Capítulo 43 – Jogador
Ouço Lorena e Chocolate falando pelo rádio, tô aqui na boca, esperando os menor voltarem lá do morro do Digão com a carga de farinha.
Enquanto eles não chegam, não consigo parar de colocar minha mente pra tentar achar uma porra de fio solto nas atitudes do filho da puta que tá querendo tirar onda com nosso comando.
Primeiro o Mendonça, polícia infiltrado aqui no morro, depois teve aquele nosso transporte de armas vazado e a morte do Rodrigues.
Se eu fosse o Sábio, já tinha no mínimo mandado um recado pro Fael da Nova Holanda, mas o que tá pegando é que não tá uma parada esplanada, quem tá fazendo tá fazendo na molecagem e o Fael é do tipo que peita e foda-se, é inimigo filho da puta, mas essa parada não tá com a cara dele.
Sábio tá de casa, com a Laís grávida, ele tem vindo menos pra boca. Fica resolvendo o que pode de casa e eu dou uma moral aqui.
Tempinho depois de eu ter ouvido a conversa no rádio, Lorena entra pela porta da salinha, tira a arma da cintura e coloca em cima da mesa.
— Cecília me ligou agora — ela senta do outro lado da mesa — Adivinha? Os pais dela descobriram que ela fechou com a boca — diz rindo e passando a unha vermelha no nariz.
— Eai? — me endireito na cadeira.
— Falaram um monte de merda pra ela, né? Aí ela me perguntou se podia vir pra cá, lá ela tem trabalho na boca, mas eu converso com meu pai, ele vai dar uma moral. Não quer ficar dando de cara com eles toda hora na Penha.
— Vou mandar arrumarem um barraco maneiro pra ela — digo pegando o radinho — ela pode fechar aqui com nós, ainda mais agora que o Pikachu tá de viadagem.
— Já arrumei o lugar — ela olha a tela do celular e depois pra mim — Tá ligado a Dona Naná? — eu concordo — Casa da filha dela, mas vim conversar contigo primeiro. Eu quero ir morar com ela pelo tempo que eu ficar aqui no Alemão, não dá pra eu e você continuarmos morando juntos agora, quero ter um lugar pra mim, um espaço, já tava pensando nisso antes, não só porque ela vem.
— Vem cá — digo empurrando a cadeira pra trás e colocando o radinho de volta em cima da mesa.
Ela levanta e senta no meu colo de lado, passando as pernas entre as minhas e me olhando no rosto.
— Tu quer ter teu próprio barraco? — pergunto.
— Quero dar certo contigo — ela passa o cabelo pra trás da orelha — Morando junto, agora, não vai dar certo.
Eu tô ligado que isso tudo se baseia na insegurança dela sobre o que os outros vão pensar, de ser resumida ao posto de minha fiel, então ela quer fazer o nome dela primeiro e só me resta respeitar. Lorena não é o tipo de mina que eu posso colocar no meu nome e esperar que aja segundo a minha conduta. Eu tô ligado nisso desde o primeiro momento que coloquei os olhos nela descendo do carro naquela praça.
— Tá ligada que se tu me der perdido, eu vou lá atrás de tu?
— Se manca, Jogador — ela sorri e se mexe no meu colo — Fecho a porta na sua cara.
— Na favela do meu irmão? — mordo a boca dela de levinho.
— Ele e seus seguranças tão fechados comigo já — ela tenta levantar e eu seguro — otário é você que ainda não viu.
— Muito abusada — beijo o pescoço dela e ela contrai de nervoso — gostosa.
— Falei com meu pai pra vir passar o natal na casa do Sábio, Laís chamou.
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Sonho dos crias [M]
Fiksi PenggemarE fé no pai, sei Que todo mal contra mim vai cair por terra Nós gosta da paz, mas não fugimos da guerra Paz, justiça e liberdade, fé nas crianças da favela Eu vivo a vida e amanhã não me interessa Lorena, vulgo Princesa, tá terminando a faculdade d...