Capítulo 125 - Lorena
— Capitão, solta o menino
— Capitão — ele ri, com os olhos vermelhos, quando entramos nós três na casa — Então quer dizer que pra você eu não tenho mais valor nenhum de pai pra você?
— Você não sabe o que é ser pai — digo baixo, tentando pensar na estratégia que devo seguir.
— Quem que sabe? Aquele moleque que nunca conquistou nada da vida? Só porque tu deu a buceta pra vagabundo e ficou apaixonadinha, acha que ele vai ser um bom pai? — ele aperta mais o ombro da criança e meu coração erra a batida.
As palavras que ele escolhe pra me atingir não me magoam mais. Não têm mais nenhum poder sobre mim. Tudo o que eu penso se resume a duas crianças. O menininho que eu nem conheço, mas me jogaria na bala pra salvar e o neném na minha barriga, que me impede de cometer qualquer loucura.
— Deixa o menino sair — Volto a bater na tecla anterior, sem deixar que ele conduza essa negociação — tenho certeza que você não quer criar outro filho revoltado, to disposta a ouvir e atender o que você precisa, mas não vou negociar isso na frente da criança.
— Não vou deixar ele sair dessa casa — fala mais alto e eu me mantenho parada exatamente no mesmo lugar, sem vacilar — Ele é minha garantia.
— Você já chegou aqui, a partir de agora a sua garantia sou eu — digo certa do caminho que quero seguir, sem a criança aqui vai ser mais fácil e eu sei exatamente o que estou botando em risco — Tudo que você queria deu certo até aqui. Agora deixa ele sair pra gente negociar igual adulto.
—Não — ele nega com a cabeça e eu sinto que não está mais tão confiante como antes. Tenho certeza que o Capitão não pensava que chegaria tão longe com esse plano e agora tá improvisando, coisa de gente arrogante — Mantém as mãos onde eu possa ver, princesinha. — diz quando eu me apoio na mesa de jantar — Conheço essa porra de casa tão bem quanto você e se não tiver uma arma presa embaixo desse tampo de madeira, eu to maluco. Não adianta tentar me tirar de otário.
— Não tô querendo te tirar de otário. Acha que eu ia colocar a minha vida e vida do meu filho em risco? Tô te dando uma opção que é melhor pra nós dois. Você não vai querer que outro filho cresça te odiando. Nós vamos negociar, mas sem a criança. Não vou negociar com ele aqui.
— Sem a criança fica mais fácil pra você, vão estourar a minha cabeça — ele quase ri com a minha proposta e sacode o menino, que começou a chorar de soluçar — Me deixando não só preocupada com o coraçãozinho dele, mas também com medo de dar alguma coisa errada com o que ele tiver carregando.
— Eu vou segurar — não pisco e nem me movo ao dizer — Vou segurar o que quer que esteja no bolso do casaco dele. Esse vai ser o seu maior trunfo — vendo que ele hesita, sigo tentando — Você acha que os meus soldados estão mais preocupados comigo ou com a criança?
Não precisava de resposta pra eu saber que ele tinha a mais clara noção de que o Jogador mataria a todos se algo acontecesse comigo e com o neném. Eu sabia disso e o Capitão também sabia, nessa altura ele não negaria mais que estávamos juntos pra valer.
— Tu vai tirar a porra do colete — ele diz, passando a mão na cabeça branca e olhando pra mesa de jantar — eu vou pegar aquela fita — aponta pro rolo ao lado do computador do Cabeça — vou prender essa porra em você.
Eu engoli em seco, pensando no meu bebê, mas, se o que estiver com Arthur explodir, poderia matar todos. Eu, meu neném, Capitão, Arthur, Rita e Soraya lá em cima, e, provavelmente, até mesmo os soldados do lado de fora.
Eu lidaria com isso melhor.
— Você tira dele, prende em mim e nós liberamos ele pro lado de fora da casa.
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Sonho dos crias [M]
Fiksi PenggemarE fé no pai, sei Que todo mal contra mim vai cair por terra Nós gosta da paz, mas não fugimos da guerra Paz, justiça e liberdade, fé nas crianças da favela Eu vivo a vida e amanhã não me interessa Lorena, vulgo Princesa, tá terminando a faculdade d...