•°•°• Capítulo 99 •°•°•

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Emilie não havia trocado uma única palavra com o marido depois daquela discussão, ela se sentia desolada, como se sua vida toda fosse uma imensa mentira. Estava furiosa, a única coisa que ela fez questão de dizer com clareza, era que aquele era o fim do relacionamento dos dois. Apartir daquele momento, Gabriel não seria mais bem vindo.

Aquilo foi muito mais doloroso do que ele poderia imaginar a anos atrás. Aquele olhar de desprezo vindo da mulher que sempre o olhou com amor e admiração. Ela não era mais a mesma, e como se não bastasse, ver Adrien se virar e ir embora logo atrás da mãe, fez Gabriel questionar se valeria a pena seguir com a vida. Não conseguiria, não sem eles. Não podia imaginar um dia se quer sem sua família. Queria abraça-lo, acolher o filho nos braços, o filho que fez com que ele abrisse mão daquela paixão ardente e se dedicasse ao máximo para ser um ótimo pai, mas Adrien não permitiu... Não permitiu que ele o tocasse, ao menos pôde se aproximar.

Já era de se imaginar, por mais que o filho o amasse, o loiro sempre foi muito apegado a mãe, já era de se esperar que ele não a deixaria. De qualquer forma, doeu demais vê-lo ir embora sem ao menos ouvir o que o pai tinha a dizer.

Agora era tarde. Tudo estava acabado.  Todo seu esforço, não havia válido de nada. Sabine acabou ganhando aquela batalha, mas não podia culpar apenas a ela, Gabriel sabia que era seu dever ser firme e não ceder a uma paixão passageira. Mas de que importa? Não havia nada que pudesse fazer.

Foram longas horas de viagem, Adrien havia informado ao pai que partiram em vôos separados a pedido de sua mãe, Emilie não queria ter contato algum com o futuro ex marido. Ele apenas aceitou a exigência dela, partindo horas antes dos outros dois.

O motorista o esperava no aeroporto, pronto para levá-lo para casa. Gabriel entrou no carro sem dizer uma única palavra, seu cabeça estava longe, estava completamente perdido. O que seria dele agora?

Quando o carro estacionou na garagem da mansão, Gabriel desceu deixando as malas no carro, não pretendia demorar, pegaria apenas o essencial e o resto seria levado até ele no hotel em que ficaria nos próximos dias.

Subiu as escadas lentamente, respirando fundo ao parar de frente a porta, aguardou por alguns instantes, para pegar a maçaneta a girando em seguida, parecia uma tarefa difícil, aquilo o estava deixando nervoso.

Quando caminhou pela sala, sentiu um aperto no peito, a vontade de chorar era grande, mas ele aguentou firme, desviou o olhar para o jardim, olhando para o banco que Emilie costumava se sentar para ler, então voltou a caminhar em direção ao andar de cima, indo até seu quarto, era horrível estar ali. Tudo o lembrava dela, tudo parecia ter o mesmo perfume que ela.

Gabriel caminhou até o grande guarda roupa, pegando alguns de seus ternos e os colocando sobre a cama. Fez uma pequena pausa ao voltar para pegar mais coisas, observando alguns vestidos floridos, era tudo tão colorido e alegre.

— Emilie... — Sussurou para si mesmo, pegando um dos vestido, sentindo o tecido entre seus dedos. Dessa vez, permitiu que uma lágrima escorresse. Doía demais saber que nunca mais a veria vestindo eles novamente, ou vestindo qualquer outra coisa, porque ele nunca mais à veria. Não se dependesse dela.

Após separar tudo o que pretendia levar, decidiu que era hora de ir. Então pegando a pequena mala que havia feito alguns minutos antes, voltou a caminhar pelo corredor, observava cada detalhe, era a última vez que passaria por ali. Que colocaria os pés naquele lugar. Parou por um instante, olhando para a porta a sua direita. Era o quarto de Adrien, não pensou duas vezes antes de colocar a mala no chão e abrir a porta.

Não conteve um sorriso fraco, ao ver as coisas do filho. Estava tudo tão organizado, como sempre, Adrien sempre foi muito responsável com suas coisas. Observou o notebook sobre a escrivaninha, os livros na estante, todos presentes da mãe, que sempre o estimulou a ler.

O Agreste se sentou na cama, observando tudo. Memorizando cada detalhe. Sentiria saudade da risada do filho, de ver ele jogado no sofá depois do trabalho, ou até mesmo das brigas por ele ter voltado bêbado depois de um final de semana agitado.

Se pudesse voltar no tempo, mudaria tantas coisas. No seu interior, só torcia para que ele nunca deixasse de ama-lo e de pensar no pai com carinho.

Instantes depois Gabriel foi embora, deixando para trás sua casa e junto a ela, as recordações que tanto amava ao lado de sua família.

O valor de um segredo.Onde histórias criam vida. Descubra agora