Eu, Moony e ele

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(P.O.V. Remus)

...

- Finalmente! – ouvi James assim que me sentei.

- Oi pra você também – respondi, mal humorado, fazendo o meu prato.

- Brigaram de novo, não foi? – Assenti e ele respirou fundo. – Puta merda viu, não tá dando mais não, um dia de paz e mil de guerra?

Fiquei em silêncio, tentando me concentrar na comida e não no que James estava tagarelando. Eu realmente precisava limpar minha mente, odiava quando discussões imbecis como essa aconteciam, mas era sempre assim com o Sirius... Ele conseguia levar qualquer pessoa a ultrapassar o limite da raiva em segundos.

Piet e Jay tentaram me interrogar durante o caminho de volta sobre o "encontro", mas quando a ficha caiu e eles perceberam que eu não falaria nada, apenas ficaram quietos.

A primeira coisa que reparei quando cheguei ao quarto, foi o cortinado da cama dele fechado. Ele nunca fechava, não importava o que acontecesse...

- Boa noite – James disse, se ajeitando na cama com o cabelo ainda um pouco molhado pelo banho que havia acabado de tomar.

- Noite – respondi, perdido em pensamentos.

Alguns minutos depois já comecei a ouvir roncos das duas camas da frente, me virei de lado, mas o cortinado continuava fechado. Eu já estava começando a ficar preocupado e paranoico com isso...

Respirei fundo e caminhei até a cama dele.

- Six? – Abri uma frecha do cortinado, o encontrando ali, dormindo com um dos meus livros e um pergaminho todo riscado nas mãos.

Me sentei ali e peguei o livro.

- Por que você tá lendo Fahrenheit 451, hein? Não é o tipo de coisa que te imaginei lendo – sussurrei, arrumando alguns fios de cabelo que estavam tapando seu rosto e o observando cautelosamente.

Voltei minha atenção para sua outra mão com o pergaminho e o punho enfaixado. Aproximei minha mão, pegando o pergaminho com cuidado para não acordá-lo e comecei a ler as anotações escritas ali.

"Quantas vezes um homem pode afundar e continuar vivo? – Fahrenheit 451, de Ray Bradbury."

E, logo abaixo do trecho anotado do livro, estava um comentário dele:

"Sinceramente, eu não faço ideia. Não tenho contado quantas vezes tenho me afundado em meus próprios pensamentos ou em problemas ultimamente, mas é bem cansativo continuar vivo depois de tantas situações de merda e arruinações de sentimentos."

Lá embaixo da folha em meio a muitos rabiscos estava uma outra citação que eu sabia de cor:

"Há coisas que são preciosas por não durarem. – O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde."

E outro comentário dele estava lá:

"Talvez sejam só coisas momentâneas e realmente não deveriam ter durado mesmo, porém, as coisas que James vive falando para mim sobre o tal destino estão me deixando LOUCO! Não me entenda errado, ODEIO adivinhação... meu irmão também..., mas ele acredita no destino e ele enche minha cabeça para que eu acredite também. Eu não acredito, mas ultimamente minha cabeça está cheia demais para eu raciocinar com coerência e tenho pensado que talvez... só talvez... o destino seja real e seja um verdadeiro filho da puta!"

Ok... Eu poderia pensar muitas coisas do Sirius, mas nunca o imaginara gostando de escrever críticas ou só revoltas mesmo... Era bem comum ouvir ele falando assim, só que eu nunca imaginara tais falas sendo escritas...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora