Uma mãe sempre sabe de tudo

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(P.O.V. Remus)

(30/12/1972)

Eu era um poço de indagações desde o momento que meu pai deixara que eu fosse mesmo à casa de James e passasse o natal lá.

Era a primeira vez na minha vida que eu ficara tanto tempo fora de casa – sem estar em Hogwarts, obviamente – e isso era tão empolgante! Eu estava muitíssimo feliz! Ainda mais com toda a animação que todos ali demonstravam em ter minha companhia. Me sentia incrivelmente querido.

Já visitara a Casa Potter, mas fora algo tão rápido que nem havia prestado atenção nos detalhes. Era um verdadeiro casarão, uma grande sala de estar e vários quartos, a cozinha repleta de detalhes trouxas – pois Tia Euph amava cozinhar, colocando a mão na massa e não fazendo feitiços – e um jardim magnífico – o canto de lazer de tio Monty.

Por ter tantos quartos, acreditei que cada um de nós dormiríamos separados, mas quando James e Sirius souberam desse pensamento meu, ficaram bravos por eu ter cogitado que não ficaríamos todos juntos.

Confesso que não deixei de notar que o quarto de James daria duas salas de estar da minha casa. Mas as comparações sumiram rapidamente quando notei o mural que ele havia feito com inúmeras fotos nossas. Sorri largamente ao reparar o cuidado que Jay tivera ao fazê-lo.

"Vocês tem que assinar!". Foi o que ele disse assim que percebeu para onde eu estava olhando. James Potter era definitivamente um raio de sol, que iluminava tudo e todos ao seu redor com seu jeito maluco e extravagante, mas repleto de carinho e cuidado.

Faixas e detalhes vermelho e dourado rodeavam desde o chão até o teto. Um pouco obsessivo? Sim, mas James era louco pela Grifinória e as cores combinavam perfeitamente com seu estilo.

Pisquei algumas vezes ao reparar que a cama na verdade se tratava de duas camas de casal encostadas uma na outra. Quando me virei para os dois e comentei sobre aquele fator, ambos deram de ombros e disseram que haviam feito aquilo para que ficássemos muito confortáveis. Enfim, apenas eles sendo eles.

A guerra na neve certamente foi algo memorável, ainda mais quando tio Monty começou a participar e pouco depois tia Euph também. Bolinhas eram arremessadas para todos os cantos, acertando cada um de nós e nos fazendo gargalhar no processo.

Euphemia Potter era uma mulher extremamente doce, mas não perdeu a oportunidade de ser travessa ao nos contar várias histórias engraçadas e constrangedoras de nosso amigo, tudo isso enquanto preparava chocolate quente.

Jay e Six não paravam quietos, quando não estavam brigando e irritando um ao outro, estavam planejando alguma peripécia por aí. Meus ouvidos estavam bem atentos para qualquer manifestação marota que pudesse vir direcionada a mim, Peter, por outro lado, não teve tanta sorte assim.

No dia em que saí de casa com eles já fora a maior loucura, pois, até mesmo para decidir onde cada um de nós dormiria, aqueles dois discutiram. Peter e eu somente observávamos a confusão. No final ficara decidido que Piet dormiria na ponta do lado direito e James no meio ao seu lado. A ponta do lado esquerdo seria minha e Sirius ficaria entre mim e Jay.

Tia Euph me puxava sempre para a cozinha quando fazia algo envolvendo chocolate, e Sirius vinha logo ao meu encalço, querendo aprender também. Só que naquele dia, ele estava ocupado tagarelando sobre o "amor" não correspondido de James por Evans na frente de tio Monty.

- É assim mesmo? – perguntou tia Euphemia ao ouvir Sirius contando como havia sido o último fora que Lily tinha dado em Jay.

- Lily não gosta de...

- Lily? – Assenti e só então percebi que havia usado o primeiro nome.

- Lily e eu somos... acho que dá pra chamar de amigos. Ao menos eu considero ela como uma amiga, não sei se... – Continuei mexendo na massa de cookies. – Lily é uma pessoa incrível, mas tem uma certa tendência a ficar irritada com James. Ela não gosta muito dele.

- Fleamont era muito tímido e eu sempre fui a mais... digamos que... atirada? É, creio que essa seja a palavra correta. James puxou isso de mim. Entretanto – ela olhou de soslaio para a sala -, ele precisa amadurecer muito ainda para perceber que há momentos em que algumas pessoas precisam de tempo e espaço.

- Sim. Sim – murmurei, colocando as gotas de chocolate, que ela havia deixado ao meu lado, na massa.

- E você, Remus? – tia Euph perguntou com um sorriso animado em minha direção.

- O que tem eu?

- Não tem nenhuma paixonite, pequeno? – Arregalei meus olhos ao encara-la.

- Ahn... não. Por quê?

- James é igualzinho a Monty, não consegue disfarçar algo que sente. Sirius... bom... aquele menino é tão bom, mas precisa descobrir muita coisa de si mesmo antes de sequer pensar em paixão. Porém, acredito que quando chegar a hora, ele será pior que o James. – Ela deu um risinho e seus olhos de repente capturaram os meus. – E você?

- Eu não... Nem imagino como é estar apaixonado por alguém... – Dei de ombros. – Minha mãe sempre disse que pra alguém amar outra pessoa... primeiramente deveria amar a si mesmo... E... er... Não vou conseguir isso tão cedo... – Voltei a me concentrar na massa abaixo de meus dedos.

- Dê tempo para si mesmo, então. – Ela se aproximou e beijou o topo de minha cabeça. – Você é mais incrível do que pensa. Por dentro e por fora.

Continuei olhando para tia Euph, completamente perdido.

- Remus?

- Hum?

- Eu perguntei se a massa já está boa, meu bem. – Assenti e ela sorriu mais uma vez.

- Ótimo! Vamos colocar para assar.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora