•°•°• Capítulo 118 •°•°•

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— Me desculpa, não devíamos ter vindo até aqui, eu insisti. A Mari não tem nada a ver com isso.

— Adrien, por favor, se retire. Tenho assuntos a tratar com a Marinette.

— Não! — Disse firme, se colocando a frente da mestiça. — Não vou a lugar algum.

— Por acaso eu sou algum monstro? Acha que eu seria capaz de fazer algum mal à ela?

— Depois do caos que vivemos, não coloco minha mão no fogo por ninguém. Se tem algo a dizer, diga na minha frente.

— Como quiser. — Voltou seu olhar para a menina. — Estive me preparando para esse momento a algum tempo, claro que não esperava que fosse chegar tão cedo, mas já que está aqui, isso facilita muito as coisas. — Adrien estava sério, não sabia do que a mãe estava falando, observou ela se aproximar com cautela, ficando de frente para Marinette que não esboçava nenhuma reação, por mais que Adrien soubesse que ela estava nervosa. Emilie então voltou a falar. — Acho que lhe devo desculpas, mesmo confessando que te ver novamente é extremamente difícil, também não posso negar que sinto uma pontinha de felicidade em ver que está bem. Afinal, nos tornamos grandes amigas. Claro que eu te odiei por um tempo, mesmo sabendo que não teve culpa, foi inevitável, talvez eu ainda não esteja recuperada, ainda sinto muita raiva de você, mas estou tentando lidar. Já acabou, não há nada que eu possa fazer. Espero que entenda que permitir que o Adrien volte a se envolver com você, não significa que eu concorde com isso. Como disse, essa situação toda ainda não me desceu e só eu sei o quão insuportável é lidar sozinha.

— Você não está sozinha. — Disse o filho, com um olhar entristecido.

— Nesse momento eu estou, ou não a traria aqui. — Respondeu de cabeça baixa, sem encara-lo.

— Eu disse que nunca foi minha intenção te machucar, mas você sabe que meu sentimento é real, eu não posso continuar lutando contra isso e tentando fingir que está tudo bem. Eu precisava resolver, nem que fosse para colocar um ponto final.

— Você sabe que é incapaz de colocar um ponto final, faria de tudo até reconquista-la. Você nasceu de mim, acha mesmo que não conheço você?

Adrien suspirou baixo. — Só espero que isso não cause um transtorno entre nós dois. Somos só nós agora.

Emilie então voltou a olhar para Marinette. — E você? O que tem a dizer a respeito? O que você quer afinal?

— Mãe!

— Não se meta! — O encarou com um olhar repreensivo antes de voltar sua atenção para Marinette novamente.

— Ela não precisa-

— Ela tem o direito de saber o meu posicionamento diante dessa situação, Adrien. Bom, se o que quer saber é se eu realmente amo seu filho, sim, eu o amo, e não, não pretendo machuca-lo. — Desviou o olhar, antes de voltar a falar, dessa vez em um tom mais baixo e suave. — Não mais do que já machuquei. Se me der uma segunda chance, eu posso provar que sou a mesma garota que era sua amiga a um tempo atrás. Eu não quero tentar algo novamente com o Adrien, sabendo que você é contra ou que se sente infeliz com essa decisão. Já causamos dor demais a você. Então se você puder... Na verdade, se vocês puderem me dar mais uma chance...

— Você não vai mais fugir? — Marinette sentiu seu coração se partir em mil pedaços, ao ver a tristeza nos olhos dele, sua voz fraca, parecia querer chorar, sabia que ele não faria ali, não na frente da mãe, naquela situação, mas era notável que se esforçava para controlar as emoções.

— Eu não vou!

— Eu acho bom. Porque se você partir o coração do meu filho mais uma vez, eu te garanto que vou partir a sua cara. — Os dois pareceram assustados com as palavras ditas pela loira. — Eu fui clara, Marinette? Ou você fica, ou vai embora de uma vez. Eu não tenho paciência para joguinhos de interesse. Você não vai fazer meu filho de idiota! Se for para me fazer sofrer que seja uma única vez, porque a segunda eu não vou perdoar. — Emilie não pôde conter as lágrimas, cobrindo o rosto totalmente incapaz de esconder a frustração. — Eu simplesmente odeio me preocupar com vocês. Porque eu sou assim? Sempre passo por cima das minhas próprias emoções para a felicidade dos outros!

Marinette então se aproximou, passando os dedos em uma das mexas de cabelo da mulher que chorava a sua frente. — Você tem todo o direito de me odiar e com razão. Não precisa se esforçar tanto, eu vou embora, se prefere assim, já disse que não vou te machucar mais. Você é como uma mãe para mim, nunca conheci alguém tão boa quanto você, mas entendo que tudo tem limite.

— Mari...

— Adrien, agora não! — O repeendeu, sem encara-lo. — A decisão é sua, não estamos te forçando a nada. Se quer que eu suma de uma vez, é só pedir. Por mais que eu ame seu filho, isso não é motivo para ignorar seus próprios sentimentos e desejos. Eu o amo e amo você também, o suficiente para deixá-los em paz se é o que você quer.

— Não é o que ele quer...

— Estamos falando de você agora, me diz, Emilie... O que — você — quer?

— Se você for embora de novo, eu nunca mais olho nessa sua cara de anjinho manipulador. — Emilie conteve um sorriso fechado, mas isso não evitou que um sorriso surgisse no rosto da mestiça.

— Eu senti sua falta.

— Infelizmente eu também, odeio não conseguir te odiar, que droga. — Batendo os pés como uma garotinha mimada, Emilie abriu os braços acolhendo Marinette com todo o carinho, mesmo que se sentisse bastante confusa em meio aquele turbilhão de emoções que sentiu ao reencontra-la. Instantes depois se aproximou do ouvido dela, sussurrando baixinho. — Por favor, não machuca o meu menino... Ele já está sofrendo muito, precisa de você. Se ele estiver bem, eu vou ficar bem.

Marinette perguntou no mesmo tom. — Tem certeza?

— Se não tivesse, seria uma ótima oportunidade para te estrangular. — Com uma gargalhada Marinette se afastou, sentindo uma paz que a tempos não sentia, Emilie não era ameaçadora, nem quando queria, aquilo soava tão engraçado, que nem teve a oportunidade de sentir medo. Adrien parecia perdido, mas estava feliz por ver as duas sorrindo juntas mesmo que em meio as lágrimas. Talvez as coisas finalmente estivessem começando a voltar ao seu devido lugar.

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