•°•°• Capítulo 98 •°•°•

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Marinette já estava no aeroporto prestes a embarcar, Alya não parava de mandar mensagens e aquilo estava começando a irrita-la. Sabia que a amiga estava apenas preocupada, mas ela não queria falar sobre aquilo. Estava aliviada por ninguém ter ido procurá-la, não sabia com que cara olharia para Adrien àquela altura. Mas por sorte ele pareceu nem ter dado sua falta, talvez ele nem se importasse mais, não fazia diferença, agora já era tarde. Ela já estava caminhando pela plataforma e logo logo estaria em Paris.

Depois do embarque, caminhou em busca de seu assento, não demorou para encontrar, se sentando ao lado da janela para que pudesse ao menos apreciar a vista, já que nada parecia anima-la naquela situação.

Enquanto isso Adrien estava a sua procura, começando pelo local mais óbvio, se aproximou da porta, limpando o rosto e respirando fundo, antes de bater.

— Mari... Posso entrar? — Não obteve resposta. — Eu sei que você está confusa, eu também estou, mas... — Ele fungou, segurando o choro. — Eu preciso de você. Por favor, fala comigo. Não vou conseguir sozinho... Vamos conversar e... Decidir como resolver isso. Minha mãe está na enfermaria, ela se sentiu mal depois da discussão, meu pai... Eu nem sei onde ele está, espero não encontrá-lo tão cedo. Mari? — Ele girou a maçaneta, mas estava trancada. — Marinette, fala comigo, eu te imploro. Nós não temos culpa de nada disso, me deixa pelo menos te ver. — Princesa? Está com raiva de mim?

Adrien se afastou da porta, caminhando cabisbaixo até a recepção. Por sorte estava vazia, não estava com paciência para esperar.

— Oi, boa noite. Será que eu poderia ligar para o quarto vinte e seis, minha... — Ele fez uma pequena pausa. — Amiga está lá e eu não consigo falar com ela, ela não responde nem atende o celular, deve estar dormindo.

— Certo, só um instante. — A recepcionista logo começou a digitar algo, enquanto olhava atentamente para a tela do computador, voltando a encara-lo instantes depois. — Sinto muito, deve haver um engano, esse quarto está vazio. A reserva foi encerrada a algumas horas, inclusive foi limpo a minutos atrás.

— Isso não é possível.

— É o que consta em nosso sistema, senhor. Aqui mostra que o Check-out foi feito a seis horas atrás.

— Entendo... Obrigado e desculpe o incomodo.

— Imagina, sem problemas.

Ele se virou, pegando o celular, mas novamente, não foi atendido.

O vôo havia sido extremamente longo, por mais que Marinette tivesse dormido bastante, não havia descansado nada, as horas seguintes foram torturantes, aqueles pensamentos que rondavam sua cabeça, pareciam intermináveis, sentia como se estivesse a semanas naquele avião e sua irritação era extrema.

Quando finalmente chegou a Paris, depois de longas e exaustivas horas, ainda no desembarque, pôde ver Alya um pouco mais distante, ela parecia nervosa e caminhava de um lado para o outro. Marinette então, começou a andar em sua direção, logo após pegar sua mala, Nino foi o primeiro a avista-la, correndo em direção a ela, Alya vinha logo atrás.

— O que houve? Eu não durmo desde ontem! — Alya disse eufórica.

— Cadê os outros? Você veio sozinha?

Marinette não o respondeu, apenas soltou sua mala abraçando a amiga. — Me leva para casa... — Sua voz era baixa e triste. O casal não insistiu para que ela falasse. Apenas fizeram o que foi pedido, caminhando em completo silêncio até o estacionamento. Marinette suspirava tensa e Alya a olhava pelo retrovisor interno.

— Está com fome, Mari? — Nino perguntou preocupado.

— Não, apenas cansada.

— Deixei tudo pronto para quando chegasse, seria interessante tomar um banho e se deitar, vou preparar o almoço para quando acordar.

— Obrigada, Nino. É muito gentil da sua parte. — Ele apenas sorriu em resposta.

Alya continuava em silêncio, sentindo um aperto no peito por não saber o que fazer, estava ali para proteger sua amiga, mas nem sabia do que, Marinette não dizia nada.

Quando chegaram em casa, Nino ficou responsável pelas malas enquanto Alya e Marinette caminhavam para dentro.

Seguindo o conselho do amigo, ela foi direto para o banho, chorou um pouco mais, e se permitiu a gastar mais alguns minutos ali, sozinha.

Quando saiu, o almoço já estava pronto, mas não quis comer. Apenas se deitou no sofá cama na sala, e suspirou fechando os olhos brevemente. Tentava relaxar, mas era impossível.

Sentiu um toque suave em seu rosto, uma carícia que a fez sorrir fechado, segurando as lágrimas que começavam a se formar.

— Oi... Eu sei que tem algo errado e sei que não está pronta para contar. Mas eu estou aqui, tudo bem? Está segura agora. — Alya sussurou, fazendo com que uma lágrima escorrer dos olhos da mestiça.

— Obrigada. — Ela pegou a mão da amiga que a acariciava, dando um beijinho antes de rir. — Eu amo você.

— Eu também te amo. — Alya beijou a bochecha dela. Se afastando em seguida, assim que ouviu Nino falar ao telefone.

— Fala cara. O que houve? Calma, respira. O que aconteceu?

Alya e Marinette se sentaram no sofá, olhando na direção do Lahiffe que estava de costas para elas.

— Adrien, fala devagar. Não estou te entendendo. Sim, ela está aqui. Tá, calma, eu vou chamar. — Marinette franziu o cenho, sentindo um nó enorme na garganta. — O Adrien quer falar com você. — Nino estendeu o celular na direção dela, que pegou imediatamente, encerrando a ligação. — Ei, por que fez isso? Ele estava preocupado. O que aconteceu afinal?

— Mari? — Alya a encarou assustada.

— Eu não quero falar com ele, não quero que passem informações sobre mim e nem quero que ele venha aqui. Eu sei que a casa é de vocês, mas façam isso, pelo menos enquanto eu estiver aqui, por favor.

— O que o Adrien fez com você? Eu vou matar aquele desgraçado! — Alya disse com a voz chorosa e os olhos marejados em lágrimas.

— Ele não fez nada... Na verdade, foi o pai dele... Nossos pais, para ser justa.

O casal trocou um olhar confuso, Nino se sentou ao lado da namorada e então Marinette começou a contar detalhadamente o que havia acontecido, dando breves pausas para controlar a respiração e chorar.

Alya fazia o mesmo, aquilo tudo era um absurdo e vê-la daquela forma, era doloroso demais. Nino acabou se levantando e sentando entre as duas, as acolhendo em seus braços. — Eu sinto muito. Não vou permitir que ninguém entre aqui, não se preocupe. Está segura na nossa casa. Pode ficar o tempo que for necessário.

— Obrigada, Nino. — Ela o abraçou ainda mais forte. — Só ele sabia o peso daquelas palavras. Adrien era seu melhor amigo, quase um irmão e agora não podia permitir que se aproximasse, pelo menos até a poeira abaixar. Mas no fundo sabia que era o certo a se fazer e sabia que o loiro entenderia seu lado.

— Bom... Nós temos que ir... — Alya disse olhando rapidamente para o namorado, antes de voltar sua atenção a mestiça. — Tem certeza de que vai ficar bem? Eu posso avisar meu chefe que-

— Eu vou ficar bem, pode trabalhar tranquila. Vocês dois... Eu também tenho umas coisas para resolver, então, não se preocupem comigo.

— Certo. Qualquer emergência liga pra gente. — Nino disse sorrindo amigavelmente em seguida.

Marinette se deitou no sofá cama, esticando seu corpo, precisava descansar, estava exausta. Aproveitaria a ausência dos amigos para curtir o silêncio, ou ao menos tentaria, já que aquele turbilhão de pensamentos pareciam não querer desaparecer tão cedo. Sabia que estavam todos preocupados, mas ela não estava preparada para lidar com isso. A melhor opção, era se isolar um pouco, até entender melhor e saber como seguir em frente.

O valor de um segredo.Onde histórias criam vida. Descubra agora