Todo mundo erra

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(P.O.V. Sirius)

...

- Tá mentindo. – Ele se levantou de um só vez. – A gente se vê mais tarde – tendo o dito, ele saiu depressa.

- Remmie, por favor, espera! Porra... Que droga!

- Foi mal. Pensei que você já tivesse falado com eles...

- Eu pretendia não contar. Não quero que eles me olhem com pena, nunca precisei disso e você sabe.

- Sirius, larga o orgulho de lado um pouco.

- Uhum – murmurei e ela revirou os olhos.

- Vai fazer o que em relação ao Lupin, então?

- Vou conversar com ele e aproveitar pra entregar o livro que ele esqueceu aqui – falei, pegando o livro que estava ao meu lado.

- Ok, então. Mas antes de você ir, pode ao menos me dizer onde é que você tava no natal?

- Fui pra casa dos Potters.

- Potter?! V... você tava com os Potters, Sirius?... Oh mon Dieu! São eles os traidores do sangue, certo?

- São.

- A Walburga não sabe que você foi pra lá, né? – questionou, preocupada.

- Não, graças a Merlin!... Pera aí, você disse que eles falaram dos três...

- Falaram, por causa dos comentários que chegaram até eles.

- Me viram abraçando o James.

- O Potter? – Assenti e Mary fez careta. – Puta merda.

- É. – Respirei fundo. – E a Dona Anastácia? Como foi a reação dela?

- Com o fato deu ser grifana?

- Isso.

- Ela quis me matar.

- Achei que te enviaria um berrador, juro.

- Ela não ousaria tanto, tem sempre o mínimo de regalia estúpida – debochou. – Minha mãe não deve ter deixado ela me mandar um berrador e meu pai provavelmente quis manter o nome da família limpo. Você sabe como eles são.

- Somos verdadeiros desertores das famílias! A Andy tava certa sobre nós dois.

- No meu caso não é pra tanto, minha mãe é boa comigo. Mas no seu... Eles te torturaram, não foi?

- Nada que eu já não tenha sofrido antes.

- Sirius, por que não conta? Você tem os Potters agora... Se o Sr. Potter soubesse o que acontecesse...

- Você sabe que essa é uma das regras que não podem ser quebradas, não é? Sabe que não posso abrir a boca.

- Claro que eu sei! Tive que estudar e aprender essa porra com você desde que eu praticamente nasci! Mas desde quando você obedece regras, Six? Principalmente as impostas pelo Órion?

- Nunca obedeci...

- E não vai ser agora que vai começar, certo?

- Não é tão fácil...

- Confia neles? – Assenti. – O peso que você tem nas costas é grande demais, às vezes dividir o fardo é bom.

- Vou pensar sobre isso... Valeu, Maryzinha. Tô indo falar com o Remmie, se cuida!

- Ei, ei, ei! Se despede direito, que indecoroso!

- Você é insuportável! Onde foi que aprendeu a agir assim?

- Aprendi com o melhor. Je t'aime, mon frère – Mary disse, beijando a minha bochecha direita.

- Je t'aime aussi, ma sœur – falei, fazendo o mesmo. – Se cuida! E se por acaso você ver o Reg por aí, fala que eu preciso conversar com ele.

- Fica tranquilo, aviso pra ele amanhã.

- Au revoir!

- Jusqu'à! – disse, mostrando o dedo do meio para mim, me fazendo cair na gargalhada enquanto corria em direção ao castelo.

Ao chegar à porta, respirei fundo e apertei o livro contra meu peito, entrando lentamente no quarto e notando o cortinado da cama de Remmie fechado. Me aproximei e sentei-me no chão ao lado da cama. Abri o livro e observei um trecho interessante. Sorri e comecei a ler.

- "Os preconceitos, todos sabem, são mais difíceis de erradicar do coração cujo solo nunca foi revolvido nem fecundado pela educação. Eles enraízam, firmes como ervas daninhas no meio das pedras". – Ouvi o cortinado se abrir e os olhos castanhos amarelados me observaram. – Me perdoa? – Estendi o livro em sua direção e ele me puxou junto para cima da cama.

- Perdoar... o quê?

- A mentira?

- Todo mundo erra, relaxa. Eu menti várias vezes pra vocês.

- Realmente. – Ele revirou os olhos, sorrindo.

- Então, quer dizer que você vai me contar a verdade?

- Não só pra você. O Jay e o Piet merecem saber disso também... Se importa de esperar?

- Nenhum pouco.

- Pode continuar lendo até eles chegarem?

- Posso sim, deita aqui – falou, pegando uma almofada e a colocando em seu colo.

Assim que me deitei, Remmie continuou a ler – sem interrupções minhas dessa vez – e só parou quando James e Peter chegaram no quarto.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora