Os Marotos (Livro 1)

Abatidos e impacientes

(P.O.V. James)

...

- Encontrou aquele filho da mãe? – Marlene perguntou, ainda revoltada, massageando o ombro recém machucado.

- Ele não tá no vestuário... é a única certeza que posso dar – respondi, pensando qual seria a desculpa dele ou melhor, em que merda o desgraçado tinha se enfiado dessa vez.

- Será que ele não tá no quarto de vocês e só perdeu o horário? – Mary questionou.

- Pode ser isso também...

- Então vai lá! – exclamou Lene, me empurrando para fora.

Fui andando tranquilamente até a comunal e subi para o quarto, mas, assim que cheguei, só encontrei Remus lendo com o livro praticamente encostado na cara dele.

- Viu o Sirius por aí? – indaguei, me sentando em minha cama e o observando.

- Não – Remus resmungou, sem tirar os olhos do livro.

- Ele não veio pra cá?

- Se ele veio, eu não reparei, Jay.

- Ah... – Os dois tinham brigado, disso eu tinha acabado de ter certeza absoluta, então apenas fiquei calado. Se Remus estivesse com muita raiva ainda, não seria eu quem iria querer ser o alvo.

- Vocês não tinham treino hoje?

- Tivemos, mas ele não foi...

- Não? – questionou, tirando o livro da cara e me olhando surpreso.

- Não. Por quê?

- Nada não, ele só não costuma faltar aos treinos...

- Lene tá furiosa com ele. Um balaço acertou o ombro dela em cheio e ela tá dizendo que se ele tivesse lá, ela não teria se machucado. – Me levantei e caminhei em direção ao espelho, tentando ajeitar meu cabelo. – Mas, mudando de assunto, já ficou sabendo que o Sirius foi o primeiro de nós quatro a beijar? Ele beijou pela primeira vez ontem à noite, sério, inacreditável o quanto aquele imbecil é sortudo!

- Uhum – murmurou. – Ele me contou...

- Eu perguntei se ia rolar namoro, mas ele me disse que isso está completamente fora dos planos dele. Que isso é careta demais pra ele e blá blá blá. Hilário e ridículo ao mesmo tempo, né? – indaguei, rindo.

- É...

- Você tá legal?

- Por que não estaria?

- Sei lá, você parece bem abatido... Eu acho que você deveria fazer uma visitinha na enfermaria, Remus, você não parece nada bem... pra falar a verdade.

- Eu tô legal, James. Não precisa se preocupar. Só preciso descansar um pouquinho, tô exausto. – O olhei severamente, pronto para ameaça-lo. – Se eu não melhorar até de manhã eu vou, melhor assim?

- Se você estiver mal e não ir pra enfermaria até o final do dia, eu vou contar pro Sirius assim que eu encontrá-lo e você sabe perfeitamente como ele é em relação a...

- Ok, eu já entendi, Jay. Só... não conta pra ele, por favor. Eu tô bem e contar pro Sirius só vai deixar ele paranoico com a minha saú...

- Só tô deixando bem claro o meu aviso, Remus Lupin!

- Obrigado pela preocupação, mas eu tô bem. Só vou dormir um pouco, boa noite.

- Não vai jantar?

- Tô sem fome – respondeu e fechou o cortinado da cama.

- Ok... então. Ao menos come um chocolate, ok? – E como eu já previa, não tive resposta alguma.

Seja lá o que estava acontecendo aqui, não seria eu quem descobriria pelo jeito... Como sempre...

Fiquei duas horas ali conversando com Piet, assim que ele chegou, não me deixando tão atoa e entediado. E nada daquele imbecil do meu irmão voltar...

Eu e Peter fomos jantar e nada dele aparecer.

Já era mais de meia noite e nada dele aparecer, até...

- Sirius? Essas são horas de chegar? – questionei, vendo seu estado de embriaguez lastimável.

- Eaí q... quatro olhos, q... quanto tempo! Senti s... saudades!

- Sua sorte é que o Remus tá dormindo e não vai te ver assim, ou ele ficaria sem falar com você de novo!

- V... vamos acordar o Remuxo que t... tal? – No momento em que notei que Sirius não estava brincando e começou mesmo a andar na direção da cama de Remus, meu sangue gelou e eu imediatamente o impedi de fazer tamanha estupidez. Cutucar o lobo com a vara curta, era uma ideia estupidamente suicida.

- Nem ouse fazer isso, tá me entendendo? – O obriguei a ir para a cama e ele se sentou lá emburrado. – Não tô afim de você ficar testando a paciência dele agora.

- E... eu só quero acordar o m... meu lobinho, m...me deixa, seu chato!

- Não deixo não. Você vai ficar quietinho aqui e vai dormir!

- Mas, Jay...

- Vai dormir, Sirius!

- James...

- Dormir, Sirius!

- Potterzinho do meu coração...

- Mas que porra, Sirius, vai d-o-r-m-i-r!

- C... chato! Quero que o m... meu lobinho cuide de mim, n... não você, seu b... babaca! – Sirius exclamou, cruzando os braços e fazendo biquinho mal humorado.

- Não começa que eu não sou o Remus pra aturar suas birrinhas! Vai dormir!

- Odeio v... você!

- Claro que odeia, amadinho. Agora, vai dormir! – Taquei o travesseiro dele em seu rosto e fiquei ali do lado, esperando.

- Vai f... ficar aí?

- Vou garantir que você não faça nenhuma merda. E se isso inclui passar a noite inteira cuidando de um bêbado inconsequente e zelando pela sanidade desse mesmo e da minha, eu vou fazer isso!

- Uhum – resmungou e se deitou de lado, virando de costas para mim.

- Tenha uma boa noite, totó imbecil.

- V... você também, bobão.

E lá se foi minha madrugada inteirinha observando o meu irmão insano e bêbado para impedi-lo de cometer a burrada de testar a paciência de Remus John Lupin. Essa é a minha vida mesmo viu! Cada uma que eu tenho que aturar...

...continua no próximo capítulo...