Capítulo 128

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Capítulo 128 — Jogador

As ruas já não estão mais vazias agora no fim da tarde, mas o clima no Alemão ainda parece muito mais calmo do que o normal. A tentativa de invasão na Penha e a chegada do Capitão aqui deixou todos os moradores escaldados, ninguém tentou ir contra o toque de recolher pra porra nenhuma.

No fim, a vida vale mais.

A ajuda que os meus parceiros mandaram fez com que a situação na Penha fosse dominada na maior tranquilidade possível. Quando eu cheguei lá, os filhos da puta já tinham recuado. A realidade é que, sem derrubar ninguém, na nossa lealdade, fomos criando um império. Tenho ao meu lado os melhores e os mais fiéis.

Depois do inferno que passamos no último ano, ninguém que não fosse firme ficou.

Subo a pé pela minha comunidade, seguido de um bonde pesado, e paro na contenção perto da casa da Laís. Os moleques todos param à minha volta, esperando meu próximo comando.

— Tô ligado que esses dias tem sido correria pra geral — jogo o fuzil pras costas e passo a mão na minha testa suada — Geral tá dando o máximo de si e eu tô orgulhoso pra caralho da tropa que eu montei. Sempre falei pra cada um de vocês — olho pras caras que eu mesmo selecionei, um por um — que eu só cobrava disposição e lealdade, e vocês têm dado até o dobro dessa porra quando foi preciso. Sou homem pra reconhecer quem me fortalece... Semana que vem geral vai receber um bônus na quinzena pra compensar aí o esforço de vocês — Eles me cumprimentam e eu viro na direção da casa que meu irmão mandou fazer — Vai ser papo da Rapunzel mandar me matar, mas a rapaziada merece — digo e eles riem.

No portão da Laís, ouço um chorinho fino de neném e as vozes de mulheres, deixando meu coração mais aliviado. Porra, que se foda a pica que eu vou enfrentar com a facção, ninguém vai mais tocar na minha família e esperar que eu tenha calma. Ou você intimida o mundo, ou o mundo intimida você, aprendi essa porra do pior jeito.

Entro pelo portão e vejo o Lucas no jardim, brincando de golzinho com o Arthur, irmão da Lorena. O desespero nem deixou que eu olhasse pro menor direito na primeira vez que vi, mas agora vejo que ele é realmente a cara da mãe, mas tem alguma coisa que lembra a minha mulher.

— E aí — chamo a atenção deles. Lucas me olha com uma cara de alívio que me quebra as pernas e Arthur tem uma postura de desconfiado.

— Tu voltou, tio — Lucas corre pra me abraçar e eu passo a mão nas costas dele, apertando.

— Voltei, moleque, tô aqui, po — ele se solta de mim e eu olho nos olhos dele — Tranquilo? — Lucas concorda e eu passo a mão no cabelo lisinho do outro menino.

Levanto e sigo até a porta da sala, parando no batente pra olhar a cena da Lorena andando de um lado pro outro com a Dadai no colo, apoiada acima do barriguinha de grávida. Laís, Soraya e Rita estão na cozinha, conversando e mexendo nas panelas de costas pra mim.

— ô, neném da dinda, tu tá chorando por quê, meu Deus? — ajeita a chupeta da bebê, enquanto balança o corpinho.

Não dá mais pra não imaginar como vai ser quando for o nosso no colo dela.

— Essa cena deu vontade de meter outro filho na sequência — digo quando ela me olha e sorri.

— Muito engraçadinho — me olha com aquela carinha de bolada. Eu amo para caralho mesmo, não escondo de ninguém. Essa marrinha dela é o que me conquistou.

— Só sonho alto, po — chego mais perto delas e encosto a mão na barriga da Lorena, quando Daiane para de chorar pra me olhar — Oi, princesinha do tio. Tava com saudade, né, bebê? Teu tio tava sumidão... — ajeito o bodyzinho dela que sorri pra mim — Só não vou te pegar no colo porque tô imundo e você tá toda cheirosinha.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora