O espelho de dois sentidos

728 80 4
                                    

(P.O.V. Sirius)

(28/07/1973)

- Não tô acreditando até agora que você conseguiu essa proeza, Maryzinha.

- Eu sempre consigo o que eu quero, Six.

- Você é incrível, maninha! – exclamei, abraçando-a.

- Sei que sou, maninho. Espera só uma semana, ok? Já mandei uma carta pro James e... bom... só precisamos esperar a resposta.

- Como assim, Mary?

- Relaxa, ok? Eu mandei uma carta pro Potter, avisando que você estaria aqui na minha casa até o início das aulas. E, digamos que... na carta eu pedi que ele convidasse a Mckinnon, o Lupin e o Pettigrew pra virem no mesmo dia que ele!

- Você ficou maluca de vez? Se a Anastácia e a Walburga aparecem do nada? Sua mãe não vai conseguir controlar as duas e ainda por cima o seu pai e o Órion!

- Maninho, você sabe que a minha mãe não liga pra essa babaquice de pureza de sangue, né? Se acaso acontecer alguma coisa... ela vai me avisar na mesma hora. Sei que é difícil acreditar, mas ela tá ajudando a gente.

- Pelo menos a Fellicity é meio legal e... Ah, Merlin! Como eu não pensei nisso antes?

- Que foi?

- O espelho!

- Que espelho?

- O que o tio Monty me deu no natal!

- É o quê? O que um espelho tem a ver com a nossa conversa, Six?

- Tem tudo a ver, Maryzinha... – Comecei a caça-lo em meu malão, desesperadamente.

- Dá pra falar logo que merda de espelho é esse?

- Achei! – exclamei assim que o peguei em mãos.

- Sirius Órion Black III, dá pra explicar?

- É um espelho de dois sentidos, Maryzinha. Simples.

- Que porra é essa?

- Espere e verá! – anunciei, dando uma leve mexidinha no espelho. – James, tá aí?

- É sério... isso? Tá falando com um espelho agora?

- Mary, fica quietinha, por favor.

- Nossa, grosso! – Ela cruzou os braços.

- James Fleamont Potter? Ei, tá aí?

- Sirius? – ouvi a voz de meu irmão ressoar até ele finalmente aparecer do outro lado do espelho. – Porra.... Por que demorou tanto pra usar o espelho? Tava preocupado com você!

- Me esqueci completamente do nosso artefato aqui, irmão.

- Tá tudo bem? Recebi uma carta da MacDonald hoje... há uns cinquenta minutos.

- Ela acabou de me falar sobre a carta que te enviou.

- Mary tá aí do seu lado?

- Tá sim, mas... ela tá de boca aberta ainda por descobrir o que é um espelho de dois sentidos, mas tá tudo bem. Vocês vão vir?

- Claro que vamos, seu otário! Enviei as cartas pro Remus, pro Peter e pra Marlene assim que terminei de ler.

- Fico aliviada por isso – Mary participou. – Quando vocês vêm nos visitar? Minha casa tá muito silenciosa, precisamos de barulho! Só eu e o Six conversamos aqui, os assuntos já estão acabando. E o Reg... ele passa o dia todo trancado lá em cima. Tenho quase certeza que ele fez um feitiço pra não ficar nos ouvindo.

- Eita, tá tão ruim assim? – Assenti e ele me olhou solidário.

- Ele trocou umas seis palavras comigo, eu acho...

- Na verdade foram oito... eu mesma contei!

- Que legal da sua parte, Maryanne.

- "Estou indo lá para cima, tchau para vocês". Viu, eu disse que eram oito!

- Ele só disse isso pra vocês?

- Com a Mary ele até conversa... de vez em quando, mas comigo só foram essas palavras mesmo.

- É horrível ver os dois tão separados, sabe? – Mary suspirou. – Sinto muita falta de quando éramos bem pequenos e corríamos pra lá e pra cá, sempre deixando a minha avó e a Walburga furiosas, porque não estávamos nos comportando adequadamente.

- Era incrível deixar elas putas da vida... e o Reg, às vezes, até participava. Mas, no geral, era eu, a Mary e a Andy. A deserdada e os dois próximos a serem – satirizei e ela me lançou um olhar mortal.

- Six...

- É a verdade e nós já sabemos disso. – Dei de ombros. – Eu tenho certeza que em algum momento vão desistir de mim... enquanto você... talvez Fellicity impeça a Anastácia de te deserdar, o que eu não sei se é bom ou ruim..., mas com o tempo saberemos...

James pigarreou e nós dois o olhamos.

- Vocês vão ficar sozinhos aí até às férias acabarem?

- Sim – respondemos, sorrindo.

- Isso é bom, certo?

- É muito mais que bom!

- Sem Walburga e Órion. Sem Anastácia e Ethan. Sabe o que eu sinto, maninho? Paz, Jay, só sinto paz! Sem nenhum familiar chato e insuportável por perto pra estragar meus dias.

- Quem é Ethan e Anastácia? – James questionou.

- Anastácia é minha avó e Ethan é filho dela, ou seja, meu pai.

- Sabe que não precisa ser tão carinhosa quando cita o nome deles, né?

- Six, pas maintenant...

- Je pense seulement...

- S'il te plaît

- Ok, je comprends. Nous en parlerons plus tard.

- Exactement...

- Vocês tão brigando ou é só impressão minha?

- Não estamos brigando, Potter. – Mary jogou-se no sofá próximo à lareira.

- Acho que... Por Gryffindor! O Ciro já voltou!

- Sério? – perguntei, animado.

- Sim e... ele trouxe as respostas!

- Todos vão vir?

- Sim!

- Quando?

- Amanhã às duas da tarde. A minha mãe me deixou ficar três dias aí com vocês, e... pelo jeito a mãe do Piet e da Lene também deixaram eles.

- E o Remmie? Ele não vem?

- Na carta o Remus disse que tá conversando com a tia Hope ainda, e que o Lyall o deixou vir amanhã, mas não sabe se o Sr. Lupin vai deixá-lo ficar os três dias, por conta da... febre que ele teve há uma semana.

- Febre, como assim? Ele tá bem? O que houve?

- Sirius, larga de ser sonso! Você sabe... aquela "febre" que atinge o Remus todo mês.

- O Lupin fica doente todo o mês? – Mary entrou na conversa, confusa.

- É que ele tem imunidade muuuuiito baixa, Maryzinha, qualquer coisa deixa ele doente. – Olhei novamente para James. – Mas... ele tá bem, né? Tá melhor? Ainda tá com sintomas? Ou já tá recuperado? Ele...

- Na carta ele disse que tá tudo bem... só tá com um pouco de dor de cabeça, mas nada que uma barrinha de chocolate não resolva.

- Que bom, eu estava preocupado...

- Nem dá pra perceber, maninho – Mary satirizou e eu revirei os olhos.

- Te vejo em breve, então? – James assentiu, todo alegre e eu não pude deixar de sorrir largamente.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora