Conselhos medicinais

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(P.O.V. Sirius)

(18/10/1972)

Eu sabia que Remmie estava ficando cada vez mais curioso e observador com os meus sumiços, mas eu queria que aquilo fosse uma surpresa e por mais que estivesse sendo bem difícil aprender aquilo tudo em tão pouco tempo, eu poderia até dizer que estava me saindo muito bem em todo o caso, ou melhor dizendo, Madame P. disse que eu estava me saindo muito melhor do que ela poderia imaginar. Sinceramente, eu esperava, do fundo do meu coração, que ela estivesse certa e que eu pudesse revelar tudo que estava fazendo logo.

Eu não era o tipo de pessoa que passaria um dia inteiro lendo um livro, mas esse era um caso específico. Eu precisava aprender aquilo e a teoria era a melhor forma de aprender sem ter a prática antes. Para falar a verdade, acho que durante toda a minha vida, eu nunca me esforçara tanto para aprender algo como estava fazendo agora.

- Sirius, está tudo bem?

- Tá sim, Madame P., só viajei um pouco.

- Se quiser parar por hoje, já tá aqui há duas horas, precisa descansar um pouco...

- Só vou terminar isso aqui, depois eu volto pro dormitório, falta só quatro dias, eu preciso aprender logo!

- Eu sei que está assustado com tudo isso, mas se não descansar... não vai conseguir fazer nada.

- Madame P., ele sofre demais com isso! É horrível só de imaginar ele agonizando de dor nessa maca enquanto eu limpo um corte como esse que tá mostrando aqui, é muito fundo... E... er... Uma coisa é a teoria e outra coisa, completamente diferente, é a prática, ainda mais essa prática sendo no Remmie... Não posso errar e piorar o ferimento.

- Se não quiser fazer isso, está tudo bem. Pode desistir. É compreensível. É o seu amigo quem vai estar sofrendo aqui e...

- Eu sei. Eu sei. – Respirei fundo e levantei minha cabeça, determinado. – Ele precisa da minha ajuda. É por isso que eu tô aqui, porque eu VOU aprender isso nem que eu tenha que passar madrugadas inteiras lendo esses livros. Não vou desistir! Não posso desistir!

Madame Pomfrey sorriu largamente e sentou-se na cadeira à frente da maca onde eu estava.

- Remus tem sorte de te ter como amigo. Só não entendo o porquê dele não ter falado para os outros dois... Vocês parecem tão unidos...

- Ele tem medo. Não entendo o porquê desse medo, mas respeito ele imensamente e se Remus não quer falar, tudo bem. Eu vou guardar esse segredo até o fim... Mesmo que ache errado ficar mentindo pro James e pro Peter, sendo que, assim como eu, eles só querem o bem dele. Podemos revisar?

- Claro. Quer começar por qual parte?

- Plantas medicinais e regenerativas – respondi, colocando o livro embaixo do travesseiro da maca.

- É uma boa escolha para começar... Então, o que é e para que serve a planta Botão-de-prata?

- É uma planta que, quando extraída, suas folhas são usadas em poções energizantes pra cansaço constante, fadigas e falta de apetite. Suas folhas também servem para antídotos de envenenamento nível um.

- Exatamente. Pra que serve o Ditamno?

- A essência contida em quatro unidades de Ditamno é o suficiente pra estancar hemorragias e fechar cortes com eficiência. E quando é fatiado, se eu não me engano, é um ingrediente para as poções Gary e Wiggenweld.

- Koiné Grega?

- Caramba, só um minuto eu vou lembrar... – Suspirei na tentativa de me lembrar. Essa era uma das principais. Eu precisava aprender. Não podia me dar ao luxo de esquecer, não quando errar significaria colocar o Remus em perigo e... – Ela é utilizada na Poção da Ambrosia Mágica, ao bebê-la a pessoa passa por fases de recuperações rápidas e com cicatrizações imediatas.

- Está se saindo cada dia melhor, Sirius. Mas vamos parar por hoje, é melhor você voltar para o seu dormitório antes que o Remus descubra antes da hora – disse com o sorriso ainda estampado no rosto.

- É melhor mesmo. Amanhã eu volto, obrigado por tudo, Madame P.!

- McGonagall se impressionaria com você prestando tanta atenção em minhas aulas.

- Todos os professores de Hogwarts se impressionariam com isso, sabendo do meu histórico nada bom. Bem, já vou indo, até amanhã Madame P.

- Até amanhã, Sirius.

Caminhei rapidamente em direção ao Salão Comunal, indo direto ao meu dormitório. Mas ao chegar no quarto e abrir a porta, meu coração se despedaçou por completo ao encontrar Remmie chorando, abraçado com seu travesseiro e todo encolhido na cama.

Me aproximei e me ajoelhei ao lado da cama, limpando suas lágrimas com meu polegar e fazendo com que seus olhos castanhos amarelados se fixassem em mim.

- O que tá acontecendo, lobinho?

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora