Capítulo 120 - Kemily

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Capítulo 120 - Kemily

Guardo o gloss dentro do bolsinho de fora da bolsa e me olho no espelho antes de sair do quarto. Tô gata.

— Vai sair Kemily? Vai pra onde assim igual uma menina da vida se não tem baile funk aqui hoje? — Minha mãe pergunta do corredor.

— A senhora não quer saber, mãe. Não volto hoje, to de plantão. Deixei o dinheiro da feira em baixo da santa lá no quarto da senhora, qualquer emergência, eu deixei avisado com a Rapunzel que ela pode dá uma ajuda a senhora e depois descontar do meu salário.

— O dia que eu me enfiar numa boca de fuma pra pedir dinheiro pra traficante, pode me internar — ela resmunga e eu dou de ombros.

— Tudo bem, mãe. A senhora que sabe, a minha parte, eu tô fazendo.

— Contra meu gosto — ela vira pra voltar pra cozinha — Só volte viva, por favor. Se você morrer, eu te ressuscito só pra te matar de novo.

(...)

— Bora, Chocolate — Jogador levanta do sofá e chama meu namorado — Bora lá fora que eu vou terminar de te passar os últimos comandos antes de vocês irem.

Diego me dá uma piscadinha e sai da casa atrás do patrão, fazendo eu e Princesa rir do jeitinho dele.

— Sendo você minha maior ídola — viro pra minha chefe, olhando o rosto e depois a barriguinha dela — Seu filho vai ser o que meu?

— Seu futuro fã — ela sorri e passa a mão na barriga — Tá confiante?

— Ansiosa.

É realmente o que eu sinto: ansiedade. Não é que eu esteja com medo nem 100% calma, só quero tá na missão logo.

— Tu já teve outras grandes responsabilidades, mas é a primeira vez só tu e ele — ela aponta com a cabeça pra porta e apoia os braços na coxa.

— Não muda muita coisa.

— Muda que nessa situação ele é o chefe — ela estuda meu rosto, buscando firmeza e eu tento transparecer — Tu vai ter que agir de acordo com a conduta dele. Obedecer a ele.

— Eu tô ligada — levanto da cadeira de frente pro sofá — Não vou vacilar em obedecer, só não deixa ele ouvir isso — sorrio e jogo o cabelo liso pra trás

— Disciplina, ele mandou, tu faz — aponta pra mim e eu concordo, mandando beijo pra ela e pro neném antes de sair de casa.

— Eu não decepciono nunca, chefa.

Eu e Chocolate saímos do morro uns quinze minutos depois e seguimos de moto por um caminho longo até encontrar um comboio com duas motos a três quadras da comunidade rival.

— Satisfação, rapaziada — Chocolate tira o capacete e eu solto a cintura dele, tirando o meu também.

Apoio uma mão no ferro da moto e a outra uso pra carregar o capacete que só usamos quando estamos na pista.

Nós trocamos papo rápido com os caras. Eles são parceiros do Joel, um homem que o Jogador fez aliança lá no Paraguai assim que a Princesa engravidou. Palavras do Diego, vulgo Chocolate.

Fizemos exatamente o definido, entramos na Vila Aliança com eles e passamos suave pelas barreiras. O cara parece ser tratado como morador aqui, com respeito, mas sem cerimônia.

A comunidade tá movimentada e parece ter muita gente da pista também, aliviando um pouco o meu coração.

Chocolate pega a minha mão quando descemos da moto e caminhamos até a quadra onde o som tava estourando.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora