•°•°• Capítulo 75 •°•°•

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— Marinette, eu vou sem você.

— Espera, eu já vou.

Adrien riu baixo, se aproximando da escada enquanto esperava ela descer.

— Nossa, que pressa é essa? Eu hein. — A mestiça disse enquanto descia rapidamente com a cara emburrada, sua careta se desfez ao ver que Adrien sorria. — Engraçadinho. Temos tempo, está me apressando por quê?

— Quero fazer uma coisa antes de ir para a empresa, vamos logo.

Marinette o encarou desconfiada, mas preferiu não dizer nada. Caminharam juntos, ela tentava organizar as palavras em sua mente para não falar nenhuma besteira enquanto Adrien parecia tranquilo, até demais.

Quando ambos já estavam no carro, Marinette não tirava os olhos da janela e suspirava tensa.

— Adrien? — Chamou sem encara-lo.

— Hm?

— Sobre o que aconteceu...

— Pode falar.

— Eu não sei o que deu em mim, eu não costumo agir dessa forma, mas...

— Fui eu que comecei, não precisa se preocupar.

— Sim, mas eu também não hesitei... É que... Eu não sei... Me senti confortável, eu também estava muito fragilizada e carente...

— Está tentando dizer que está arrependida?

— Eu não tenho certeza ainda, mas sinto que o que fizemos foi errado.

— Eu não acho. — Ele parou o caro quando o sinal fechou, se virando para ela. — Concordo que tudo aconteceu muito rápido e talvez não devesse ter sido dessa forma, mas não fizemos nada de errado, nós dois queríamos e fizemos, simples. Eu já vinha pensando nisso, mas não encontrei uma brecha para falar. Queria esperar você se recuperar pelo menos um pouco, mas aí aconteceu aquilo e você ficou mal de novo... Se você não gostou, tudo bem, não tocamos mais no assunto. Mas se gostou, não vejo problema em fazermos mais vezes. — Ele voltou o olhar para a direção e senti meu rosto queimar de vergonha, como podia dizer algo assim tão naturalmente?! — Então...?

— O quê?

— O que me diz? Foi bom ou ruim? — Marinette abaixou o olhar, brincando com os dedos, na tentativa de conter o nervosismo.

— Foi ótimo.

— E você faria de novo?

— Com certeza. — A resposta rápida fez ele sorrir.

— Então não temos um problema, certo?

— Certo...

Adrien apoiou a mão direita sobre a coxa dela, fazendo um carinho sutil enquanto dirigia, a sensação que isso causava em Marinette era boa, não tinha mais tanta certeza se era errado, mas ao mesmo tempo, sua mente voltou a quem quebrou seu coração, Luka. Ela não estava pronta para se envolver novamente, e se... Acontecesse de novo? Não queria correr o risco de se apegar e se machucar novamente.

— Devagar... — Ela sussurou.

— Desculpa, não entendi. — Ele continuava com os olhos fixos na direção.

— Eu quero ir devagar. Não estou pronta para me envolver.

— Eu entendo. Vamos deixar fluir naturalmente. Quando não quiser mais, acabou! Combinado?

— Combinado. — Se mantiveram em silêncio por um tempo. — Onde estamos indo?

— A lugar nenhum, só queria conversar com você antes de irmos ao trabalho.

— Entendi. — Ela acabou sorrindo, o que não passou despercebido por ele.

— O que foi? — Ele também sorria.

— Não é nada, estava apenas pensando em como a vida é engraçada as vezes.

— Por que diz isso?

— As coisas acontecem de forma maluca, não tem como explicar.

— Ainda não entendi.

— Bom, me baseando no seu histórico amoroso, nunca imaginei que se atrairia por mim.

— Eu posso ter um péssimo gosto para mulheres, mas as vezes abro umas excessões.

Os dois riram juntos.

Quando o carro parou novamente, Adrien soltou o cinto se virando para ela, tocou seu rosto antes de se aproximar, juntando seus lábios em um beijo calmo que logo foi retribuído.

— Te garanto que vai valer a pena. — Ele sussurrou entre os beijos.

— Eu espero que sim. — Respondeu no mesmo tom.

Marinette acabou o puxando novamente, trocando mais um beijo, até que a buzina insistente do carro de trás fizesse com que ambos se afastassem. Adrien voltou a colocar o cinto com um sorriso vitorioso no rosto.

Quando chegaram ao estacionamento da empresa, o loiro voltou a olhar para a mestiça com um sorriso sutil no rosto, enquanto ela retirava o cinto e pegava a bolsa, olhando em direção à ele em seguida.

— O que foi? — Ela sorriu.

— Nada, só estava te olhando. Vamos?

— Vamos. — Marinette abriu a porta do carro e desceu antes dele. Os dois seguiram juntos em um silêncio confortável, até o elevador que daria acesso aos respectivos andares onde ficavam suas salas.

Quando a porta se abriu novamente, a mestiça se despediu. — Bom trabalho Adrien, até mais tarde.

— Bom trabalho para você também, até. Se separaram em seguida.

Em sua sala, Marinette tentava organizar a mente antes de começar o trabalho. Aquele turbilhão de emoções era ao mesmo tempo que energizante, a deixava bastante dispersa, o dia havia acabado de começar e tinha muito trabalho para fazer.

Os pensamentos que até então estavam naquele loiro irresistível, deveriam dar lugar a novas ideias de designers para Nathaniel, se não quisesse que ele e Gabriel se juntassem para atormentar sua vida.

Gabriel havia comentado que tinha um novo projeto em mente, mas não havia chegado a se aprofundar no assunto, portanto suas informações eram rasas, mas já queria dar início as ideias, quando tivesse mais informações, concluiria o trabalho.

Marinette se aproximou da janela, a abrindo em seguida, permitindo que a brisa fresca daquela manhã batesse em seu rosto, movendo levemente seus cabelos, ela fechou os olhos, suspirando baixo. Bom, agora era oficial, era hora de focar no trabalho.

Nesse meio tempo, Luka nunca mais havia entrado em contato e mesmo que isso deixasse ela triste, trazia um certo alívio, já que assim, ela poderia finalmente aceitar que acabou e permitir que ele seguisse em frente, podendo assim, fazer o mesmo.

E lá estava ela, mais uma vez, perdida em seus pensamentos enquanto encarava o tablet a sua frente.

Passou o dia assim, apenas com o corpo presente, já que a mente viajava. Até que foi bom, isso acabou aguçando sua criatividade, fazendo com que criasse designers incríveis, no fundo estava torcendo para se encaixar no que o Agreste queria, se não encaixasse, ela os guardaria para outra ocasião. O importante é que estava inspirada, os pensamentos distantes faziam com que ela desenhasse quase que no automático, surpreendendo a si mesma com os resultados.

Por ela, passaria o dia todo apenas desenhando e pensando naqueles homens que tanto mexiam com seu coração.

O valor de um segredo.Onde histórias criam vida. Descubra agora