Voltando para dentro, Marinette suspirou pesadamente enquanto encarava a mãe antes de fechar a porta.
— Dá para você parar de implicar com ele? Que coisa chata. Ele é meu noivo e logo será meu marido. Por favor, se comporte.
— Eu me comportei. Estou me esforçando.
— Não, mãe. Você não está! — Sua voz rude deu lugar a uma mais calma e suave. — Eu sei que tudo isso é muito difícil para vocês dois, mas eu preciso de um pouco de paz, dá uma trégua. O Adrien vai ser legal se você parar de atacar ele sem motivo. A errada aqui é você, não sei por que pega tanto no pé dele. Eu sei que ele está disposto a ser gentil com você para me agradar, mas será que você consegue fazer o mesmo por mim?
Sabine suspirou revirando os olhos antes de olhar brevemente para o marido que estava ao seu lado de braços cruzados, também esperando a resposta.
Antes de responder ela negou com a cabeça, sentindo o corpo relaxar um pouco, enquanto voltava a olhar para a filha.
— Certo... Eu sinto sim raiva e ciúmes do Adrien as vezes. Não só por saber que você ama ele, mas também por conta do... Passado... Mas você tem razão, eu sou adulta e tenho que lidar com isso, mesmo que eu realmente não goste, muito menos concorde. Então te dou a minha palavra, vou tentar não pegar no pé do reizinho.
Sabine viu que Marinette voltava a fechar a cara.
— Adrien, vou parar de pegar no pé do Adrien.
— Isso, Adrien. Quero que chame ele pelo nome, isso é um sinal de respeito. E pai. — Ela se aproximou do homem com um enorme sorriso no rosto. — Você foi incrível, ele gostou de você!
— Sério? Nossa, que ótimo. Fico muito feliz! Estava tão ansioso para conhecer o noivo misterioso que eu tanto ouvia falar. Pena que ele não pôde ficar muito, mas parece um bom rapaz. Tenho certeza que teremos uma linda relação de amizade entre genro e sogro, ou talvez, pai e filho. Falando em pai, terei a oportunidade de conhecer Emilie e Gabriel?
Marinette pensou um pouco antes de responder. — Sim... Se você quiser, é claro. Eles estarão no casamento, claro que em uma mesa mais distante, mas você pode falar com eles se quiser.
— Eu adoraria.
Sabine assistia cena, contrariada, como de costume. Mas não iria intervir, sabia que seu marido era assim, tudo para ele tinha um lado bom, era paz, quase um santo. Isso era lindo e um pouco irritante as vezes, nada ali se tornava rancor, não para ele, as vezes sentia um pouco de inveja. Talvez fosse mais feliz se pudesse ver o mundo como seu marido.
— Ótimo! Agora que estamos resolvidos. Que tal um café da manhã reforçado e uma boa soneca? Eu estou morta!
O pai riu e Sabine não pode evitar de fazer o mesmo.
— Não vai me mostrar Paris?
— Claro que vou, mas antes. Uma soneca. Teremos bastante tempo para passear e conhecer a cidade. Tenho certeza que você vai amar. Você também, mãe. A cidade mudou muito desde quando se mudou, e eu serei a guia turística de vocês.
— Quem sabe não ficamos aqui e deixamos de ser turistas. — Sabine disse em um tom brincalhão.
— Aqui... Em Paris, ou em casa?
— Eu estou brincando, calma. — Marinette riu um pouco nervosa.
— Mas não é uma má ideia... Quem sabe... Vemos isso depois, agora eu preciso comer, minha barriga está roncando desde quando chegamos. — O pai concluiu.
Aquele momento era mágico, nostálgico.
Marinette observava os pais rindo e conversando na mesa, enquanto tomavam café juntos, ela se lembrava dos tempos em que moravam todos em Shangai, dos cafés agitados, sempre muito completo, tudo feito por seus pais.
Por um momento, até se esqueceram de todas as desavenças ou situações desagradáveis. Ela não podia negar que estava amando estar com eles e talvez não fosse tão difícil assim, não enquanto estivesse só os três, do jeito deles conseguiam se entender.
E quanto ao noivo, ele teria que ser paciente e se contentar com conversas de whatsapp e algumas fotos sensuais, mas só por enquanto.
De qualquer forma, estariam sempre se falando para ele não ter tanta saudade assim, e ela também, é claro.
Depois do café, Marinette levou os pais até o quarto em que dormiriam. Era o quarto extra, onde ela costumava trabalhar, mas dias antes ela havia tirado a maior parte das coisas, para colocar uma cama de casal e deixar um ambiente mais agradável e com privacidade para os pais.
Os três pareciam bastante ansiosos para se jogar na cama e dormir muito bem.
E foi quase isso o que aconteceu. Os pais de fato apagaram rapidamente, mas Marinette... Com ela não foi tão simples. Sua cabeça estava cheia, tinha tanto para pensar, tanto para resolver e ter a mãe ali do lado, literalmente, complicava as coisas. Agradeceu internamente pelo pai ter ido junto dessa vez, sabia que ele e Adrien se dariam muito bem, tirando que ele conseguia com mais facilidade acalmar a fera Sabine.
Mas não era o momento para se frustrar com esse tipo de pensamento. Precisava se acalmar e seguir com o plano. Por um momento, parou e começou a pensar no noivo, Marinette se aconchegou na cama, puxando parte da coberta para si, como se a abraçasse. Riu ao se lembrar do incidente de mais cedo e da tentação deliciosa que era ver Adrien apenas de toalha. Aos poucos seu coração foi se acalmando, não teria como estar mais feliz, tudo o que ela mais amava estava bem ali. Então assim, ela fechou os olhos e adormeceu, precisava descansar porque logo se tornaria a melhor guia turística de Paris.
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O valor de um segredo.
FanficApós a morte do marido, Sabine se vê perdida, afogada em dívidas e preocupações, um amigo próximo decide ajudar, até as coisas ficarem confusas. Agora com um problema ainda maior, a mulher se vê novamente desamparada e pressionada a esconder a verd...