Verdadeiros trogloditas

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(P.O.V. Lily)

(15/02/1973)

- Então, já conseguiu ler o livro? – Sorri enquanto folheava um livro de feitiços.

- Sim. Já terminei, inclusive. É bem interessante, só achei muito perigoso e...

- Remus, por acaso você tá querendo se transformar num animago? – satirizei, rindo de sua cara.

- Por que eu iria querer fazer uma maluquice d... dessas?

- Sei lá. – Dei de ombros. – Vai que você resolveu começar a viver a vida loucamente como o babaca do Potter e do Black.

- Lily, eu entendo que você não gosta do James e do Sirius, mas eu sou amigo deles e por mais que eu saiba que você... bem... em certos aspectos você não esteja tão errada com as denominações, ainda assim não é muito legal.

- Foi mal, é força do hábito... – Ele assentiu. – É só que... não consigo acreditar que... er... até hoje é meio difícil de acreditar que você se juntou a eles por vontade própria.

- Olha, eu sei que na maior parte do tempo os dois agem como uns verdadeiros trogloditas, mas isso é só o superficial, Lily, acredite em mim... se você os conhecesse melhor, saberia o que eu quero dizer com isso.

- Eu só acho estranho que...

- Remus! – Longbottom veio em disparada da escadaria do dormitório masculino. – Q... que bom que eu te achei! Você tem que ir pro seu quarto agora!

- Merlin... O que aqueles imbecis fizeram dessa vez? – Remus se levantou rapidamente do sofá.

- É melhor você ver com seus próprios olhos, cara...

- Longbottom, se é tão sério assim, fala logo! – exclamei, fazendo com que ele reparasse minha presença.

- Ah, oi, Evans.

- Oi. Agora, desembucha.

- É que... e... eles... estão... – Frank Longbottom observou cada canto do salão, receoso de que alguém o ouvisse. – Bêbados...

Remus empalideceu no mesmo instante.

- Eu entrei no quarto pra chamar o James e o Sirius pra uma partida amistosa de quadribol, mas quando cheguei lá... os três estavam completamente bêbados...

- Os três? – Remus engoliu em seco. – Merlin, por que o Peter sempre tem que ir na loucura daqueles dois? – Ele respirou fundo. – Obrigado por avisar, Frank. Vou resolver essa confusão e...

- Não! – a voz saiu de minha boca antes que eu percebesse. – São três bêbados estúpidos , eu e Frank vamos te ajudar. E isso não tem discussão! Esse assunto morre aqui, porque a última coisa que eu quero é perder pontos da Grifinória por causa... disso.

- Lily, vai por mim, você...

- Eu disse sem discussão, Remus Lupin!

- Concordo com a Evans. É mais sensato irmos os três do que só você.

- Ok, já que é assim... vamos – disse, indo em direção a escadaria.

Os dois foram na frente para garantir que eu não seria vista por nenhum outro menino. Por fim, chegamos ao quarto e nos deparamos com uma cena que ficaria marcada em meus pesadelos. Pettigrew dormia em meio ao próprio vômito. Black, sem camisa, ria abraçado a uma garrafa de Firewhisky. Potter, sem os óculos e também sem camisa, abraçava outra garrafa, só que essa era de rum.

- Remmie! – Sirius Black se levantou aos tropeços, todo feliz ao vê-lo. – Separamos um ga... garrafa só pra você.

- Foi ele quem se-pa-rou – Potter disse, olhando para o teto.

- Shiuuuu, potinho! – Remus deu um longo suspiro ao ir até onde ele estava.

- Volta pra cama, vai. – Black o obedeceu, sentando-se na beirada dela com a garrafa de firewhisky ainda em mãos e mexendo os pés sem parar. – Quieto. – Novamente ele obedeceu, parando de mexer os pés. – Bem melhor. – Meu amigo se sentou atrás dele, pegando uma liguinha da mesinha logo ao lado e amarrando os cabelos bagunçados em um pequeno rabo de cavalo. – Você é um idiota, Six – disse, o ajudando a vestir a camisa.

- Décima... vez! – Remus revirou os olhos e se virou para mim e Longbottom.

- Vocês podem ajudar o Jay e o Piet, por favor?

- Claro, eu ajudo o Peter e você ajuda o James, pode ser?

- Pode... ser. – Respirei fundo ao caminhar até Potter e ver o estado daquele imbecil. – Vamos, levanta daí!

- Me... meu lírio... é você mesma? Ou... – ele semicerrou os olhos – eu tô vendo uma mi... ragem?

- "Meu lírio"? Posso arremessar ele pela janela, Remus? – Ouvi a risada dele.

- Do que você tá ri... rindo, Remuxo?

- Nada, Six. Nada.

- Sorte sua que eu não posso te jogar escadaria abaixo, Potter – murmurei, tentando puxa-lo para ficar de pé.

- Um dia você...

- Nem começa! – exclamei. – Tô ajudando o Remus, não tô aqui pra te aguentar.

- Sabia que você é muuuuito linda, lírio? – O ignorei ao finalmente conseguir fazer com que ele se levantasse. – Eu adoro seu cabelo. É tão... vermelho.

- Ah, jura? Nunca percebi. – Coloquei Potter na cama e me afastei o mais rápido que pude, saindo do quarto após me despedir de Frank e Remus.

Sorte deles que eu estava bem calma aquele dia, porque senão... eu teria azarado aqueles três trogloditas e não ficaria com um único pingo de consciência pesada.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora