Capítulo 48

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Capítulo 48 – Pov Loren​a

Termino de ajeitar o chantilly por cima da banoffe e coloco na geladeira. A tia do Pikachu faz questão de fazer tod​a a parte salgada da ceia, parece que já é uma tradição, Lais disse que sempre oferece ajuda pra fazer ou contratar alguém, mas ela fica chateada se não fizer. Ela ajuda bastante o Jogador aqui na casa, arruma e faz comida pra ele e os meninos ajudam ela financeiramente.

— Me leva em casa? — ando até o sofá onde jogador luta para embrulhar os presentes do Luquinhas

Única criança numa família de traficantes, imagina o quanto de presentes por natal esse menino deve receber.

— Porra — ele tenta tirar a fita durex que colou errado — Tinha missao mais fácil que essa daqui nao?

— Não acredito que tu não fez essa merda ainda — digo e ele me olha de cara feia.

Pego a caixa da mão dele e retiro o embrulho pra colocar de novo.

— Tá fechado lá o esquema do Capitão, já — ele olha o celular — Vamo ter que ficar separado hoje mesmo?

— Quero ter que dar satisfação pra ninguém hoje não, sou mulher adulta já.​

— Tu é adulta, eu sou adulto, não tem porque esconder isso, Loren​a

— Não é esconder, amor — paro de embrulhar e olho pra ele — Só não sinto que é a hora certa pra ter esse papo com ele. Semana que vem a gente dá um pulo lá na Penha e conversa.​

— To de acordo com essa porra não — ele cruza os bracos

— É? — olho pra ele com sobrancelha erguida e prendo o riso, segurando a palavra que tá na pontinha da minha língua.​

— Fala a palavra que tu tá pensando pra tu ver se eu não te quebro na porrada. Respeita bandido, porra — ele aponta pra mim, fingindo uma carinha de puto.

— Foda-se — digo dando de ombros e ele puxa meu cabelo de leve.

— Vou te deixar careca — beija meu pescoço.

— Vai ter que peitar minha tropa — digo rindo.

(...)

Pretinho abre o portão da casa do Sábio pra mim, que entro segurando dois doces mais o presente do Lucas e Cecília vem logo atrás. Olho pra lateral da casa e reconheço alguns soldados do meu pai. Nos cumprimentamos e vou pra cozinha, vendo tia Solange ajeitando algumas coisas.

— Tia Solange, onde a gente coloca esses doces? — Cecília pergunta.

— Vamos colocar na geladeira.

Colocamos doces no lugar e a Cecília vai entregar o presente do luquinhas. Olho pra Tia que tá com uma carinha murcha, colocando arroz numa travessa de vidro. Passo o braço pelo ombro dela e encosto as nossas cabeças.

— Não fica com essa carinha, tia.

— Marlon queria que eu passasse o natal na casa da outra lá, longe dos meus sobrinhos — ela coloca a colher na pia — Aquela mulher quer acabar com a vida dele, mas ele não vê, tá cego. Brigou com o Jogador, melhores amigos desde criancinha e brigando por causa de mulher.

— Pikachu tem um bom coração, tia Solange, eu com pouco tempo já percebi isso. Tá aprendendo a gostar de alguém, daqui a pouco passa — digo tentando amenizar a dor dela.

— Vai passar — ele passa a mão pra limpar uma lágrima que cai — porque eu, na minha autoridade de quem criou ele como filho, já disse pra Deus que é pra abrir os olhos dele, mesmo que seja na dor.

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora