Nada demais

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(P.O.V. Peter)

...

- Finalmente! Pensei que vocês dois não viriam mais. – Sirius disse ranzinza ao entrarmos na enfermaria.

- Não é nossa culpa que a Sprout resolveu passar o dia todo naquela maldita estufa... justo hoje – James resmungou, mostrando a folha restante para ele. – Eu e Peter já estamos com as nossas, só falta você. – Caminhamos em sua direção e Jay entregou a folha para ele.

- Valeu. – Rapidamente Sirius a colocou na boca enquanto James tirava a luva de couro de dragão da mão. – Pra que isso, Potter?

- Eu sei lá... Só achei legal e... peguei pra mim.

- Por Merlin!

- Nem vem, você faria o mesmo!

- Como vamos fazer, Sirius? – perguntei, fazendo com que eles se virassem para mim.

- Vamos levar o Remmie até o Salgueiro e ficar esperando até o sol nascer.

- Lá de fora?

- Sim.

- Não é perigoso ficarmos lá?

- A floresta proibida é bem perto de lá, mas não acho que seja perigoso madrugar.

- Sirius, você se lembra dos gritos que ouvimos no mês passado? – James entrou na conversa.

- E tem como esquecer?

- Nós não ficamos nem mesmo cinco minutos lá e você já queria entrar na casa pra ajudá-lo, tem certeza que tá preparado pra escutá-lo a madrugada inteira e continuar sem fazer nada?

- Eu... er...

- Acho melhor você dormir essa noite e eu e o Peter ficarmos esperando lá do lado de fo...

- Acha mesmo que eu vou conseguir dormir hoje, Jay? Se ontem eu tava preocupado, hoje eu tô uma verdadeira pilha de nervos! – Ele suspirou ao virar-se para olhar Remus, que estava dormindo na mesma maca de sempre. – Eu não posso ficar com ele dentro da casa... ainda. Então, eu vou ficar com vocês.

- Certeza? – Potter indagou novamente.

- Absoluta.

- Ok. Temos que tomar cuidado pra não sermos vistos por nenhum aluno e, de preferência, por nenhuma criatura da floresta proibida, até porque, eu realmente não tô afim de virar comida de aranhas gigantes e muito menos me deparar com a colônia de centauros.

- Aranhas gigantes? Lá dentro? – questionei, assustado.

- Pensei que seu maior medo fossem palhaços, não aranhas.

- Eu tenho fobia de palhaços, James. E tem uma grande diferença entre aranhas normais e aranhas gigantescas!

- As aranhas normais te matam com uma picada. As aranhas gigantes te comem vivo! – Sirius debochou, fazendo todos rirmos.

- Baita diferença! – eu disse em meios as gargalhadas.

- Piet? – Sirius chamou e eu o olhei. – Por que nunca falou pra gente sobre o seu medo de palhaços?

- É só um medo ridículo que eu tenho... nada demais...

- Sinceramente, acho que aprendemos ontem que nenhum medo é "nada demais" – James falou, me fazendo lembrar dos acontecimentos da tarde de ontem. – Eu sei que eu e o Sirius zoamos todo mundo, inclusive te zoamos bastante, mas somos seus amigos, tá? E você sempre pode contar com a gente pra tudo! E eu sei que nunca deixamos isso muito claro, mas se você não gostar das brincadeiras que fazemos é só falar com nós dois que paramos, ok? – Assenti, envergonhado.

- Vocês sabem que meu pai abandonou a minha mãe quando ela tava grávida, certo?

- Sim – Jay e Sirius responderam juntos.

- Ele nunca me assumiu e nunca voltou a aparecer. Minha mãe acha que ele deve ter morrido. Mas apesar do desamparo dele, os meus avós se preocuparam comigo... apesar de serem puristas e seguirem fielmente a ideologia, não se importaram com o fato da minha mãe ser nascida trouxa e eu ser um mestiço...

"Bom... até eles suspeitarem que eu fosse um Aborto... Eu não demonstrei magia alguma até meus oito anos, e meus avós culparam a minha mãe por isso. Mesmo depois da minha primeira demonstração de magia... eles não quiserem mais ter contato comigo por me acharem uma bruxo fraco... Eles morreram pouco tempo antes de eu vir pra Hogwarts. Minha mãe acha que meu medo de palhaços tem a ver com o abandono deles, mas nós nunca descobrimos o porquê exatamente."

- Eu sinto muito, Peter – Sirius disse, me abraçando.

- Desculpa por nunca ter perguntado nada pra você... Somos amigos há três anos e isso era algo que deveríamos saber – James falou, se juntando ao abraço.

- Na verdade... essa é a primeira vez que eu conto sobre isso pra alguém.

- Pelo jeito nós somos um bando de ferrados juntos! – a voz cheia de sarcasmo de Remus surgiu do nada, fazendo todos nós o olharmos. – Que caras são essas? Vocês tão conversando aí tem um tempão. Pensaram o quê? Que eu não acordaria e ouviria tudo? Eu quero participar desse abraço também! Venham aqui. – Ele estendeu os braços e nós três praticamente pulamos em cima da maca.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora