•°•°• Capítulo 103 •°•°•

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Adrien e Nino continuaram a se falar nos dias seguintes, mesmo que o loiro não demonstrasse mais interesse algum em saber do estado de Marinette, o que era um alívio para o outro, mesmo sabendo que era uma grande farsa.

Agora mais focado no trabalho, Adrien havia decidido seguir com sua vida. A alguns dias havia arquivado todas as fotos e qualquer informação que tivesse a respeito de Marinette, não permitiria mais que ela o deixasse naquele estado, se ela estava em outra, ele também estaria e assim ambos seriam felizes, simples.

Na verdade, nem tanto. Naquela manhã ele havia acordado frustrado, após ter um sonho com o grande amor da sua vida, no qual decidira esquecer. Aparentemente sua cabeça e seu coração não estavam entrando num acordo, precisaria de mais tempo para colocar os dois na mesma sintonia.

Sendo assim, levantou da cama, indo até o banheiro, um banho frio seria perfeito para acalmar os nervos. Depois de sair e se vestir, já começava a olhar a agenda no celular, confirmando os compromissos do dia, seria corrido, ótimo, sem tempo livre, sem pensamentos inconvenientes.

Quando desceu para o café, se surpreendeu ao ver a mãe vestida de forma mais formal, porém elegante, com um terninho creme por cima da camisa rosa clara e a calça longa da mesma cor do terno dava um charme ao look, normalmente ela usava vestidos, mas com certeza aquele estilo havia combinado muito com ela. Transparecendo poder e confiança.

— Uau... Quem é você e o que fez com a minha mãe? — Disse caminhando em direção a ela.

— Você gostou? — Deu uma voltinha, sorridente.

— Eu adorei, está maravilhosa! Mas onde vai assim? — Se aproximou, beijando a bochecha da mãe antes de puxar a cadeira para que ela se sentasse, fazendo o mesmo em seguida.

— Bom, eu vou até a empresa. Depois de uma longa conversa com minha advogada e com o advogado do seu pai, conseguimos finalmente entrar em um consenso. Ele pediu transferência, mas isso você já estava sabendo. — Adrien assentiu. — E apartir de hoje, eu vou assumir a minha parte da empresa, ao lado do meu lindo filho. — Adrien abriu um enorme sorriso ao ouvir a notícia.

— Caramba, mãe, é sério? Isso é... Incrível.

— Uhum... Eu vou voltar a ativa, cansei de ficar nessa casa me lamentando, mas não se preocupe, você vai continuar como CEO e vai ser responsável por grande parte dos negócios, até porque muito em breve tudo isso será seu, se você quiser, é claro. Mas eu decidi assumir a parte de criação e confecção, dessa parte eu entendo, aprendi bastante durante o tempo que estive com seu pai, mas enfim, não vem ao caso. Hoje eu vou oficialmente reivindicar a minha parte e assumir o comando.

— Você não cansa de me surpreender, não é? — Ele sorriu, segurando a mão da mãe, que sorriu em resposta.

— Eu não teria conseguido sem você. Só nós dois sabemos o quanto está sendo difícil, dia após dia, uma luta diferente, mas estamos chegando à algum lugar e logo vamos reencontrar a paz e a felicidade.

— Vamos sim, não tenho dúvidas.

O café foi tranquilo, ambos se sentiam mais leves com a notícia, Emilie estava um pouco ansiosa para voltar a ativa com tudo e ter sua sala na Agreste. Agreste... Aquele nome não pertencia mais a ela, mas não era algo para se pensar agora.

Ela se sentia pronta, esteve ensaiando aquele momento por dias. Emilie e o filho foram juntos até a empresa, pedindo gentilmente para que ela dirigisse dessa vez, o que o fez aceitar com um certo receio, mas ela parecia feliz, então fez um esforço para não demonstrar estar preocupado, já que ela não dirigia a bastante tempo e as chances de ser uma aventura talvez traumatizante e únicas, eram grandes.

O percurso acabou sendo mais longo do que de costume, já que ela dirigia devagar e deixava o carro morrer em alguns momentos. Adrien prendia o riso, e apoiava a mãe.

— Ok, a intenção foi boa. Pensei que fosse me sentir livre por estar dirigindo, mas eu definitivamente sou uma péssima motorista. — Comentou sem tirar os olhos da direção.

— Olha, acho que péssima é uma palavra muito forte, eu diria... Ruim, ou despreparada, talvez, travada, um pouco de treino ajudaria, habilitação você tem, só precisa praticar.

— Certo, eu vou estacionar bem ali, chorar um pouco... E logo chegamos. — Adrien não conteve a gargalhada. — Você é um péssimo companheiro motivacional.

— Ah qual é, eu sempre te apoio, eu sabia que a ideia era ruim, mas estou aqui, não é?

— Ah, gracinha, então você já sabia que seria ruim?

— Imaginei, mas valeu a pena, eu tive que me segurar muito para não rir das cagadas que você estava fazendo.

— Logo eu vou ser uma ótima motorista.

— Uhum... Ou você pode deixar o seu motorista dirigir.

— Tá, essa opção me pareceu mais atrativa. — Os dois riram.

Instantes depois já estavam chegando a empresa, entraram juntos mas se despediram logo depois. Adrien tinha coisas para resolver e Emilie tinha uma nova sala para decorar e se acostumar, era a antiga sala de Gabriel, mas estava bem com aquilo, já que a mesma estava vazia e quase nada ali a fazia se lembrar dele, tirando a mesa, a cadeira e as paredes, droga... Já havia ido naquele lugar vezes demais para não se lembrar dele.

— Hum... Com minhas coisas vai ficar ainda melhor. — Disse colocando uma caixa sobre a mesa, onde haviam vários pertences que deixariam aquele lugar mais confortável e a cara dela.

Um bom tempo depois o lugar já estava do jeitinho que ela imaginou, sua mesa estava devidamente organizada, com seu computador e ao lado alguns papéis importantes. Sorriu ao olhar a foto que também estava sobre a mesa, era do dia da formatura de Adrien, ele estava lindo e ela sentiu uma nostalgia gostosa.

Deu uma volta, olhando ao redor, alguns quadrinhos e pequenas plantinhas dava um charme ao local, na mesinha de centro que havia de frente a uma poltrona e o "cantinho do café" como costumavam chamar, estava ficando bom, mas tinha coisas mais importantes para fazer naquele momento.

Como coordenar uma empresa. Nunca se imaginou nesse posto, mas sabia que dava conta e pretendia dar o seu melhor.

Não seria difícil nesse início, já que Gabriel já havia adiantado muita coisa antes da viagem, então sua adaptação seria tranquila. Por mais que ela soubesse o que fazer e como, era diferente cuidar de tudo "sozinha", tinha o filho, claro, mas ele também não tinha lá uma vasta experiência, de qualquer forma, era muito bom no que fazia e seriam uma ótima dupla. Pelo menos ela torcia por isso.

Horas mais tarde, Adrien havia convidado a mãe para o almoço, queria saber como ela se sentia no meio de tanta novidade, estava ansioso para saber como estava sendo a experiência.

Chegou mais cedo ao restaurante e a aguardou, ela não demorou a chegar, logo se juntando a ele com o mesmo sorriso doce de sempre.

— Boa tarde, parece animada. — Disse observando ela puxar a cadeira para se sentar de frente a ele.

— Estou muito. Como está sendo seu dia? — Ela sorriu, fazendo uma leve carícia na mão dele sobre a mesa.

— Normal, até que bom. Mas quero saber de você, o que está achando do seu primeiro dia como empresária?

Emilie riu. — Está sendo ótimo, bastante trabalhoso mas é bom. Gostei, mas sinto que ainda tenho muito o que aprender.

— Todos nós temos. — Ele sorriu, pegando a taça a sua frente e tomando um pouco de água.

— No modo geral, não é nenhum bicho de sete cabeças, eu meio que já tinha uma boa base de como seria, mas confesso que é um pouquinho mais complicado fazer tudo sozinha. A responsabilidade é enorme.

— É, nisso você tem razão. Quando comecei me senti tão nervoso, mesmo com os treinamentos e a ajuda do meu pai, ainda assim, era bastante... Assustador, eu diria. Mas como você mesma disse, já tem uma boa base e já sabe como funciona, agora é só se preparar para a correria, que logo a rotina volta ao normal.

— Nem me fale.

Os dois conversaram bastante durante o almoço e voltaram ao trabalho juntos. A pausa havia sido boa, mas precisavam retomar com seus afazeres.

O valor de um segredo.Onde histórias criam vida. Descubra agora