Capítulo 67 — Jogador
Dou um trago no baseado, encostado no muro da laje e olho na direção da trilha que liga a Penha e o Alemão. Hoje o Capitão chegou a contenção dele pra mais perto do meu morro, tão arrumando uma barricada no caminho de terra para dificultar uma possível movimentação nossa.
Se esse velho acha que nós vamos agir no óbvio, além de traidor, é burro.
— Aquele menor, careca e de blusa azul, não é parecido com o Cobra? — Fiel me pergunta entregando o Binóculo.
— Irmão do fael? — dou mais uma tragada no baseado e jogo a ponta no chão da laje, pegando o binóculos
Eu tenho quase certeza que de lá eles não nos veem, mas não tem k.o se estiverem vendo, porque eles sabem que a gente reforçou a proteção desse lado de cá da favela. É um movimento natural, cada um dos meus irmãos de facção mandou dois homens pra cá depois daquela reunião com o Dom, o próximo passo é nosso, mas eu to doidinho pra ouvir um tiro do lado de lá e ter a desculpa perfeita pra sacudir eles na mesma hora.
— Puxa uma foto do cobra aí — peço pro Mtzinho, enquanto olho os caras lá do outro lado através do binoculos.
Estudo a postura do cara e vejo uma tatuagem no pescoço, saindo por baixo da gola da camisa do PSG. A tatuagem é tipo uma tribal, mas não consigo ver com tantos detalhes pela distância
— Aí, Patrão — ele me chama e me entrega o celular.
— Mesma tatuagem — dou zoom na imagem, mostrando pra ele e pro Fiel.
— Ele mermo — Fiel diz, olhando no binóculos mais uma vez.
— Quero essa barreira vigiada 100% do tempo — falo pro TicTac que tá do outro lado com o restante dos soldados.
Não preciso dar muitas ordens pro Tictac, ele já tá ligado como as coisas funcionam comigo e só não tá na minha segurança pessoal porque preciso de alguém de máxima confiança na segurança do morro, e esse alguém é ele.
— Tamo na atividade máxima, Patrão.
— Suave, qualquer coisa tu me dá um toque — cumprimento ele e vou andando em direção a escada, preciso voltar pra boca — Se alguém conhecer algum dono de páginas de instagram que posta notícia da área, vem falar comigo.
Volto pra boca com Fiel e Mtzinho, tenho que ligar pro Dom, porque precisamos resolver a situação da mãe do Dedé, não quero a coroa lá dentro quando a gente baquear a comunidade.
Sento na minha mesa e puxo o celular do bolso, caçando o contato do Dom. Toca umas duas vezes e eu aproveito pra tirar a glock da cintura, jogando em cima da mesa.
Dom: Fala, Jogador — ouço ele atender pelo viva-voz do celular
Jogador: Capitão avançou com a barreira dele pra mata.
Dom: Fudido cagão — ele xinga — E aí?
Jogador: E aí que o irmão do Fael, o Cobra, tá no meio deles. Peguei uma foto do cara, bateu certinho com quem eu vi, tatuagem, tudo.
Dom: Então a aliança deles ta formada
Jogador: Tenho mais dúvida disso não — estico minha perna, olhando minha tatuagem acima do joelho — Tava pensando naquela parada da mãe do Dedé.
Dom: Manda o papo.
Jogador: Vamo jogar baixo. Pagar pra alguma página de fofoca soltar que o Capitão tá mantendo a coroa presa, tá ligado que o Fael não curte envolver família porque o próprio rabo dele é preso. O cara tem duas mulher, filho pra caralho, mexer com mãe dos outros não é da conduta dele não, é horrível pra ele entrar numa briga dessa.
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Sonho dos crias [M]
FanfictionE fé no pai, sei Que todo mal contra mim vai cair por terra Nós gosta da paz, mas não fugimos da guerra Paz, justiça e liberdade, fé nas crianças da favela Eu vivo a vida e amanhã não me interessa Lorena, vulgo Princesa, tá terminando a faculdade d...