Velhos amigos

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(P.O.V. Remus)

...

- É, parece mesmo. Quer que eu continue lendo, Six? – perguntei depois de ouvi-lo me cortar no meio da história pela segunda vez.

- Quero sim, lobinho, pode...

- SIX! – uma voz feminina chamou Sirius, mas não simplesmente o chamou, ela usou o apelido de infância dele.... Como é que aquela garota de cabelos cacheados sabia daquilo?

Ele se levantou assim que ouviu a garota o chamar, sorrindo feito bobo, já recebendo um abraço da menina, que praticamente se jogou em cima dele, ao ponto de seus pés levemente saírem do chão.

- Senti sua falta, idiota! – a garota disse, batendo no ombro de Sirius.

- Por Merlin, Maryzinha, quanta agressividade!

- Bato mesmo! Como ousou não me dar Oi ontem?

- Dilema com primeiranistas... Nem te vi depois da seleção.

- Você viu? Grifinória, querido!

- Hahaha, sua avó vai querer te matar.

- Eu sei e não ligo – disse, sorrindo.

Comecei a juntar os pontos em minha cabeça aos poucos.

Sirius havia me dito que só duas pessoas sabiam daquele apelido, Régulus e... ela provavelmente era a segunda pessoa. Merlin, eu deveria ter perguntado o nome para ele no dia, assim não teria ficado tão perdido.

- Continua a mesma convencida de sempre, não é, MacDonald?

- Aprendi com você, Black. E... Não vai me apresentar pro seu amigo? – Os olhos castanhos escuros dela me observaram e eu me encolhi.

- Maryanne Elizabeth MacDonald, esse aqui é o meu melhor amigo, Remus John Lupin. Remus John Lupin, essa criatura irritante e extremamente convencida aqui do meu lado é Maryanne Elizabeth MacDonald. Tenha cuidado, ela morde.

- Vai se ferrar, Sirius! Eu não mordo – a tal de Mary disse. – É uma satisfação conhece-lo. Me desculpa a pergunta, mas é que eu ouvi falar muito de você no natal, você não é o traidor do sangue, não reconheço seu sobrenome, então é um dos dois mestiços, tô certa?

- Mary!

- O quê? É curiosidade, Six!

- Ouviu sobre mim no natal? – perguntei. – Mas o Sirius não foi pra casa dele no natal.

- Exatamente por isso. E ainda bem que não foi... Vocês três devem ser incríveis, eles costumam falar mal só desse tipo de pessoas.

- Maryanne!

- É Mary, Sirius. Só Mary. – Minha cabeça estava dando muitíssimas voltas. – Enfim, vocês três viraram assunto de urgência pra família Black, então, gosto de vocês, gosto muito de vocês!

- Assunto de urgência?

- Não é nada demais – Sirius tentou intervir, mas MacDonald continuou seguindo seu próprio raciocínio.

- Nada demais? Uau, não contou pra eles?

- Não contou o quê? – Me virei para ele, vendo seus ombros imediatamente se encolherem.

- Minha família não gosta muito de vocês.

- Não gosta muito? Tá minimizando pra caramba, eles odeiam vocês. O que é um bom sinal, quer dizer que vocês são pessoas boas e...

- Mary, não tá ajudando – Sirius resmungou e ela calou a boca, observando nós dois.

- O que aconteceu, realmente, dentro daquela casa, Sirius? – Seu rosto empalideceu.

- Foi só uma bronca.

- O que é uma bronca... no padrão dos Blacks? – Ele abriu a boca e a fechou várias vezes. – Tudo foi por nossa causa?

- Esquece disso, Remmie, não foi por causa de vocês... – Sirius desviou o olhar ao falar.

- Olha pra mim.

- Remus... – Ele me encarou, mas não conseguiu manter o contato visual por muito tempo.

- Tá mentindo.

- Remus, eu não...

- Tá mentindo. – Um aperto no meu peito surgiu e segundos depois o ruído zuniu em meus ouvidos com tudo. – A gente se vê mais tarde – falei, saindo o mais rápido que pude dali.

Tapei meus ouvidos enquanto corria desesperadamente, esbarrando, sem querer, em muitas pessoas até, por fim, chegar no dormitório.

Deitei em minha cama, fechando rapidamente o cortinado, e escondi minha cabeça embaixo do travesseiro. Aquilo tinha que parar.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora