Capítulo 4

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Capítulo 4 - Pov Jogador
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro
Quinta, 13:00

Desço da moto em frente ao restaurante da tia Jô, vendo o Pikachu parar um pouquinho mais na frente.

Entramos na pensão e ela nos vê colocando um sorrisão no rosto.

— Oi, meninos — ela diz vindo na nossa direção — Tudo bem? Estão sumidos

— Correria tá braba, tia — eu falo sentando no mesmo lugar de sempre.

— Imagino, meu filho. O que vão querer hoje?

— Tem prato do dia? — Pergunta Pikachu — Tô com uma fome de 10 vapor

— A cozinheira nova fez uma carne de panela que tá todo mundo elogiando, pode ser? — Ela diz e nós concordamos com a cabeça.

— Vou trazer uma porção de batata frita e guaraná de vidro — ela sorri já sabendo exatamente o que a gente ia pedir de acompanhamento e vai em direção a cozinha.

Pego meu celular e vejo Pikachu de testa franzida mandando áudio gigante no whatsapp.

— Porra, pegar novinha só da dor de cabeça, vai tomar no cu. — ele reclama jogando o celular em cima da mesa.

— Qual foi?

— Raquel quer que eu vá pedir a mão dela em namoro pro pai.

Eu começo a rir da cara dele.

— Tu já não assumiu ela como fiel? Vai lá e conversa com o velho po

— Jogador, como que eu vou sentar na sala do cara e dizer que to comendo a filha dele

— Tu troca tiro com polícia, bate de frente com alemão e tá com medo do seu João do mercadinho? Tomar no cu né, Pikachu?

Logo em seguida, tia Jô trouxe nossa comida. Almocei ouvindo do sobre a paixão do Pikachu e seu medo de enfrentar o pai da novinha lá.

Depois de almoçar, voltei pra boca e resolvi umas pendências, peguei minha moto e  parti pra casa do Sábio, vou marcar de lá e aproveitar pra levar meu sobrinho pra dar um rolé pelo morro.

Cheguei e vi Ratinho e 2W na segurança da casa do Sábio.
— Qual foi, Chefe de vocês ta aí?

— Tá lá na área da psicina com o menor — 2W fala desencostando do muro —  A patroa foi pro salão dela.

A Laís é dona do salão aqui no morro. Quando ela começou a namorar com o Sábio não aceitou ficar dependendo dele pra tudo. Eu gosto dela pra caralho também por isso, sempre foi uma mina correria, enfrentou os pais pra ficar com meu irmão, passou junto da gente toda a merda que aconteceu com meu pai, então ele ajudou ela a montar o salão.

Cumprimento os seguranças e entro na casa ouvindo o Lucas dando risada na piscina enquanto o Sábio toma uma cerveja na borda.

— Vida de patrão mermo ein — digo pro Sábio, ele e luquinhas viram pra mim. — Colfoi, moleque brabo do tio

Lucas vem pra beira da piscina e faz o toque comigo sorrindo.

— Vai me levar pra dá um rolé hoje, dindo?

— Vou, menor. Depois que o tio bater um papo com teu pai nós vai sair de moto. — falo me virando pra sentar do lado do Sábio

— Então eu vou lá em cima tomar um banho e ficar cheirosão — diz ele saindo correndo da piscina e entrando em casa todo molhado.

— Marca 10 que eu vou lá ver se tu ta tomando banho direito! — grita sábio mas o moleque nem olha pra trás

Sábio levanta indo até a geladeira da área externa e pega duas cracudinhas de Brahma, volta pra beira da piscina e me entrega uma garrafa.

— Pago um barão se tu adivinhar quem ligou hoje — Sábio fala e toma um gole da cerveja.

— Capitão.

— Ligou pra tu também?

— Ligou, fiquei na neurose até.

— Preciso que tu recrute uns 20 vapor pra Princesa treinar.

— É isso que cês vão dizer pra mina? Que ela vem treinar vapor?

— O esquema é todo do Capitão, nós só vai dar assistência e segurança — ele me olha e cerra os olhos por causa do sol batendo no rosto dele — Tô fazendo isso porque nosso pai faria, tá ligado?

Concordo com a cabeça dando uma golada na cerveja.

— Se 5 dos 20 que ela treinar herdar a pontaria daquela mina nós fica forte pra caralho — diz Sábio rindo

— É, pra nós é só melhoria — concordo

— Não consegui nenhuma casa maneira pra ela aqui no morro ainda, vou deixar ela lá na sua casa

— Na minha? Tu com uma mansão desse tamanho, porra.

— Tá maluco que eu vou colocar outra mulher dentro da minha casa? Quer acabar com meu casamento?

— Tu é frouxo pra caralho, Sábio — eu rio — Laís mandar tu latir, tu late.

— Irmão, o dia que tu conhecer uma mina que topar as paradas que a minha dona já topou por mim, tu vai entender minha conduta — ele ri

Porra, não gosto muito da ideia de dividir minha casa de novo não. Eu fiquei enjoado demais depois que o Sábio saiu de lá pra morar com a Laís. Minha casa é sagrada, tá ligado, meu templo de paz. Se a Princesa encher muito meu saco, capaz de eu sair pra outro barraco no morro e deixar ela lá.

Fico mais um pouco ali com meu irmão até que Lucas desce todo trajado de nike pra dar rolé comigo. Esse moleque vai dar trabalho pro meu irmão quando crescer, mas o que eu faço é rir.

— E aí, tio, to bonitão?

— Tá gato igual teu tio de nike — Seguro o emblema da camisa mostrando pra ele. — bora lá, moleque, dá tchau pro teu pai

Pego meu boné colocando na cabeça e a glock na cintura enquanto ele faz o toque com o sábio.

— Vai devagar com ele, jogador, se a Laís te ver correndo com ele por aí tu já sabe — alerta o Sábio

—- Relaxa aí — digo rindo — é nós!

Saio da casa do Sábio colocando o Lucas na minha frente na moto e parto pra dar uma volta no morro olhando o movimento. Passo o final da tarde com meu sobrinho e termino o dia pagando um x-tudo com açaí pra ele no tio da praça.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora