A ovelha diferente do rebanho

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(P.O.V. SIRIUS)

(29/06/1971)

O sorriso falso estava estampado em meu rosto. Um padrão a se seguir para a própria sobrevivência dentro de casa, principalmente quando grande parte da família Black estava reunida.

A Mui Antiga e Nobre Casa dos Blacks, minha "casa" – se é que aquilo podia ser chamado de casa -, carregava uma longínqua história no mundo bruxo. E aquele maldito legado dos Blacks me perseguia por onde quer que fosse. O sobrenome era meu legado. A história era meu legado. A pureza era meu legado. O meu – desgraçado e fodido – legado, que me perseguia durante aqueles onze anos de vida e que continuaria pelo restante dela.

A chegada de minha carta de Hogwarts só piorou a situação para o meu lado.

Minha mãe – pessoalmente preferia nomeá-la como progenitora, mas esse assunto fica para outra hora – era a segunda pessoa que eu mais detestava em todo o mundo, porque em primeiro lugar, ah, aquele lugar, pertencia ao ser humano mais detestável do mundo, o homem que planejou meu nascimento. Nunca fui um filho para nenhum dos dois. Eu era o herdeiro de uma linhagem e nada além disso. Eu era o "Black perfeito"... ao menos era isso que eu deveria ser...

Obedecer nunca fora a minha "praia", se é que me entendem. Ser manipulado e andar na linha, obedecer e nunca quebrar as inúmeras tradições e ideais que a família tinha. Ser usado como um enfeite. Um objeto de colecionador. Um sorriso bonito. Uma mente maligna. Uma vida mentirosa.

Controlavam cada passo que eu dava. E se saísse da linha, ah, aquilo doía na pele, eu garanto...

Todos que olhavam para a família viam apenas a perfeição. Mal sabiam eles que ao fechar a porta, gritaria e... muitas outras coisas aconteciam. Perfeição, nada além de perfeição era permitido.

Quando era mais novo, apenas sofria calado. Não me metia onde não era chamado, pois sabia que os castigos de meu "pai" viriam tão rápido quanto os gritos de minha "mãe". Mas, aos meus nove anos, aconteceu aquilo, meu pesadelo constaste... e eu me cansei. Prometi a mim mesmo que a partir daquele dia nunca mais abaixaria a cabeça, mesmo que aquilo me custasse muito... até mesmo minha dignidade... até mesmo a minha vida.

O que acontecera comigo... jamais deixaria que acontecesse ao meu irmão mais novo. Régulus nunca teria que passar por aquilo, não permitiria, não importava o quanto sofresse no lugar do meu irmão.

O meu precioso momento de paz passou ao ouvir minha queridíssima progenitora estourar os tímpanos de meus ouvidos:

- SIRIUS ÓRION BLACK III, ANDE LOGO OU FICARÁ SEM COMPRAR ESSES MATERIAIS!

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora