(P.O.V. Sirius)
...
- Remmie? – Bati na porta.
O silêncio reinou, então fiz a coisa mais óbvia possível, apenas entrei no quarto... afinal de contas, ele era meu também e eu poderia entrar no momento que eu quisesse.
Ele estava sentado na cama, abraçando as próprias pernas, o nariz e a boca sangrando ainda, quieto e pensativo.
- Lobinho? – chamei assim que fechei a porta e novamente não tive resposta.
Caminhei até lá e me sentei na cama dele.
- Oi – disse, simplista.
- Oi.
E novamente o silêncio pairou pelo ar...
Me levantei um tempo depois e fui até a parte do armário, onde eu deixava as poções, lenços, ervas e as outras coisas que Madame P. dava para ele e eu guardava se acaso fossem precisas.
Molhei dois lenços com uma poção curativa e me sentei ao lado dele.
- Posso?
- Não precisa, Six. Eu tô bem.
- Bem é o cacete, Remus John Lupin! – exclamei com um dos lenços na mão.
- Se eu disser que não pode, você vai insistir até eu aceitar que cuide dos meus machucados, né?
- Você me conhece, Remuxo. Não vou limpar até você dizer com todas as letras que eu posso, mas também não vou parar de te encher a paciência até dizer isso e me deixar cuidar de você.
- Eu sei.
- Que bom que sabe. Posso?
- E que tal eu fazer isso? – Ele estendeu a mão.
- Acha mesmo que eu vou te deixar ficar com toda a diversão? – Cruzei os braços e o olhei indignado.
- Você é um idiota, Six. – Ele sorriu e se recostou na cabeceira.
- Décima quinta vez.
- Só isso?
- Você não passou muito tempo comigo hoje... não acho que teria como aumentar essa conta sem estar perto de mim.
- Você tem razão.
- Eu sempre tenho razão! – exclamei, fazendo ele rir. – Posso?
- Pode, Six. Você pode.
- Viva! – Fiquei de frente para ele e me ajoelhei na cama, começando a limpar o sangue com um dos lenços.
- Por que tá ajoelhado?
- Assim fico maior que você e consigo ter uma visão melhor do seu rosto – falei, começando a limpar o pequeno corte nos lábios dele.
Puta que me pariu, aja concentração, meu Merlin do céu!
- Não é como se conseguisse ter isso todos os dias – satirizou.
- O quê? Ficar maior que você ou ter uma visão tão ampla e agradável do seu rosto? – debochei.
- Ficar maior que eu e... por acaso meu rosto tá sendo uma visão agradável, é? – Arqueou a sobrancelha.
- Muito mais do que você imagina – soltei sem pensar direito e ouvi ele rir.
Ainda bem... Ainda bem que ele pensou que fosse deboche... Puta merda, Sirius, se concentra!
- Até que sua visão daqui debaixo... não é tão ruim também. – Fazia tanto tempo que não flertávamos de zoeira que eu nem lembrava o quanto Remus se divertia e ficava mais ousado "flertando".
- Não é tão ruim? Assim você me machuca, querido. – Coloquei a minha mão livre no coração, dramatizando com todo meu ser. – Não sou nem mesmo uma visão agradável?
- Quem sabe se tivesse um pouco mais perto... eu poderia pensar sobre isso.
- Assim? – Me aproximei mais um pouco.
- É uma visão bem agradável pra mim.
- Se eu chegasse mais perto seria o que, então?
- Aí eu já não sei, por que... não tenta? – Me aproximei mais ainda.
- Então...? – Ele ergueu a mão e ajeitou alguns fios soltos do meu cabelo, os colocando atrás da minha orelha.
Me gelei inteiro com isso. Agora me lembrava exatamente o motivo de ter parado com esses "flertes".
- Acho essa visão maravilhosa – disse ao tirar a mão do meu rosto e sorrir ladino.
- Uhum – só consegui murmurar isso ao notar que eu ainda estava com o lenço no lábio inferior dele.
- Não tá curioso pra saber como eu fiquei todo machucado?
- Não é como se você fosse me contar isso.
- E como sabe disso?
- Simples, te conheço como a palma da minha mão. Por mais que eu deteste que não queira me contar quem foi o desgraçado.
- Pra que eu contaria?
- Pra eu revidar?
- Impulsivo.
- É, você sabe que eu sou, principalmente se tratando de alguém que bateu em você e te deixou assim. Se eu descobrir quem foi, eu garanto que vou...
- Você não garante nada, porque você não vai saber.
- Mas, Remmie...
- Sirius! – O olhei pidão. – Não vai funcionar.
- Sempre funciona!
- Não dessa vez, querido.
- Ao menos ele saiu pior do que você?
- Não... Eu nem encostei a mão nele.
- Merci, mon cher. Já tenho duas informações. – Sorri.
- E não vai ter mais nenhuma.
- Ah, qual é? Eu te garanto que assim que eu contar pro James as informações que eu tenho, ele vai me ajudar a procurar quem fez isso com você e aí... – me interrompi ao sentir a mão dele tocar minha coxa e o efeito disso foi certeiro em mim, nunca agradeci tanto por estar ajoelhado e por ele estar olhando para o meu rosto, não lá para baixo.
- Me promete que não vai fazer isso! – exclamou, mudando completamente o tom.
- P... por quê? – perguntei, em choque.
- Jura pra mim que não vai contar pra ninguém e que não vai ir ou pedir pra alguém procurar quem fez isso comigo. – O olhei no fundo dos olhos e assenti.
- Tá bem. Eu... er... – Respirei fundo. – Eu juro solenemente.
- Obrigado.
- Por nada, lobinho.
- Nós vamos descer agora, né?
- É... Devem estar esperando a gente.
- É... – Continuei com o olhar fixo no dele e sem conseguir me afastar.
- Vamos? – sussurrou.
- Cla...
- Gente, tá tudo bem aqui? – James abriu a porta e eu travei mais ainda ali.
- Tá sim. Já vamos descer, inclusive. – Remus tirou a mão da minha coxa e se levantou, estendendo a mesma para mim.
- Vou ficar... tô sem fome. – Me sentei totalmente encolhido para que nenhum dos dois visse.
- Certo, tem chocolate naquele malão ali – apontou -, se quiser pode pegar – ele disse e saiu.
- Não vem mesmo? – James questionou, me olhando.
- Não... Bom jantar.
- Valeu e... boa sorte aí. – Ele fechou a porta e eu me levantei, indo em direção ao banheiro, completamente agoniado por causa da ereção entre as minhas pernas.
...continua no próximo capítulo...
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Os Marotos (Livro 1)
أدب الهواة" - Estou lhe dizendo Dumbledore esses garotos são terríveis! Imagino que ficarão marcados nas histórias de muitos aqui, mas, principalmente, na história de Hogwarts! Já viu como se denominam? 'Os Marotos!'. Não sei se irei aguentar isso por muito t...