Capítulo 31

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Capítulo 31 — Pov Jogador

— Quem sabia quem era o Rodrigues? — Sábio pergunta.

— Chocolate e Pretinho — encosto mais na cadeira

— Os seus de confiança — Pikachu fala me olhando fumando um baseado.

Nossa relação tá estranha pra caralho desde que discutimos na frente da boca. Tô dando um tempo pra ele se ligar na vacilação que tá, por isso não respondo nada. Tô nem me reconhecendo.

— Não vamo acusar os moleques, po, só ficar de olho— Sábio responde a ele.

Continuo sem dizer nada, boto a mão no fogo pelos dois, são os mais próximos de mim justamente porque eu confio. Eu sou chato de confiar, mas quando eu confio, não abro.

Minha mente tá torrando, papo reto. O filha da puta que matou esse arrombado tá querendo tirar nós do sério, então tenho que manter a cabeça no lugar.

Mexo no celular abrindo na conversa desconhecida e olhando a foto do Rodrigues morto pra ver se ele ressuscita e me diz alguma coisa. Esse merda me estressa até depois de morto. Chega mensagem da Lorena e eu vejo pela barra de notificação, avisando que ia fazer uma ronda armada com o Concha.

— Princesa deu um fuzil na mão do Concha e chamou ele pra fazer uma ronda — Sábio fala rindo ao mesmo tempo que leio a mensagem.

— Ela pica, né? — Pikachu ri — Os moleques têm um medo dela.

— Até eu tenho — digito um ok pra ela e envio — ela faz umas paradas anormais.

— Vamos perder pra caralho quando ela voltar pra Penha. — Sábio fala e cruza os braços.

— O que eu não entendo é o Capitão afastar ela sendo que tão precisando — Pikachu olha pro baseado na mão.

— Coisa de pai — Sábio sorri.

— Eu até esqueço que foi ele quem pediu essa parada — balanço minha perna direita — ela vai ficar puta pra caralho quando souber — Sábio me olhando querendo saber se isso me preocupava — Ela foi lá ontem, acha que tá tudo tranquilo.

— Capitão tem trocado muita ideia comigo — Sábio diz — Tá agindo na mesma conduta que nós, tentando transparecer confiança, mas o bagulho lá tá pior que aqui. Maomé tá fechadão com inimigo, mas ele não quer passar o sub antes de descobrir quem tá do outro lado. Mandou o segurança da Lorena pro Paraguai, tá afastando geral que possa ajudar ela a reerguer o morro se der alguma merda.
— E a gente achando que a pica grossa tava vindo atrás de nós — Pikachu diz pensativo.

Porra, ela vai ficar transtornada quando souber do que tá rolando, o Capitão tira toda confiança dela fazendo uma parada dessas.

Ouço barulho na porta e viro, Sábio manda quem tá batendo entrar e eu imagino que seja o moleque que entende de t.i.

— Menor que tu chamou tá aí — o Vapor fala na minha direção.

— Manda ele entrar.

Cabeça entra na sala com uma mochila nas costas, para na minha frente e  faz o toque comigo.

— Fala aí, meus chefes — vira pro Sábio e Pikachu.

Esse moleque é total fora da estética de nerdola, é novinho mas é sagaz e  saca pra caralho dessas paradas de computador.

— Rastreia um chip aí pra mim — ele concorda, encosta a mochila na mesa e tira um notebook.

Ele abre o computador e senta na cadeira que eu tava, me pede o celular e eu entrego com a conversa aberta. Ele começa a fazer as paradas dele.

— Tá trabalhando na pista, cabeça? — Pikachu pergunta.

— Faço meus cursos de manhã e trabalho de tarde — ele responde sem desviar a atenção do trabalho no computador.

— E tá ganhando maneiro? — Sábio pergunta e me olha.

— Ainda não sou formado, aí ganho nem salário mínimo.

Uns minutos depois ele me chama com a mão e aponta pra um lugar no google maps.

— Olaria? — eu pergunto me abaixando pra ver melhor, a imagem mostra um local com uma caçamba de entulho cheio de lixo.

— A pessoa deve ter jogado o celular fora, tá ligado? — ele me olha e eu concordo tirando uma foto do local que tá o chip e me levantando.

— Peguei a visão — bato nas costas dele — Tu é brabo, moleque.

Sábio abre a gaveta do outro lado da mesa, pega um paco de mil e joga na direção do cabeça.

— Toma aí pela meta.

— Que isso, Sábio — ele pega o dinheiro — bagulho que faço em 5 minutos, muito dinheiro, po.

— Irmão, cola com nós que é sucesso — eu estendo a mão pra ele que aperta.

— Valeu aí, molecote — Pikachu estende a dele também.

— Qualquer ajuda é só dá um toque — ele diz guardando o dinheiro e o notebook — Tem parada que minha máquina não faz, mas nós dá um jeito de encontrar alguém que faça.

— E quanto que é pra comprar um maneiro pra tu? — Pikachu pergunta coçando a barbicha.

— É, caro. — ele diz colocando a mochila nas costas — Um macbook novo tá uns 20 mil.

— Passa aqui semana que vem que nós vê essa meta, fechou? — estende a mão pra ele por cima da mesa.

— Fechado, valeu pela moral ai

Ele sai da sala e o Sábio passa rádio pra um soldado que entra na sala depois de uns segundos.

— Manda, chefe — fala pro sábio.

— Pega mais dois e vai num endereço que vou te mandar. Oferece 200 conto pra vê se alguém acha um celular dentro da caçamba de lixo que tem lá.

O funcionário franze a testa, mas não questiona.

— Atividade ein — eu aponto pra ele.

— Sempre, é a tropa po — ele diz e sai, indo executar a missão.

Ficamos ali na boca trabalhando, já resolvi um monte de pendência pro baile domingo. Um dos chefes da facção deve aparecer, então tem que tá tudo no luxo. Mostrar poder até nas pequenas coisas.

Mais tarde, quando chego em casa, vejo dois fuzis em cima da mesa e sinto cheiro de camarão vindo da  cozinha. Olho pro lado e vejo a Lorena fazendo alguma coisa no fogão, ela vira pra trás sem parar de mexer a panela e sorri pra mim.

— Eai, como foi sua ronda com o Concha? — vou andando até ela, que abre um sorriso maior quando eu toco no assunto.

Essa mulher dá a vida dela pelo corre se for preciso.

— Ele é bom, tem potencial, andou comigo todo posturadinho — ela apaga o fogo e pega o macarrão na panela de trás misturando com o molho branco e o camarão — Me apresentou pra todo mundo que passava.

— Os fofoqueiros tão doidos pra saber quem é a gostosa que anda de fuzil com os chefes — eu rio passando minhas mão pela cintura dela por trás e dando um cheiro no cabelo dela que tava mais ou menos molhado.

— Mataram um pouco a curiosidade hoje — ela passa a mão pelos meus braços — bora comer.

— Tá cheiroso pra caralho.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora