•°•°• Capítulo 108 •°•°•

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Marinette estava trabalhando, ou ao menos tentava, em sua sala organizando alguns papeis, já havia tentado criar algo novo, já havia andando por cada centímetro daqueles corredores, a cabeça estava cheia, havia feito o exame no dia anterior e não conseguia se acalmar considerando que só restavam mais dois dias até que o resultado chegasse, por mais que ela já soubesse a resposta, se sentia nervosa. Talvez por saber que Adrien não estava bem, ou ela mesma não estava por querer tanto estar ao lado dele e não poder naquele momento tão delicado.

Pensou que o estava esquecendo, mas não, foi só reencontra-lo que aquele sentimento veio a tona, mais forte do que nunca, como um soco no estômago. Queria ter o convencido a desistir de toda essa bobagem, mas ele parecia tão confiante com aquela pequena faísca de esperança que carregava no peito. Os olhos dele brilhavam por achar uma solução, naquele instante, Marinette se lembrou de ter dado a entender que aquilo não funcionaria, se sentia péssima, mas não queria alimentar aquele sentimento com falsas esperanças. Já estava sendo difícil o suficiente e ela esperava que dessa vez ele finalmente abrisse os olhos e seguisse em frente. Estava frustrada, não queria ficar pensando nele, era uma tortura, precisava se distrair.

Então aproveitou que não conseguia trabalhar, caminhou até sua mesa, pegando o celular e se sentando em seguida em sua cadeira.

Esperou alguns segundos, até que decidiu que iria fazer a ligação.

A mesma não demorou a ser atendida.

— Olha só, que honra, fico feliz que tenha se lembrado do seu nobre ex companheiro.

Marinette riu, revirando os olhos em seguida.

— Nossa, que exagero. Até parece que não nos falamos a anos, estava com tanta saudade assim?

— Tá brincando? Minha vida não é mais a mesma sem você.

— Oun, que fofinho, agora me sinto culpada de te abandonar. Se serve de consolo, o Rubens ainda te quer aqui.

— Haha... Tenho certeza que sim, mas agora, eu tenho outros planos, estou curtindo o reinado de Emilie Agreste.

— Como?

— Não sabia? Ela assumiu o comando, agora ela que é a chefe aqui.

— Tá de sacanagem, é sério? Caramba, que legal, bem que ela podia ter feito isso quando eu ainda estava aí né? Palhaçada. — Os dois riram. — Brincadeiras a parte, mas como está sendo?

— Muito bom, ela é um amor, claro que eu sempre gostei muito do Gabriel, mas ela tem uma energia diferente entende?

— Sim, com certeza eu entendo perfeitamente.

— Mas eai, está gostando do trabalho novo, como está sendo?

— Está me perguntando como é ser valorizada, respeitada e incentivada? Maravilhoso! O Rubens me dá todo o apoio, não só a mim, mas a toda a equipe, aqui é uma delícia de trabalhar e eu nem estou exagerando, parece que é mais confortável, leve, não chorei nenhuma vez, acredita?

— Não brinca! Uau, isso merece uma comemoração. — Marinette riu alto, suspirando em seguida. — Tudo bem, Marin?

— Tudo, eu só... Estou com saudade. Queria que estivesse aqui.

Nathaniel sorriu ao ouvir aquilo.

— Eu também estou morrendo de saudade, vamos marcar algo para colocar o papo em dia, certo?

— Certo, vou cobrar hein.

— Pode cobrar. Então, coisa linda, você sabe que eu amo falar com você né?

— Sim, eu sei.

— Mas eu preciso voltar ao trabalho, posso te ligar amanhã?

— Claro. Bom trabalho, até mais tarde.

— Até.

Marinete encerrou a ligação, suspirando em seguida. Agora teria que dar tudo de si para se focar no trabalho e fazer com que aquele dia rendesse, sem parar para pensar no loiro que tanto atormentava seu coração.

E falando nele...

Adrien caminhava pelos corredores da empresa enquanto cantarolava alegremente uma música qualquer que nem ele sabia ao certo a letra, estava feliz, porém apreensivo.

Gabriel já havia o avisado que fizera o tão esperado por ele, exame de DNA e por mais que todos ao seu redor quisessem faze-lo engolir contra sua própria vontade, que aquela ideia era uma enorme perda de tempo, ele não pensava assim, se tinha ao menos uma chance, era nela que iria se apegar.

Mas ainda assim, independente do resultado, ainda teria muito o que resolver, por um momento parou com a música, travando no meio do corredor. Se lembrou da mestiça sorrindo com os olhos marejados em lágrimas, olhos sem esperança alguma, diferente dos dele, começou a se questionar, por que havia aceitado deixar ela em paz, caso sua certeza fosse confirmada. Se sentia mal por isso, mas sabia que ela não abriria mão de sua decisão, já havia deixado claro que aquele romance não teria futuro e deveria acabar imediatamente, o que causou uma frustração imensa nele.

Também sentiu uma pontada de culpa, ao pensar em como sua mãe deveria estar se sentindo, ela praticamente implorou para que ele não seguisse com aquilo, já que estaria remexendo em um passado bastante doloroso para ela, naquele instante, ele se sentia egoísta por ter ignorado o desejo de todos, apenas para satisfazer o seu. Mas já era tarde, já havia chegado até ali, não iria desistir agora, não agora, que só precisava esperar o resultado, que parecia demorar uma eternidade.

A impaciência começava a tortura-lo, mas infelizmente não teria nada que pudesse fazer, teria que esperar como todos os outros, mesmo que apenas ele se importasse de fato com o resultado.

Sendo assim, voltou a caminhar, indo até a sala de Emilie, onde deu duas batidas suaves na porta ao parar de frente a mesma, entrando logo em seguida.

A mulher levantou o olhar e sorriu ao ver que se tratava de seu filho. — Que cara é essa de cão sem dono? — Adrien caminhou até a cadeira que ficava de frente a mesa, do lado contrário onde sua mãe estava sentada.

— Queria te perguntar uma coisa...

— Pergunte.

— Está decepcionada comigo? — Emilie franziu o cenho confusa.

— Não, meu amor. Por que eu estaria? — Adrien suspirou pesado, e ela já imaginava do que se tratava pela expressão triste do rapaz. — Eu acho que você deve seguir seu coração, se todo esse caos for te deixar em paz, é a decisão certa. Eu já me sinto melhor em relação a isso, não adianta me frustrar com coisas que não posso mudar. Claro que fiquei irritada no começo, mas sei o quão importante isso é para você e por mais que eu tenha certeza de que vai se decepcionar, ainda assim, eu estarei aqui para te acolher. Vamos passar por isso juntos. — Emilie sorriu gentilmente, fazendo Adrien se sentir mais aliviado.

— Você é incrível, mãe. Sei que deve estar doendo muito e peço perdão por isso, mas eu preciso de respostas, prometo não te machucar mais.

— Está tudo bem, meu amor. O que importa é que isso vai acabar de uma vez por todas, assim podemos seguir em paz, certo?

Adrien relutou um pouco, pensou em não responder, não queria concordar, mas sorriu, concordando com um balançar de cabeça. Emilie sabia que ele não estava sendo totalmente sincero, mas em algum momento, ele iria se cansar e desistir.

O valor de um segredo.Onde histórias criam vida. Descubra agora