Capítulo 75 - Princesa
— Ontem você disse que não sabia ainda — passo a mão no fuzil em cima da mesa e o elevo, colocando meu olho na mira.
Nós estamos aqui no campo de treinamento, depois de termos conversado sobre a tomada da Penha que vai rolar daqui a quatro dias, assim, rápido.
— Ele me ligou hoje de manhã, po — ouço ele dizer um pouco atrás de mim — Mandou o papo de que já tava tudo alinhado e eu combinei que segunda nós vamos invadir, foi só isso, quero acabar com essa parada logo.
Respiro fundo, seguro mais forte o fuzil e atiro, acertando o meio da testa do boneco.
— Ala, Rapunzel — Grito virando de costas e apontando o boneco pra Cecília.
— Você é muito sem graça — ela grita de volta e eu rio.
Durante o treinamento, esse era o maior sonho dela, acertar a porra da testa do boneco igual eu fazia e no finalzinho ela conseguiu.
— Tá preocupado? — Pergunto pro Matheus, voltando minha atenção pra ele, que me estuda de braços cruzados, apoiando as costas na mesa.
— Não — ele passa a mão no disfarce do cabelo — Tô ligado que nosso bonde é mais pesado.
— Você tá nervoso — olho nos olhos dele e sei que ele tá lutando pra sustentar o contato visual.
— Medo normal de qualquer combate armado traz, tá ligado? Queria ser mais como tu que gosta de guerra.
— Matheus, todo mundo sabe que no off tu é muito mais agressivo que eu — estreito os olhos pra ele e suspiro. Não gosto quando ele fica relativizando as coisas e não me fala o que realmente tá sentindo.
— Tá tranquilo, po. Nós vamos arregaçar aqueles filhos da puta — Ele chega mais perto de mim — No papo dez, tu vai ser a dona de morro mais gostosa do mundo, puta que pariu.
— Eu vou ser a única — olho pra ele rindo e ele bate na minha bunda — Jogador... — Repreendo ele por tá fazendo essas gracinhas comigo em público.
Tenho muito receio de perder o respeito que eu conquistei com trabalho.
— Ninguém tava olhando não, relaxa aí — ele morde o canto direito do lábio, todo lindo — Fico fraco, po, já falei, tua postura é o que me quebra.
— Tu não vale porra nenhuma — Coloco a arma que tava na minha mão em cima da mesa e dou um sorriso safado pra ele.
— Quando tá sentando pra mim não reclama — ele fala baixo pra me provocar, enquanto coloca munição numa pistola e avalia a arma com atenção.
— Se liga, Jogador, eu sentando te quebro no meio — Provoco, fazendo ele parar de olhar pra arma e me encarar. To brincando com fogo.
— Te levo pra casa agora e faço tu me pedir desculpas por essa merda que tu tá falando — ele segura meu braço, me fazendo arrepiar no contato.
A libido desse homem cresce na presença de armas? Porque a minha aparentemente sim.
— Laís mandou mensagem dizendo que já tá pronta — Fui salva pelo gongo quando Cecília chega perto da gente, me lembrando que tinha combinado de dar uma volta com elas e Lucas,
— Tô te palmeando, princesinha — ele aponta o dedo pra mim e passa a bandoleira do fuzil pelo pescoço — Tu chegando em casa nós conversa.
— Ansiosa — digo com a cara mais lavada do mundo e ele ri, virando as costas.
Me deixa boba essas brincadeirinhas, como se eu não tivesse há quatro meses sentando horrores pra esse homem.
— Que foi? — Cecília franze a testa e amarra as tranças loiras no topo da cabeça.
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Sonho dos crias [M]
FanfictionE fé no pai, sei Que todo mal contra mim vai cair por terra Nós gosta da paz, mas não fugimos da guerra Paz, justiça e liberdade, fé nas crianças da favela Eu vivo a vida e amanhã não me interessa Lorena, vulgo Princesa, tá terminando a faculdade d...