Capítulo 108

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Capítulo 108 — Jogador

Quase quatro horas de viagem pra chegar em uma pequena comunidade localizada no interior do rio, e colocar um ponto final na história que já tá se alongando demais.

— Em 10 nós tá colando na esquina de onde vocês vão ficar — Pitbull me olha pelo retrovisor.

— Tá pronta? — viro o rosto em direção a Lorena.

— Nasci pronta — ela ri e endireita o colete à prova de balas no corpo.

— Nós vamos ter que andar uns 10 ou 15 minutos pra dentro do bairro — digo baixo, só pra ela ouvir — Se tu não quiser, não tem k.o nenhum.

— Vou ser útil pra vocês? — me olha nos olhos e meu coração acelera.

— Pra caralho, sem dúvida.

— Então bora, vai dar certo — sorri e eu passo a mão na perna dela, por cima da calça tipo de academia.

Hoje não quero fazer barulho, tamo em quatro carros, só os meus e os dela, porque esse lance é pra ser resolvido por nós dois. Se os caras daqui não tentarem peitar a gente, só vamos entrar, pegar o filho da puta e meter o pé. Sem trocar uma bala.

Não é o que eu planejava, mas uma missão do outro lado do estado, precisa de mais inteligência e menos barulho. Não faz tanto tempo que bagunçamos a Penha, a Nova Holanda e tiramos a Lorena de dentro daquele hospital, se tem uma tropa que tá deixando o governo puto pra caralho, somos nós. Tenho disposição, mas não sou peito de ferro e quero viver muito mais com a minha loira.

Reparo bem na Lorena, que vê a rua pela janela do carro. Uma mecha de cabelo soltado coque preso e ela afasta a pontinha loira, colocando atrás da orelha. Linda pra caralho.

A primeira parada que eu admirei nela foi a capacidade de ser cem mulheres em uma. No dia a dia, com a família, no crime, no comando, na troca de tiro, no baile, na minha cama... Em cada lugar ela é uma diferente, mas sempre a melhor naquilo que se propõe a fazer.

Mulher foda. Chefe foda. Tia foda. Ela é pica em tudo.

— Para de me olhar assim — reclama e eu alargo o meu sorriso. Sou otário perto dela mesmo, tô nem aí.

— Tu é linda pra caralho, porra. Para de ser gostosa um pouquinho que eu paro de te olhar.

Lorena revira os olhos, prendendo o sorriso e eu ouço a risada do chocolate no banco do carona.

— Ri mesmo, filho da puta  — dou um pescotapa nele.

— Tá rindo porque com a Kekel ele é pior, patrão — Pit me defende.

— Adianta puxar o saco do chefe não, menor.

— Já te mandei o papo, melhor puxar saco do que puxar carroça — o menor diz, sem tirar os olhos da estrada, já que a saída pra cidade está próxima.

— Dá moral pro vacilão não, meu pit — defendo e Chocolate nega com a cabeça — Tu é meu cria, po.

— Seu cria nada, meu cria— minha mulher faz carinha de brava, encostada com a cabeça na janela.

— Sou dos dois. Meus pais — Pitbull brinca, fazendo geral rir.

Em cinco minutos, nós entramos na ruazinha principal da comunidade. Como esperado, a barricada só nos deixa ir até determinado ponto de carro, o resto vamos a pé.

Lorena coloca a balaclava e eu puxo a minha do meu bolso, colocando logo em seguida.

Os outros carros param atrás da gente, descemos eu, Princesa e Chocolate.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora