Capítulo 34

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Capítulo 34 – Lorena
Cpx do Alemão, Rio de Janeiro

— Tava demorando pra Raquel fazer uma merda — Laís resmunga bebendo um suquinho e revirando o olho.

— O Pikachu ficou puto com o Coreano ainda — eu rio.

— Eu te falei, aquela hora que ela foi no banheiro, tava pro crime já — ela passa a mão na barriga que nem aparece ainda.

— Eu fico pensando no Sábio, que considera o Pikachu como irmão, tendo que tomar certas atitudes. — Dou um gole na minha bebida olhando pro Sábio que ouve o Coreano.

— Ele tenta ser muito firme quando tá fora de casa — ela concorda comigo — meu bichinho lindo. — eu rio

Assim ela quebra a imagem de brabo que ele tem.

— Lucas me disse que ele pensa que o bebê é menina. — eu cruzo minha perna.

— Ele tem certeza que é menina, Daiane — ela fala — Jogou logo que ele escolhe o nome se for menina e eu posso escolher se for menino.

— Esperto. — ela concorda e ri.

— Vamos lá na grade — ela me chama levantando.

Eu pego meu copo e levanto, puxando o vestido pra baixo. Jogador me olha por cima do ombro do Sábio que tá na frente dele. Olha minhas pernas e passa a língua nos lábios. O olhar dele me deixa fraquinha, meu coração dá uma paradinha rápida e depois volta.

Laís para na frente do Sábio que passa a mão na barriga dela. Os dois conversam com o Coreano, a tensão parece ter passado, mas o jogador ainda tá quieto olhando pra mim.

Eu encosto na grade ao lado dele e olho lá pra baixo rapidinho vendo o povo no baile.

— Tá bebendo o que? — ouço ele perguntar e olho pra ele.

— Absolut com redbull — ofereço, mas ele levanta o copo com whisky.

Ele olha lá pra baixo, de rosto meio bolado.

— Manda mensagem pro Pikachu — digo perto da orelha dele

— Sábio fez o certo.

— Eu sei, mas você se preocupa.

— Mandei o Chocolate atrás dele — ele bebe um gole do Whisky e eu concordo.

O Jogador se importa com as pessoas que estão ao lado dele, mas tem muito medo de externar isso e parecer mais fraco.

— Vou no banheiro rapidinho, segura pra mim — dou o copo pra ele.

Faço o meu xixi e antes de sair retoco o meu gloss. Quando saio vejo que o camarote apesar de estar mais vazio, tem pessoas diferentes. Um homem, um pouco mais velho que o Sábio, conversa com ele e com o jogador, uns dez seguranças fazem a contenção dele. Imagino que seja o Dom, um dos caras que divide o comando da facção com meu pai.

Uma parada que me incomoda é que em duas semanas aqui, tive mais contato com o crime, de forma nua e crua, do que a minha vida inteira na Penha. Meu pai me protegeu demais, me afastou de reuniões e confraternizações. A gente teve durante muitos anos o baile mais foda do rio e eu nunca tive contato direto com donos de outros morros. Só nesse pouco tempo aqui, eu já conheci o Leão, nosso principal fornecedor, e agora vejo o Dom, um dos líderes da facção.

Tenho que ir até o Jogador pra pegar meu copo, checo se a Laís ainda tá lá e vou.  O homem desvia a atenção e me olha.

— Conhece a Princesa? — Jogador pergunta a ele, me devolvendo o copo.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora