(P.O.V. Sirius)
...
Walburga e Órion haviam me isolado completamente do mundo exterior. Confiscaram Fly de mim logo no primeiro dia, o que me impediu de cumprir meu juramento à Remmie.
Durante todo o período que passei trancafiado à sete chaves naquela casa, Reg não trocara uma única palavra comigo. Walburga era a culpada disso. Minha amadíssima progenitora não permitira que eu "envenenasse" o seu "Black perfeitinho", e quando ela não estava por perto, eu tentava me aproximar dele e ele se afastava, obedecendo sem sequer pestanejar às ordens dela. Órion não deixou de usar isso ao seu favor nas sessões de tortura dentro do quartinho.
Nenhuma cicatriz ou sequer arranhado aparente... Órion sempre foi excelente em mascarar tudo que fazia. Meu corpo inteiro doía, principalmente onde os cortes e pele roxeada deveriam estar. Fisicamente eu poderia dizer que nada me acontecera, mas por dentro... ele me quebrara mais uma vez...
Se dependesse dos meus "pais" eu ainda estaria no quartinho completamente mutilado e sangrando, mas graças a visita inesperada de tio Alphard, ambos me livraram dos castigos no último mês de férias.
Por fim, eu estava de volta à plataforma, agradecendo mentalmente a todos bruxos e bruxas que já passaram por essa terra. Depois de todo esse tempo eu finalmente voltaria para Hogwarts! Para os meus amigos! Para minha verdadeira família! Para o meu lar!
Enquanto Walburga e Órion se despediam de Reg – lhe dando as mesmas regras que me deram antes de eu entrar naquele trem na mesma data do ano passado -, meu olhar corria solto de um lado ao outro na esperança de ver Remmie, Jay ou Piet. A necessidade de abraça-los batia forte em meu peito e...
- Está me escutando, garoto? – Walburga indagou, me arrancando de meus pensamentos.
- O que foi agora? – perguntei a olhando diretamente.
- Cuidado com essa boca suja! Eu exijo respeito! – exclamou, agarrando o meu pulso direito e o apertando firmemente. – Se não...
- Se não, o quê? Vai me espancar na frente de todos, assim como faz lá em casa?
- Sabe que se continuar me respondendo eu farei muito pior, então faça-me o favor e cale essa sua maldita boca imunda, seu insolente, e não me responda! Aproveite e leve Régulus Arcturus Black II, o mais novo e honrado Black da nossa família, para uma cabine que não esteja infectada pela ralé! Agora! E não se esqueça do aviso que eu te dei, se você não seguir às minhas ordens dessa vez, as férias do ano que vem serão muito piores! – Walburga virou-se para Reg, soltando meu pulso que começara a ficar vermelho e continuou a falar: - Não esqueça de tudo que lhe ensinamos, entendeu, Régulus Black?
- Entendi sim, senhora.
- Excelente. Que bom que pelo menos um Black consegue entender facilmente e que, com certeza, vai orgulhar o nome da nossa honrada família naquela escola.
- E... eu vou sim, mamãe.
Andei com Reg ao meu lado até entrarmos em um repartimento de cabines. Foi então que ele parou de andar e a minha única opção foi virar-me para saber o que havia acontecido, mas quando o olhei, vi Régulus andando em direção à uma cabine...
- O que você tá fazendo?
- Indo para uma cabine?
- Reg, a minha cabine não é aqui...
- Exatamente, À SUA não é aqui. Não vou deixar que você me misture com a ralé com a qual você anda, Six. Se você quer andar com um bando de traidores do sangue, mestiços e sangues-ruim isso é um problema seu, não vou me envolver, nem contar para mamãe e para o papai, mas se eu fosse você... eu pensaria bem sobre isso, dói muito ter que ficar ouvindo os seus gritos em casa – disse, entrando em uma das cabines daquele vagão. – Até mais tarde, Sirius.
- A... até Reg. – Acenei, mas ele não se importou em olhar para trás.
Continuei encarando a porta daquela vagão, não sei por quanto tempo.
A dor que preenchia meu peito era tão confusa... O Régulus que eu deixara em casa em meu primeiro ano não era assim... Era como se eu não falasse mais com o Reg, e sim com o aspirante a Régulus Arcturus Black II... justamente o que eu mais temia que ocorresse.
Aquilo doía muito mais que as adagas com as quais Órion me torturava... Todo brilho e alegria de seu olhar tinham sumido, seu sorriso brincalhão deu lugar a mesma carranca triste, fria e sem emoções de nosso "pai", parando para pensar, Régulus estava começando a ficar cada vez mais parecido com aquele desgraçado e eu não queria que isso acontecesse. Eu não podia deixar que isso acontecesse.
Com o coração ainda partido, caminhei até a cabine que eu dividia com meus amigos. Ao chegar próximo a porta, respirei fundo e coloquei o melhor sorriso que eu tinha no rosto. A porta se abriu com extrema facilidade e eu pude finalmente vê-los...
...continua no próximo capítulo...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Marotos (Livro 1)
Fiksi Penggemar" - Estou lhe dizendo Dumbledore esses garotos são terríveis! Imagino que ficarão marcados nas histórias de muitos aqui, mas, principalmente, na história de Hogwarts! Já viu como se denominam? 'Os Marotos!'. Não sei se irei aguentar isso por muito t...