Marinette não havia dormido com os pais naquela noite, já era uma mulher adulta e sabia que era feio para sua imagem.
Dormiu em seu próprio quarto, com as luzes acesas, mas em seu quarto.
Na manhã seguinte ela havia acordado cedo para se arrumar e ir ao trabalho, estava um pouco chateada pois queria ter mais tempo com os pais, mas infelizmente não seria possível naquele momento, no entanto, ela deu várias ideias do que eles poderiam fazer na sua ausência, para que pudessem aproveitar ao máximo sua estadia. De qualquer forma, no final do dia iriam jantar em um restaurante no qual ainda não havia sido decidido e estava animada para ver como o pai reagiria a comida de lá, já que havia feito algo mais tradicional para eles jantarem na noite anterior.
Saiu de casa logo após o café, estava tão tristinha que seus pais puderam perceber, mas não havia nada que pudesse ser feito. Horas mais tarde, Miyamura também estava pronto para sair.
— Onde vai? — Sabine estava na cozinha quando viu o marido passar todo arrumadinho.
— Vou resolver uma coisa e já volto.
— Resolver uma coisa? — Arqueando uma das sobrancelhas totalmente desconfiada, a esposa o encarou. — Então eu vou com você.
— Acho melhor não, eu não demoro. Prometo.
— O que você vai resolver que eu não posso ir junto?
— Vou fazer uma surpresa para nossa filha.
— Hm... Ok, seja lá o que for, tome cuidado. Já que eu não posso ir, fico aqui sozinha.
— Sem drama, meu amor. Eu já volto.
O homem saiu deixando a esposa com aquela pulga atrás da orelha, mas não estava tão interessada a ponto de insistir. Quando desceu até a entrada do condomínio, já pode ver o carro de aplicativo que o esperava. Estava animado, sabia que era um ótimo plano e não teria como dar errado, a não ser por um detalhe.
— O senhor tem hora marcada? — A recepcionista perguntou um pouco indiferente.
— Hum... Não, mas eu serei breve.
— O senhor Agreste não atende ninguém sem hora marcada, sinto muito.
— Tenho certeza que se disser a ele quem sou, ele abrirá uma exceção. Eu sou o...
— Não posso deixá-lo subir sem hora marcada. Adrien Agreste é um homem muito ocupado.
— Eu entendo perfeitamente e não estou duvidando disso, mas como disse, serei breve. Eu só quero fazer um convite, por favor, me deixe falar com ele.
— Agende um horário e volte depois. Tudo bem?
O homem suspirou.
— Certo, sinto muito pelo incômodo.
— Não se preocupe com isso.
Miyamura caminhou cabisbaixo em direção a porta, nem havia se atentado a esse detalhe, Adrien era alguém importante, não estaria disponível com tanta facilidade.
— Ei... Espera aí, eu te conheço. — O homem se virou, sem saber de quem se tratava. Olhou de cima abaixo o rapaz que caminhava em sua direção.
— Você é o Miyamura, não é?! — Disse ao se aproximar.
— Sim... Me perdoe, mas de onde me conhece?
— Bom, nunca fomos apresentados formalmente, mas eu sou o Nino, Nino Lahife. Sua filha morou no meu apartamento por um tempo.
— Você é o marido daquela moça... Alya, certo?
— Isso, isso mesmo, a Mari falava muito de você e é um prazer conhecê-lo. Te reconheci por conta de algumas fotos, mas confesso que fiquei com receio de me aproximar e estar errado. O que faz aqui? Podemos tomar um café se quiser.
— Na verdade... — Ele olhou em direção a recepção antes de voltar o olhar para o rapaz. — Eu vim falar com o Adrien, mas ele está ocupado agora.
Nino soltou uma risadinha tranquila. — Tá nada, eu estava com ele agorinha, ele tá de boa. Assim, não de boa, de boa... Mas de boa, saca?
— Acho que não entendi...
— Deixa para lá, vamos subir.
— Eu não tenho hora marcada.
— Edai? Você é o sogrão, tem passe livre.
— Mas a moça disse que...
— Relaxa, vamo lá perturbar seu genro.
Nino tocou o ombro do homem e fez com que ele o acompanhasse, Miyamura ficou sem graça ao passar novamente pela recepção, mas dessa vez nada aconteceu. Nino conversava bastante e as vezes era até meio difícil de acompanhar, mas ambos se deram bem, ele parecia um bom rapaz. Foram juntos até a sala de Adrien, onde o Lahife bateu duas vezes antes de já abrir a porta.
— Ei, mano. Olha quem eu encontrei sendo expulso. Você tem que falar com aquela mina da recepção, maior pé no saco.
Adrien se virou estranhando ver os dois juntos ali. — O que houve? Cadê a Marinette? — Ele parecia preocupado e o sogro sorriu com aquela reação.
— Olá, Adrien. Ela está bem, não se preocupe.
— Tudo bem, então... — Adrien parecia confuso ao colocar umas pastas sobre a mesa e se aproximar mais.
— Gente, tô indo nessa. Falou. — Nino se afastou de ambos, saindo em seguida.
— Vejo que já conheceu o Nino.
— Ah, sim, ele é um bom rapaz, mesmo que eu não entenda algumas coisas que ele diz.
— Isso é normal, ninguém realmente entende, ele é meio brisado.
Miyamura se espantou com o comentário. — Usuário de drogas?
— Não... A brisa dele é natural. Enfim, me desculpe perguntar, mas o que faz aqui?
— Certo... Bom, eu vim aqui para te convidar para jantar conosco essa noite.
— Sua esposa está ciente disso?
— Não.
— Eu adoraria, mas...
— Sem "mas", recusar não é uma opção. Sei que a Marinette vai amar te ver lá.
— Eu sinceramente não acho uma boa ideia, confesso que gosto bastante do senhor, mas a sua esposa não me agrada em nada. Eu e a Marinette combinamos de não nos ver até o casamento.
— E você acha isso justo? Não ver sua noiva porque não se dá bem com a mãe dela?
Adrien suspirou pesadamente, coçando a nuca brevemente em sinal de desconforto. — Não, não é justo, mas eu quero que tudo isso seja especial para ela, não quero carregar a culpa por ter estragado as coisas por puro egoísmo.
— Você não vai estragar, você não fez nada de errado. Pode deixar que a Sabine eu controlo. A única pessoa com quem você tem que se importar é a Marinette.
— Tá... Tudo bem, onde vão jantar?
O homem pensou um pouco. — Marinette quer nos levar no Jaime verme.
Adrien estreitou os olhos. — Não seria Jules Verne, restaurante da torre Eiffel?
— Acho que é isso. Te encontro lá?
O loiro acabou rindo um pouco sem graça. — Sim, nos encontramos lá.
— As 21:00, não se atrase e nem avise a Marinette, é uma surpresa.
— Pode deixar.
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O valor de um segredo.
FanficApós a morte do marido, Sabine se vê perdida, afogada em dívidas e preocupações, um amigo próximo decide ajudar, até as coisas ficarem confusas. Agora com um problema ainda maior, a mulher se vê novamente desamparada e pressionada a esconder a verd...