Capítulo 103

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Capítulo 103 — Lorena

As tias foram ajudar a Laís no banho​, enquanto o Matheus ficou com a pequena Daiane no colo, sentado no sofá com a maior cara de bobo do mundo. Não tinha como ser diferente, ela é perfeita e traz um significado muito grande pra to​dos nós.

Ando até o sofá e sento do lado dele, que continua balançando de levinho a recém nascida, mas me olha de lado, expondo os olhos claros marejados, indicando que ficou emocionado com a sobrinha.

— Você pediu pra eu não me meter no teu caminho até o Capitão e eu tava respeitando isso até agora — passo uma mão na outra, tentando arrumar as palavras de uma forma que não crie uma briga entre eu e ele — mas não consigo. Não consigo ficar parada enquanto você tá lutando pra proteger todo mundo. Essas são as pessoas que eu amo também.

Ele me olha, me estuda, e eu também não desvio o meu olhar.

— Deixa eu te ajudar — pego a pequena, ajeitando com cuidado para que fique bem confortável nos meus braços — Queria conseguir dormir assim — sorrio, prestando atenção na feição relaxada da minha afilhadinha. Totalmente relaxada e segura.

— Nem fala, sei nem a última vez que tive uma noite de sono decente — levanta do sofá.

— Eu já percebi que você não quer a minha amizade — digo, sem olhar pra ele, mas olhando pra bebê.

— Entre eu e você não existe papo de amizade  — ouço ele dizer — Não quer ser minha mulher, beleza, vou respeitar, mas amizade, amizade mesmo, é uma parada que eu não consigo ter contigo.​

— Tudo bem — limpo a garganta — Só não esquece que a gente ama as mesmas pessoas e, mesmo que você não queira, somos aliados — olho pra ele.

— Tô ligado — ele concorda com a cabeça — aliados nós somos desde que nascemos​​, isso aí nunca vai deixar de ser​​.

Encosto minhas costas no sofá acompanhando com o olhar os passos dele até a porta, ele passa pelo portal e puxa a maçaneta, fechando a porta atrás dele.

— Seu dindo me tira do meu juízo, sabia? — falo baixo pra bebe sonolenta no meu colo.

Fico ali com ela até a Laís descer e devolvo a filha dela, bem contrariada porque eu quero ficar com ela no meu colinho pra sempre.

— Ela é perfeita, amiga — digo, agachada próximo à poltrona — Mais linda do que a gente imaginava. obrigada pelo privilégio de poder ter sonhado e vivido essa gravidez contigo. Te admiro muito muito muito. Aprendo todo dia com você — sinto meu nariz pinicar e ela seca uma lágrima escorrendo no próprio rosto.

— Obrigada, amiga. Me sinto muito melhor por ter essas pessoas aqui, vocês não deixaram eu me sentir sozinha um segundo, isso vale de um jeito que você nem imagina.

— Não é trabalho nenhum, é uma honra conviver com você e com seus filhos incríveis — digo, sorrindo e pegando na mão dela.

— Lorena, se eu puder te pedir mais um favor — passa o dorso da mão no nariz — queria muito que você dormisse aqui, vou me sentir mais segura, pelo menos hoje.

— Claro, não tem problema nenhum, tá tudo certinho lá na comunidade, daqui a pouco o Leão chega lá.

— Você acha que o Capitão vai querer fazer mal pra gente aqui no morro? — me olha — fala a verdade.

— Ele tá fraco Laís, Jogador já tirou tudo o que ele tinha — digo firme, porque preciso que ela acredite e porque é a verdade​ ​— ​Tem gente atrás dele vinte e quatro horas por dia, tanto no rio quanto fora, a gente tá perto de acabar com isso tudo. O inferno vai acabar em breve. Por enquanto, a gente só precisa que você tente lembrar se, de alguma forma, por um descuido, você disse pra alguém sobre a maternidade.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora