Amor, amizade e irmandade

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(P.O.V. SIRIUS)

(22/06/1972)

Remus e eu ficamos conversando durante um tempo antes de descermos para o jantar.

Tentei convencê-lo a contar sobre seu "probleminha peludo" – forma carinhosa pela qual resolvi chamar sua licantropia, o que fez Remmie ter um ataque de risos na primeira vez que ouviu o nome – para Peter e James, o que não deu muito certo, pois ele voltou a se desesperar e cair no choro, dizendo que tinha medo deles o odiarem por não ter falado nada antes.

Acabei tendo que ceder e preferi respeitar o tempo dele, mesmo sabendo que se ele não contasse, James e Peter não demorariam tanto tempo assim para descobrir.

O jantar de despedida foi bem "tranquilo" – no estilo de Hogwarts, é claro – e cheio de conversas dos mais variáveis assuntos... É, eu iria sentir falta daquilo. Não só daquilo em específico, mas de tudo e de todos.

Toda aquela energia positiva, alegria e tranquilidade de Hogwarts acabaria, para dar lugar aos gritos, xingamentos e ódio daquela casa, que deveria ser, mas nunca foi, o meu lar...

Me despedir de meus amigos naquela estação não seria nada fácil, principalmente, quando você sabe com exatidão o que está te aguardando em "casa". Os níveis... Aqueles malditos níveis do quartinho... Queria tanto pedir socorro. Implorar para que não me deixassem voltar para Grimmauld Place...

- Six, tá tudo bem? – Remus perguntou, me dando um daqueles olhares que parecia estar vendo a minha alma e percebendo exatamente todo o peso e tristeza que... Desviei o olhar rapidamente e assenti, sorrindo.

- Tô ótimo! Por que não estaria, hein? – Escondi todo o meu desespero embaixo da mesma máscara de sempre e bloqueei cada pensamento intruso.

- Sirius – virei-me para James ao ouvi-lo -, lembra que qualquer coisa que acontecer na sua casa, você sempre será bem-vindo na minha, maninho. – Seus braços me rodearam e me apertaram.

- Valeu, Jay, mas tá de boa. Fala pra tia Euph e pro tio Monty que vou sentir falta deles...

- E da gente? – participou Peter, cruzando os braços.

- De vocês também, marotos. Principalmente de vocês! – Puxei Remmie e Piet para um abraço em grupo, fazendo com que risadas percorressem o ambiente.

- Bom, vou indo nessa, minha mãe tá me esperando... Tchau, marotos.

- Tchau, Piet. – Acenamos enquanto ele ia de encontro à Sra. Pettigrew.

- Eu também vou indo nessa. Não esquece de me mandar as cartas, Six!

- Pode deixar, lobinho – sussurrei em seu ouvido, aproveitando-me do abraço que ele havia me dado para que Potter não ouvisse o apelido.

- Idiota como sempre! – exclamou sarcasticamente, pegando o malão do chão.

- Quarta vez... só hoje.

- Você vai mesmo ficar contando?

- Claro que vou.

- Boa sorte então, imbecil.

- Ei! Sem graça! – Remmie riu ao perceber que eu estava de braços cruzados e com um biquinho magoado na boca.

- Tchau, James. Tchau, Six. NÃO ESQUECE DAS CARTAS, SIRIUS BLACK!

- Eu já entendi, Sr. Certinho! Vou mandar as cartas.

- Cartas? – James perguntou depois de Rem ir de encontro com a mãe, que lhe aguardava não muito longe dali.

- Remus me fez jurar que eu mandaria cartas toda semana pra ele ter certeza que Walburga, Órion ou qualquer um dos membros da minha "família" que me odeia, não me mataram durante as férias.

- Você tá brincando, né?

- Óbvio que eu tô brincando, Potter! – Ou talvez não... – Ele só tá preocupado com o que vai acontecer comigo enquanto eu estiver naquela casa, só isso.

- Só isso? Sério, Sirius?

- Sim, James.

- Posso te dar certeza que ele não é o único que tá preocupado... – A mão de Potter apertou meu ombro e eu lhe dei um sorriso triste. – Eu tô falando sério, se eles fizerem alguma coisa com você, fala pra mim. Sempre será bem-vindo à nossa casa, irmão.

- Muito obrigado, maninho. – Abracei-o novamente, tentando respirar..., mas assim que o abraço acabou... lá estavam eles... Tive a visão de Walburga e Órion me observando abraçar um Potter... É, eu estava fodido! 

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora