar... Era a cara de Remmie começar a achar que nós três teríamos medo dele e que queríamos o manter longe por conta do bicho papão.
- Boa noite pra vocês. – Peter andou em direção à sua cama.
- Noite – eu e James pronunciamos em uníssono.
- Pode ir dormir, Jay. Eu cuido dele.
- Tem certeza? Eu posso dividir a noite, sei que você também tá esgotado por causa do bicho papão, Sirius. Eu tô mais de boa e...
- Eu tô bem. Pode ir dormir, eu tô sem sono.
- Se você quiser conversar sobre...
- Eu tô bem, irmão. Pode ficar tranquilo. – Minha preocupação agora era com meu lobinho, não comigo. – Outro dia falamos sobre isso.
- Qualquer coisa me chama que eu vou acordar no mesmo segundo, ok? – James disse, preocupado.
- Você não vai acordar no mesmo segundo, Potty, eu te conheço.
- Você entendeu!
- Ok. Ok. Obrigado pela preocupação. Boa noite.
- Boa noite, totó.
Assim que James foi dormir, deitei Remmie na cama, o cobrindo e ajeitando seu travesseiro com cuidado para não acordá-lo. Dei um beijinho em sua testa e voltei para minha cama, ficando ali de vigia.
Madame P. disse que deveríamos tomar conta dele por enquanto... até termos certeza que ele estava bem, e mesmo se ela não tivesse pedido isso, eu não conseguiria dormir com ele naquele estado.
Já deveria ser por voltas das duas da manhã quando ouvi murmúrios sôfregos e choramingos vindo da cama de Rem e percebi todo seu corpo se remexendo desesperadamente, o suor frio escorrendo por sua testa quase tão pálida quanto a neve.
- Remmie, acorda! – Tentei acordá-lo. – É só um pesadelo, lobinho.
Em um único pulo ele se sentou completamente aflito e lágrimas romperam sem parar de seus olhos. Todo o meu corpo estremeceu por vê-lo assim. O puxei rapidamente para meus braços na tentativa de acalmá-lo, o que não adiantou nada.
Lentamente sem me desvencilhar do abraço, puxei minha varinha e lancei um feitiço para fechar o cortinado da cama, logo em seguida, usei outro para silenciar tudo ao nosso entorno e, por fim, iluminei o local.
Aquela era uma boa ideia? Talvez sim... Talvez não... Ele mesmo havia me dito que quando sua mãe fazia aquilo... sempre o acalmava. Mas se ele achasse ofensivo da minha parte repetir o que a mãe dele fazia para poder acalmá-lo? Era minha única ideia naquele momento e eu precisava acalmá-lo para depois saber o que havia acontecido naquele pesadelo para deixá-lo ainda mais abalado.
- "Fly me to the Moon
Let me play among the stars
Let me see what spring is like
On Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, baby, kiss me
Fill my heart with song
Let me sing for ever more
You are all I long for
All I worship and adore
In other words, please, be true
In other words
In other words
I love you"
Sua respiração estava mais calma e relaxada, mas seu aperto continuava forte e sedento por proteção.
- O... obrigado – disse suavemente sem se desvencilhar de mim.
- Quer conversar?
- Foi só um pesadelo.
- Eu não tô falando só do pesadelo, querido.
- Você vai brigar comigo por falar e por pensar nisso.
- Do que você tá falando, Rem? Por que acha que eu brigaria com vo...?
- Sabe o porquê do meu bicho papão ser vocês três caídos sem vida no chão? – Ele se afastou de mim, parecendo ofendido.
- Você tem medo de perder a gente, isso é completamente nor...
- Não, não é! Não é normal ter medo de perder seus amigos por causa de si mesmo! Não é normal eu ter medo de MATAR meus melhores amigos e só saber quando a porra da maldita lua cheia passar e o sol nascer! Não é normal eu ser um MONSTRO!
- Rem, por favor...
- Não! Não! NÃO! Não tenta me impedir de dizer que eu SOU um MONSTRO, porque eu SEI que eu SOU!
- Eu sei que aquele bicho papão te deixou em pânico, mas não leva isso pro resto da sua vi...
- Como eu não vou levar isso pro resta da minha vida, Sirius? Eu sou amaldiçoado desde a merda dos meus quatro anos! Eu sou um monstro desde que a mesma criatura que eu sou também me transformou por pura vingança! Uma aberração... é isso que eu sou! Eu sou... – ele se interrompeu, olhando fixamente pra mim. – Por que você insiste tanto em cuidar de um monstro?
- Eu não tô cuidando de um monstro... Para de ficar se chamado assim! Eu tô cuidando de um lobinho que não teve escolhas! Que por causa de alguém abominável toda vez que se olha no espelho não consegue ver o quão perfeito é! Eu tô aqui com você, porque eu te entendo! Eu sei como é odiar estar em seu próprio corpo e jamais te abandonaria por causa de algo que não tem como mudar...
- Por que você não gosta que eu me chame de monstro?
- Porque eu sei quem você verdadeiramente é, mon cher petit loup. Eu te conheço e sei que você é muito mais do que seu probleminha peludo. Você é a pessoa mais forte e com o coração mais bondoso e corajoso que eu já conheci. Você não deveria pensar tão mal assim de si mesmo. Então, por favor, para de se chamar de monstro... isso parte o meu coração. O monstro nessa história foi quem fez isso com você, não o contrário! – Percebi os olhos dele brilharem perigosamente ao me observar.
- Duas semanas... – ele disse e suspirou cansado como se buscasse forças para continuar...
...continua no próximo capítulo...
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Os Marotos (Livro 1)
Fiksi Penggemar" - Estou lhe dizendo Dumbledore esses garotos são terríveis! Imagino que ficarão marcados nas histórias de muitos aqui, mas, principalmente, na história de Hogwarts! Já viu como se denominam? 'Os Marotos!'. Não sei se irei aguentar isso por muito t...