Capítulo 117

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Capítulo 117 – Jogador

— Mas foi assim do nada que aconteceu? — Pikachu franze a testa — Ela tava há tempos sem contato com o filho da puta e do nada brotou os caras na casa dela e levou a criança embora.

— Foi o papo que ela mandou — Desvio o olhar dele até a Lorena, sentada do meu lado, passando a mão na barriga — Que tinha se envolvido com o Capitão, teve filho dele e agora tava desesperada porque entraram no barraco dela e tiraram a criança dela.

Papo reto, desde o dia que eu soube que seria pai, a ideia de alguma coisa desse tipo acontecer com o meu filho perturba a minha mente.

Sábio sempre disse que quando eu tivesse filho e mulher, ia entender as atitudes dele. Eu entendi o meu irmão e a conduta que ele adotou. Foram mais de cinco meses calculando cada passo na maior calma possível pra não atingir a minha família e não adiantou porra nenhuma.

Sábio conseguiu proteger a família dele com essa calma, mesmo tendo ele mesmo o fim que teve, nada respingou na Laís ou nas crianças. Mas comigo a calma não adianta. Não quando eu peguei pra mim a única coisa boa que o arrombado fez na vida.

Na minha mente, o inferno não vai parar de perseguir a gente enquanto o filho da puta do Capitão não estiver a sete palmos do chão. Já disse isso diversas vezes. Enquanto me pedem calma, ela tá dando volta e pintando com a nossa vida como se eu fosse a porra de um palhaço.

Não tá certo isso. O cara tirou onda com a cara do meu pai, com o meu irmão e agora tá tirando uma comigo e com a minha mulher. É um filho da puta obcecado pela minha família e eu não vou deixar que o nosso neném nasça num mundo onde esse cara tá vivo.

— Eu ouvi a mulher mil vezes já — Pretinho coçou a cabeça e colocou o celular na mesa, antes de explicar — Todas as vezes que eu perguntei depois que ela viu a Princesa, ela contou a mesma história. Sem tirar nem pôr.

— E qual foi a história? — Rapunzel pergunta, amarrando as tranças num coque no alto da cabeça — Não é possível que a gente não esteja deixando passar nada.

— Disse que tava em casa estendendo a roupa no varal enquanto o molequinho tomava banho de mangueira na área. Diz ela que fazia dois dias que não colocava o pé fora de casa porque depois que o Capitão parou de bancar ela e o menino, ela teve que se mudar pra um barraco menor e tava colocando tudo em ordem lá. Foi aí que os caras entraram na casa dela e levaram o moleque, ainda mandaram o papo que trabalhavam pro Capitão.

— Porra, se uma parada dessa aconteceu dentro da favela e o frente fez porra nenhuma, é porque tão fechado mermo com o filho da puta — Pikachu balança a cabeça de leve, olhando pro Pretinho e depois pra mim.

— O frente da favela disse que o Capitão tava no direito de pai — Pretinho diz e eu solto um risinho amargo.

Pai. Esse fudido não sabe o que significa essa palavra.

—Não tem como saber se essa mulher tá falando a verdade — Rapunzel solta a mão do Leão e se apoia na mesa — Porra, eu não confio, todo mundo já sabe que a Lorena tá grávida e essa história de criança ia ser a maneira fácil de atingir ela.

Eu não consigo pensar em nada.

Apoio meus cotovelos nos joelhos e abaixo a cabeça tentando organizar as ideias dentro da cabeça. Essa parada pode ser verdade, eu não duvido, mas também pode ser pilha da mulher, se ela for fechada com ele.

— Achou alguma coisa ai, cabeça? — Pikachu questiona o moleque com a cara enfiada no computador.

— No facebook ela tem uma porrada de foto com uma criança pequena — ele diz virando o computador pra mim — Qual o nome do moleque? Ela falou?

Sonho dos crias [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora