Capítulo 12

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Capítulo 12 - Pov Princesa
Cpx do Alemão, Rio de Janeiro
Domingo, 11:45

Acordo com uma dorzinha na cabeça por causa do Whiskey de ontem e decido tomar um banho pra lavar meu cabelo. Abro meu armário e escolho shorts jeans e cropped, acredito que vou ficar apenas em casa.

Tomo banho e passo um creme nas minhas pernas. Quando retiro a toalha da cabeça, vejo meu celular vibrando em cima da bancada do banheiro com uma ligação do Dedé.

Ligação on
Princesa: Bom dia, flor do dia — atendo a ligação apoiando o celular entre a orelha e o ombro enquanto penteio o cabelo.
Dedé: Porra, finalmente me atendeu nessa porra.
Princesa: Tá carente, Denilson?
Dedé: Tô sozinho, fora da minha comunidade e tentando entender o que esses filho da puta falam em espanhol.
Princesa: Quando tu voltar vai ser um pagode no seu Valdir atrás do outro.
Dedé: eu vou é brotar aí no alemão pra curtir o baile com a tropa do Sábio
Princesa: Só luxo, tá? Passei a noite toda bebendo Buchanan's na conta do Jogador.
Dedé: Esses putos tão te tratando bem?
Princesa: Tão sim, mas é engraçado estar em um lugar que você não tem muita intimidade com ninguém —  guardo o pente e vou sentar na cama.
Dedé: Quando eu voltar vou pedir pro Capitão me mandar pra te fazer companhia.
Princesa: Relaxa, tá sendo uma experiência boa. Como tá ai?
Dedé: Ontem encontrei com um fornecedor, não tô entendendo a estratégia do seu pai não, se tudo for como ele planeja, vai ser a maior carga de drogas e armas que a Penha já viu.
Princesa: Ué tá reclamando do nosso progresso?
Dedé: Po, to feliz pra caralho com a meta que eu vou ganhar, mas no começo eu até tava pensando que ele ia dividir a carga aí com o Alemão ou com outro morro aliado.
Princesa: Sei lá, meu pai é cascudo, ele sabe o que faz.
Dedé: To ligado. Deixa eu ir lá, Princesinha, o pai aqui tá um empresário de negócios.
Princesa: Vai lá, empresário. – eu rio – Qualquer coisa liga.
Dedé: Beijuuuu – ele diz e desliga

Ligação off.

Desço as escadas em direção a cozinha, tô morrendo de fome. Jogador e outro cara conversam na sala, dou bom dia e sigo pra cozinha.

Abro a geladeira, pego dois ovos e suco de uva. Decido comer só isso, já que está quase na hora do almoço. Faço os ovos mexidos e sento na cadeira alta, apoiando o prato e o copo na bancada da cozinha.

— Aí mais tarde vou precisar fazer uma cobrança lá na pista — jogador fala apoiando do outro lado da bancada — Tava pensando em tu ir comigo.

— De boa — eu presto atenção no que ele diz enquanto como meus ovinhos — Qual é a situação?

Sei que pro jogador ir em pessoa lá cobrar o sujeito, boa coisa não deve ser, isso não tá nas atribuições de um sub geralmente.

— Semana passada esse cara tava aqui, num barraco — ele pega meu copo e toma um gole do suco, abusado — agora descobrimos que o palhaço mora num condomínio na barra da tijuca.

— Quanto ele deve?

— Trinta mil.

Caralho, como deixaram a dívida chegar nesse tamanho?

— Eu falei pro Sábio semana passada "Sábio, vamo passar esse cara, isso vai dar uma dor de cabeça fodida" — ele diz como se tivesse lendo meu pensamento — mas eu falar e o vira-lata caramelo que fica lá na frente da boca cagar é a merma coisa.

eu rio bebendo suco.

— Nós vai pegar ele num bar lá perto da praia hoje, tô ligado que ele vai tá lá — eu concordo com a cabeça — Aí eu pensei em tu atrair o cara e nós dá um apavoro nele.

— Beleza, que horas vamos sair?

— umas oito horas — ele diz desencostando da bancada — fé aí, vou lá na boca. — ele vira as costas e vai embora.

Eu fiz poucas cobranças na minha vida, todas escondidas do meu pai com o Dedé. Esse é um tipo de adrenalina que eu gosto, mas acabei focando muito mais na parte estratégica do morro. Já participei de muitas invasões, só que os corres na pista nunca foram os planos do meu pai pra mim.

Eu entendi a ideia do Jogador, vou ter que colocar a beleza pra jogo.

(...)

Olho no painel do carro e são 20:45, estamos dentro do carro todo insufilmado e estacionado do outro lado da rua do bar.

— Isso tá lotado, Jogador — eu digo olhando na direção do bar e vendo o movimento do domingo a noite. 

— Caralho, eu to num ódio desse filha da puta — ele bate os dedos no volante — Vamo fazer o seguinte: tu atrai ele pro banheiro que eu vo tá lá esperando.

— Tá doido, Jogador? — eu desvio o olhar do bar pra ele — se der alguma merda vai ficar muito explanado.

— E daí, po! — ele levanta uma sobrancelha — Quero a porra do dinheiro e deu.

Eu olho pra baixo vendo minhas unhas feitinhas dentro do salto branco que eu to usando.

— Vou levar ele pro motel que tem aqui na rua de trás e tu chega depois, pedindo um quarto,  vou me certificar que a porta esteja aberta.

— Motel não dá, tem circuito de segurança — ele nega.

— Esse não tem — eu abro minha bolsa e pego meu gloss

— Como tu sabe? — Ele levanta uma sobrancelha e eu dou um sorriso safado passando o gloss.

BW é foragido, então ele procurou saber dessas coisas antes de me levar uma vez. Esse motel é conhecido por receber vários políticos e empresários ricos que certamente não frequentam as suítes com suas esposas, por isso não tem câmeras.

— E tu vai ficar sozinha com o cara esse tempo todo? — Eu olho pra ele com cara de tédio.

— Qual o problema?

— Se alguma coisa der errado, tu não vai conseguir correr com esse salto— ele segue o olhar do final da minha saia até o salto e depois olha pra mim.

— Jogador, respeita a minha história — eu cruzo os braços.

Não sei o que me ofende mais, ele pensar que eu vou ter que correr ou que eu não sei correr de salto alto.

— Me manda a sua localização no Whatsapp — ele diz soltando o ar pelo nariz, se dando por vencido. — assim que tu chegar lá, tu me fala o número da suíte.

Eu concordo, me viro pegando a minha bolsa no banco de trás do carro e vou saindo do carro, mas o Jogador me segura.

— Lorena, se der merda tu dá um tiro na cara desse filha da puta — ele fala me olhando enquanto segura meu braço.

— Fica suave ai — eu dou um sorrisinho, pronta pro crime. Literalmente.

Eu atravesso a rua, entrando no bar procurando suavemente o cara. Acho esse velho feio, sentado na bancada, bebendo um chopp. Sento próximo a ele e peço um chopp também, percebo pela minha visão periférica que ele levanta a cabeça ao ouvir minha voz, olha meu rosto e depois minhas pernas. Nojento.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora