Orgulho e orgulho

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(P.O.V. Lily)

(06/10/1973)

Por mais que eu tentasse era difícil não sentir falta de conversar com elas. Sev havia se distanciado muito de mim e não parava de andar com alguns garotos que não me pareciam boa gente.

Desde a minha briga com Mckinnon não trocávamos olhares, imagina palavras... Brigas e discussões com ela por coisas bobas do dia a dia já eram algo cotidiano antes, mas sempre voltávamos a conversar no mesmo dia.

Eu estava muito isolada, realmente não poderia culpar nenhuma delas, eu mesma havia me isolado. Alice era a mais insistente, sempre tentando conversar comigo no dormitório, mesmo que eu a ignorasse de todas as formas possíveis. Mary e Dorcas também tentavam, mas quando percebiam que eu não abriria a boca, saíam do local e me deixavam sozinha. Marlene simplesmente me ignorava e nem tentava puxar assunto, era como se eu nem existisse. Pelo menos até agora...

- Podemos conversar? – foi a primeira coisa que ela disse ao entrar no dormitório.

- Uhum – murmurei sem tirar os olhos do meu livro.

- Olha aqui, Lily Evans... Eu pensei muito antes de vir até aqui, tô literalmente quebrando a droga do meu orgulho pra falar com você e eu espero que você faça o mesmo ou não vai adiantar porra nenhuma isso aqui.

- Certo, pode falar. – Guardei o livro embaixo de meu travesseiro e deixei um espaço para que ela se sentasse na minha cama.

- Eu queria... – Suspirou pesadamente e recomeçou. – Eu quero pedir desculpas por ter gritado com você aquele dia, não vou mentir e dizer que eu mudei meus pensamentos em relação a ele, porque eu não mudei e continuo pensando a mesma coisa, mas eu não quero que a nossa amizade acabe por causa de uma briga boba dessas. Eu sinto falta de conversar com você... e as meninas, por mais que não admitam, também sentem. Sinto falta de ficar te atazanando toda hora enquanto você tenta estudar e às vezes até de brigar com você no nosso dia a dia eu sinto falta. Amigas de novo?

- Já que é assim, eu também quero pedir desculpas por ter perdido a razão. Meus pensamentos também não mudaram e nem vão mudar, mas eu realmente sinto falta da amizade de vocês... Tô me sentindo muito sozinha e deprimida desde a nossa briga. Eu te perdoo desde que você me perdoe também.

- Acordo de paz, então? – Lene estendeu a mão direita em minha direção.

- Acordo de paz. – Estendi minha mão e apertei a dela.

- FINALMENTE! – Alice gritou ao entrar no quarto junto de Dorcas e Mary. Elas estavam ouvindo tudo atrás da porta... Eu já deveria ter previsto isso. – Eu não aguentava mais!

- Exagerada! – Lene exclamou, fazendo todas nós rirmos.

- Doeu? – Dorcas perguntou enquanto abraçava Mckinnon.

- Um pouquinho – debochou, levando o famoso tapa da Dorcas na cabeça. – Aí Docinho, isso dói, sabia?

- É claro que eu sei, era essa a minha intenção. – Ela se soltou do abraço com Lene e se inclinou na minha direção. – E esse aqui é pra você!

- Por quê? – perguntei logo depois de receber o "tapinha" na cabeça, que de tapinha não tinha nada.

- Porque vocês são duas cabeças ocas orgulhosas demais pra admitir quando estão erradas – falou, voltando para seu abraço com Lene.

- Errada a Dorc não tá – Alice disse, se sentando em sua cama.

- Posso dizer que demorou, mas nós três conseguimos convencer essa bobona aí a voltar atrás.

- Sério isso, Maryanne? – Lene resmungou.

- Seríssimo, sua orgulhosa!

- Diz como se também não fosse.

- Eu sou orgulhosa, mas não ao nível de vocês duas. Por Cliodna, eu cheguei até a pensar que nós não conseguiríamos fazer vocês duas voltarem atrás, caramba viu! – exclamou, se jogando na cama de Marlene.

- É bom ter vocês de volta, leoas. – Sorri e, por Merlin, posso dizer que já fazia um tempão que eu não sabia o que era sorrir de verdade, muito menos o que era gargalhar de uma piada ridiculamente boba, e mesmo assim engraçada.

Eu poderia não ter notado tanto antes, mas agora era diferente, eu realmente não conseguiria mais viver sem ter essas quatro malucas comigo.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora