Mais tarde naquele dia, quando Adrien já estava em casa, o mesmo se encontrava na cozinha com um copo de água nas mãos, mas não a bebia, apenas observava pela janela, como se estivesse hipnotizado. Emilie já havia notado que o filho estava bastante estranho, diferente de como estava pela manhã, mas preferiu dar espaço a ele, então ao chegar do trabalho, foi direto para o banho, vestiu algo mais confortável e se preparou para o jantar, Adrien ainda estava quieto, parecia distraido, distante, aquilo começou a preocupa-la, algo parecia errado e ela precisava descobrir o que era.
Ficou em pé, ao lado do batente da porta por alguns instantes, observando ele encarar a janela, não havia nada interessante lá fora, o que tanto olhava?
— Filho?
Ele não a respondeu.
— Adrien? — Disse um pouco mais alto. Então começou a caminhar em direção a ele, que se mantinha na mesma posição. — Amor? — O toque no ombro fez ele se assustar e soltar o copo, se virando repentinamente.
— Porra que susto!
— Adrien! Você se machucou? — Emilie olhou para a pia, vendo o copo estilhaçado lá dentro. — Se cortou? — Ela pegou as mãos dele, analisando cuidadosamente.
— Não... Eu estou bem. — Disse cabisbaixo. — Desculpa pelo palavrão.
— Tudo bem, não é a primeira e muito menos a última vez que me deparo com essa boca suja. — Ela sorriu acariciando o rosto dele. — Vou limpar essa bagunça, se senta, precisamos conversar.
Adrien concordou, um pouco atordoado, caminhou até a sala, se sentando no sofá, enquanto ouvia a mãe recolher os cacos. Ela não demorou muito, ou talvez ele que não tenha visto o tempo passar. Apenas notou a aproximação quando ela se sentou ao lado dele, o puxando para o aconchego de seus braços.
— O que houve, meu menino? Temos um problema?
— Não sei... Eu só estou pensando.
— Pensando em quê? — Ela acariciava os cabelos dele, enquanto ele se ajeitava em seu colo.
— Posso te perguntar uma coisa? Sei que hoje é um dia bom e não quero te deixar triste, mas eu preciso mesmo de uma resposta.
— Claro, meu amor, pode perguntar.
— Você ainda ama o meu pai?
Emilie acabou afastando as mãos do cabelo dele, parecia um pouco confusa e inquieta.
— Por que está me perguntando isso? Tem algum motivo específico?
— Eu sei lá... Tudo bem se não quiser responder.
Os dois se mantiveram em silêncio por longos minutos, então ela voltou a acariciar os cabelos dele. — Sabe, Adrien... É complicado. O amor, não é um sentimento que desaparece do dia para a noite, ele vai morrendo aos poucos... No meu caso, não foi assim, já que seu pai sempre foi um homem maravilhoso, ele era um ótimo marido e um ótimo pai também, sempre muito romântico, gentil, carinhoso, tao inteligente... Ele tem esse jeito meio brutamontes perto dos outros, mas perto de mim, parecia um gatinho manhoso. Aquele homem era meu mundo, ele estava presente em todos os meus planos, então, quando a decepção veio, foi de uma única vez. Não tive tempo de deixar de ama-lo, acontece, que a raiva se sobressaiu, entende? Eu odeio ele, odeio demais agora. Mas seria uma mentirosa se dissesse que não o amo também. Amo tanto que sinto raiva de mim mesma por sentir falta de tê-lo ao meu lado, sempre que me lembro dele, do beijo, dos toques, as carícias, as risadas, me lembro que outra mulher já o teve também, que sentiu o mesmo, que recebeu o mesmo carinho, o mesmo amor. O meu homem, satisfazia a outra mulher, bem debaixo do meu nariz. Como eu posso amar alguém que me causou tanta dor? Eu sinceramente não sei, mas infelizmente, eu o amo. Por isso, não quero nunca mais vê-lo. Porque eu sei que por mais que eu esteja com raiva, destruída e odiando a mim mesma... Se meus olhos se cruzarem com os dele, eu correria como um tonta para seus braços. Se ele me pedisse perdão e eu sentisse que era sincero, eu perdoaria. Porque eu sou uma idiota. Então até esse amor morrer, eu nunca mais o verei novamente.
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O valor de um segredo.
FanfictionApós a morte do marido, Sabine se vê perdida, afogada em dívidas e preocupações, um amigo próximo decide ajudar, até as coisas ficarem confusas. Agora com um problema ainda maior, a mulher se vê novamente desamparada e pressionada a esconder a verd...