Capítulo 18

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Capítulo 18 - Pov Princesa
Cpx do Alemão, Rio de Janeiro.
Sábado, 11h

Passaram alguns dias desde a minha conversa com o Jogador e não tocamos mais no assunto. Eu passei a semana bem ocupada com os treinamentos, que ele não foi mais por causa das obrigações na boca..

Foi bom ter  conversado com ele sobre a atração que tá rolando entre a gente, não tinha porque fingir que não tava rolando nada. Ficar com outras pessoas pra mim nunca foi algo burocrático, mas com o Jogador é diferente por causa das posições que nós ocupamos e ele sabe disso.

Me arrumo pra ir buscar a Cecília na barreira, visto short jeans, blusa branca e chinelo.

Pego o celular e vejo a localização que ela tá compartilhando comigo, já tá chegando, então eu pego o rádio que o Sábio deixou comigo.

Princesa: Pretinho?
Pretinho: Na escuta, Princesa
Princesa: Tá na barreira?
Pretinho: Tô
Princesa: Uma amiga minha vai chegar de uber aí, to indo buscar.
Pretinho: Belezinha.

Saio de casa e pego minha moto na garagem, vendo o tic-tac na porta de casa.

— Bom dia, Tic-tac

— Bom dia, Princesa — ele desencosta do muro — Tô de plantão aqui hoje, precisando de alguma coisa só acionar. — ele diz sorrindo e eu concordo.

— Bom trabalho aí — eu digo partindo pra barreira.

Nesses dias que passaram eu fiz mais amizade com o pessoal, peguei intimidade maior pelo menos com os que ficam na segurança da casa.

Passo na porta do salão da Laís que tá na porta falando com um funcionário do Sábio e buzino pra ela que acena.

Quando eu chego na barreira paro do outro lado da rua de moto, vejo Cecília e Pretinho conversando, mas ela logo me nota e aponta pra mim vindo na minha direção. Pretinho me cumprimenta com a cabeça sorrindo e olhando pra Cecília.

— Bonito e prestativo esse tal de Pretinho né? — ela diz enquanto vai subindo na minha garupa.
Sim — digo olhando pra trás — pena que você não pega traficante.

O complexo fica bem movimentado aos sábados, então vou devagar até chegar na boca.

Quando chegamos, a Cecília desce da moto com uma mochila nas costas.

— Bom dia  — eu digo pros vapores que estão na porta. — Sábio tá ai?

— Tá lá na sala com Jogador e Pikachu, tão esperando tu e tua amiga lá. — um menor diz enquanto vende um pino de cocaína.

— Brigada, tá? — ele assente com a cabeça e eu entro sendo seguida pela Cecília.

A porta tava aberta e vou entrando.

— Bom dia — digo chamando a atenção deles que desejam bom dia de volta — Essa aqui é a Cecília, a amiga que falei pra vocês.

— A bandida que faz faculdade? — Jogador pergunta com um sorriso, deixando ela vermelha — Eu sou o Jogador — ele aperta a mão dela.

— Se meus pais ouvem uma coisa dessas, eu sou expulsa de casa, sabia?

— Nós te acolhe aqui, tem terror nenhum — Sábio fala cumprimentando ela que sorri.

— Aproveita que o patrão aqui paga bem pra caralho — O Pikachu diz quando ela estica a mão pra ele.

— Tô sabendo, tropa do Sábio tá voando tanto que tá precisando até de ajuda com as contas — ela diz intimidada com a presença deles, mas sem perder a piadinha

O resto do dia foi ali na boca com a Cecília ensinando eles a usarem o programa, Sábio pediu que um vapor fosse comprar comida pra gente na hora do almoço. Os meninos gostaram da Cecília, ela ficou de voltar pelo menos 2 sábados por mês pra dar uma olhada nas contas e ver se tá tudo alinhado. No fundo, vai ser ótimo pra ela, já que com o dinheiro que ganhar aqui, pode tentar arrumar um barraco só pra ela lá no morro mesmo.

Nós aproveitamos pra planejar minha ida e do jogador pra Cabo frio na terça buscar uma carga, depois do dia de trabalho fomos pra casa dormir e descansar pro baile.

(...)

Mais tarde eu e Cecília começamos a nos arrumar pro baile, mas ela não para de comentar sobre o jeito que o Jogador me olha.

— Se vocês não misturarem o love com o trabalho, não vejo problema de ficarem, po. — ela diz.

— Ele disse que se eu quiser, vai fazer ser suave pra mim — ela me olha abaixando o pincel de blush

— Porra, Lorena, ele quer muito. — ela diz e eu mordo o cantinho da boca pensando — E qual a diferença entre ele e o BW nesse caso?

— Eu era a chefe na situação com o BW.

— idai, Lorena? — Ela joga o pincel no chão já sem paciência comigo — É medo de se apegar?

— Cecília, nem rolou nada e tu já tá falando em se apegar — eu digo virando de costas pro espelho e amarrando o top preto com brilho que estou usando.

— Ué, única justificativa, não tem sentido esse cu doce que tu tá fazendo pra dar pra esse homem. — ela diz irritada — Tu não é dessas, pode parando.

— A gente mora junto, é diferente pra caralho! — eu digo chegando perto dela, tomando cuidado pra não gritar e ele ouvir.

— Tu não vai aguentar — ela olha pra mim com cara de deboche — tá escrito na sua testa que você não vai aguentar esse doce, se manca.

Eu odeio muito ela, odeio que ela sempre sabe de tudo, sempre tá com a razão. Isso que dá se abrir demais com alguém ao ponto de que você consegue mentir melhor pra si mesma do que pra outra pessoa.

— Tá pronta, já? — eu pergunto.

— Tô. — ela diz levantando do chão em frente ao espelho.

A Cecília é linda, tem um corpão. Emprestei pra ela um vestido todo branco que realça demais na sua pele negra, o cabelão cacheado tá solto até a metade das costas e ela usa um tênis assim como eu.

— Quanto tempo você não vai num baile?

— Nossa, tem tempo, tenho mais cabeça pra ficar discutindo lá em casa por causa de farra não.

Eu entendo ela não querer se indispor por causa de bobeira, mas é assim que ela se silencia cada vez mais. Os pastores lá do morro são pessoas honestíssimas e muito queridas, mas falham demais no diálogo com a própria filha.

Nós duas descemos do quarto pra sala, mas nem sinal do Jogador. Vou até a porta e o Tic-tac ainda tá de plantão, deve sair às 23h.

— Jogador já foi pro baile? — eu pergunto a ele.

— Teve que ir resolver um ko antes, mas falou pra tu levar o carro dele, pq ele tá de carona — ele ri e coloca a mão no bolso da bermuda tirando a chave.

— Ele é doidinho de deixar um McLaren na minha mão. — eu digo rindo.

Eu é que não vou perder a oportunidade de dirigir uma nave dessa, poderia ir com o meu carro, mas não sou boba.

— Tá com moral mermo, nós ele não deixa nem chegar perto do carro dele.

Chamo a Cecília que desliga a tv e vamos pra garagem. Eu desbloqueio o carro, abro a porta e entro no banco do motorista.

— Esse carro é do Jogador? — Cecília pergunta levemente assustada com o carro e eu concordo com a cabeça — E você vai dirigir isso? — ela me olha e aponta pro volante.

— Vou ué, ele pediu pra eu levar o carro e deixou a chave.

— Nossa, ele te quer muito — ela ri encostando no banco do carro e negando com a cabeça enquanto eu saio com o carro da garagem — Só assim pra explicar ele deixar um carrão desse na tua mão.

— Ele confia em mim, sua palhaça. Fala muito pra ver se eu não te largo na esquina de um beco desse.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora